Decisão do ministro Alexandre de Moraes cita Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli e Alexandre Ramagem para embasar a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, ocorrida em 22/11/2025, devido a risco de fuga e violação de medidas cautelares.
Os nomes dos deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ) foram citados na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para embasar a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), realizada neste sábado, 22. A prisão é uma medida cautelar para evitar risco de fuga.
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"É importante destacar que o corréu Alexandre Ramagem Rodrigues, a sua aliada política Carla Zambelli, ambos condenados por esta Suprema Corte; e o filho do réu, Eduardo Nantes Bolsonaro, denunciado pela Procuradoria-Geral da República no Supremo Tribunal Federal, também se valeram da estratégia de evasão do território nacional, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal", escreveu Moraes.
Ramagem, inclusive, foi condenado na mesma ação penal que Bolsonaro. Na sexta-feira, 21, Moraes pediu a prisão preventiva do deputado após receber indícios de que ele teria fugido para os Estados Unidos.
Já Zambelli está presa na Itália desde julho deste ano. A parlamentar está no exterior desde que foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em maio passado, a dez anos de prisão. E o filho do ex-presidente, Eduardo, está nos Estados Unidos desde março, quando anunciou um "autoexílio" no país.
Antes da menção aos políticos bolsonaristas, o ministro listou os motivos que levaram a crer que o ex-presidente tinha um plano de fuga em ação. Na madrugada deste sábado, a Polícia Federal informou ao STF ter detectado uma violação na tornozeleira eletrônica de Bolsonaro por volta da 0h08.
Além disso, estava marcada para o início da noite deste sábado uma "vigília" convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente ao condomínio do ex-presidente.
"O tumulto causado pela reunião ilícita de apoiadores do réu condenado tem alta possibilidade de colocar em risco a prisão domiciliar imposta e a efetividade das medidas cautelares, facilitando eventual tentativa de fuga do réu", diz o documento.
O ministro frisou que o condomínio de Bolsonaro em Brasília fica a cerca de 13 km da Embaixada dos Estados Unidos, um possível local de fuga temporária. "Rememoro que o réu, conforme apurado nestes autos, planejou, durante a investigação que posteriormente resultou na sua condenação, a fuga para a embaixada da Argentina, por meio de solicitação de asilo político àquele país", escreveu.
O que diz a defesa de Bolsonaro?
Em nota, a defesa afirmou que a prisão preventiva "pode colocar sua vida em risco" por causa de seu estado de saúde e disseram que irão apresentar recurso contra a decisão. Os advogados dizem que "causa profunda perplexidade" a motivação da prisão por causa da convocação de uma vigília de orações na casa do ex-presidente.
Eles também rebateram a suspeita de risco de fuga citada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e afirmam que ele estava sendo monitorado por policiais e foi detido com sua tornozeleira eletrônica.
Veja o comunicado na íntegra:
"A prisão preventiva do ex-Presidente Jair Bolsonaro, decretada na manhã de hoje, causa profunda perplexidade, principalmente porque, conforme demonstra a cronologia dos fatos (representação feita em 21/11), está calcada em uma vigília de orações. A Constituição de 1988, com acerto, garante o direito de reunião a todos, em especial para garantir a liberdade religiosa. Apesar de afirmar a “existência de gravíssimos indícios da eventual fuga”, o fato é que o ex-Presidente foi preso em sua casa, com tornozeleira eletrônica e sendo vigiado pelas autoridades policiais. Além disso, o estado de saúde de Jair Bolsonaro é delicado e sua prisão pode colocar sua vida em risco. A defesa vai apresentar o recurso cabível."