Criminalista aponta fragilidade do STF em voto de Fux sobre trama golpista e vê novos caminhos para Bolsonaro

'O STF deixou de ser parâmetro para os estudantes de Direito', disse o especialista Jaime Fusco

11 set 2025 - 04h59
Resumo
Criminalista criticou o voto de Luiz Fux no STF, apontando fragilidade na Corte, favorecimento da defesa de Bolsonaro e impacto negativo na segurança jurídica e na referência acadêmica do tribunal.
Luiz Fux durante 3º dia de julgamento de Bolsonaro
Luiz Fux durante 3º dia de julgamento de Bolsonaro
Foto: Rosinei Coutinho/STF

O ministro Luiz Fux cumpriu o aviso e foi voz destoante até o momento na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o julgamento da ação que investiga Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus, votando pela absolvição completa do ex-presidente e mais cinco réus, ao contrário da manifestação do relator Alexandre de Moraes, que foi acompanhada por Flávio Dino, e que condenou todos os envolvidos. No entanto, apesar da expectativa, o tom do magistrado gerou críticas entre juristas.

Para o criminalista Jaime Fusco, a manifestação, que durou quase 14 horas, fragilizou a Corte e abriu espaço para novos caminhos para Bolsonaro. "Bolsonaro consegue com isso demonstrar para seu eleitorado que é vítima de uma perseguição perante alguns ministros da primeira turma do STF; O referido voto divergente sobre incompetência da corte em julgar Bolsonaro legitima seu discurso político de vítima da parcialidade de ministros indicados por desafetos políticos", afirmou ao Terra.

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Diante do fortalecimento da narrativa promovida pela defesa, o advogado analisa que o ex-presidente pode recorrer da decisão, inclusive no Tribunal Internacional de Direitos Humanos. 

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Enfraquecimento do STF

O ponto de alerta fica para as frequentes mudanças do STF em seus posicionamentos, o que considera prejudicial para a segurança jurídica. "Agora, para o direito, na minha visão, demonstra essa incongruência do Supremo Tribunal Federal, que toda hora muda", avaliou Fusco. 

O defensor lembrou que a Corte já alterou entendimentos em momentos decisivos, como no debate sobre prisão em segunda instância, o que acabou beneficiando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Mais uma vez, o tribunal que já tinha rejeitado as preliminares, que já tinha rejeitado quando recebendo a denúncia, a questão da competência, ele mostra novamente uma modificação do seu entendimento."

Ao reforçar a incompetência do STF para julgar o caso, já no momento do julgamento, sendo que votou pela tramitação, o ministro também abre espaço para o entendimento de que o STF é político. Na visão do criminalista, esse cenário fragiliza a autoridade do Supremo como referência.

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"O Supremo Tribunal Federal deixou de ser um órgão que a gente pode estudar pela jurisprudência, porque a jurisprudência dele é muito volúvel. Eles demonstram uma fragilidade muito grande"

Fusco defende que, com o discurso do ministro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) se sobressai em relação ao STF. "O Superior Tribunal de Justiça se tornou um tribunal muito mais técnico do que o STF, que virou um tribunal altamente político", avaliou.

"O Supremo Tribunal Federal deixou de ser parâmetro para os estudantes de Direito"

Fusco também comentou a forma como Fux estruturou o voto, repleto de referências a juristas como Cesare Beccaria e Luigi Ferrajoli. "Tomara que ele continue aplicando o Direito, como ele nunca aplicou. Ele nunca citou os autores que ele cita", observou.

Para o advogado, a expectativa é de maior consistência nos próximos passos do julgamento. "Então, a gente espera que ele mantenha a coerência, ele e os demais", concluiu.

Fonte: Redação Terra
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