'Sabatina' com advogado americano, transferências e mais: as provas da PF para indiciar Bolsonaro e Eduardo

Para os investigadores, pai e filho estariam atuando "de forma subordinada a interesses de agentes estrangeiros"

21 ago 2025 - 10h39
(atualizado às 10h50)
Resumo
A Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro, apontando indícios de colaboração com interesses estrangeiros, com base em provas como mensagens com advogado americano, transações financeiras atípicas e documentos apreendidos.
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No relatório de 170 páginas que justifica o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, Eduardo, a Polícia Federal (PF) elenca uma série de provas de que os dois estariam atuando "de forma subordinada a interesses de agentes estrangeiros" para conseguir alterar o rumo do processo em andamento contra o ex-mandatário por tentativa de golpe de Estado

Entre as provas estão:

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Sabatina

A Polícia Federal detalhou ter encontrado, quando cumpriu a busca e apreensão na casa do ex-presidente, uma folha solta com perguntas numeradas de 12 a 28. As questões, que parecem direcionadas a Bolsonaro, tratam de temas como o processo judicial do qual ele é alvo, o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a estratégia de Bolsonaro para as eleições de 2026, podendo ou não ser candidato. 

Folha encontrada com perguntas direcionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro
Folha encontrada com perguntas direcionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro
Foto: Reprodução/Relatório PF

Para os investigadores, tal documento mostra que Bolsonaro e Eduardo estavam alinhados "ao atendimento de pretensões externas, com fortes indícios de repasse de dados estratégicos quanto a possíveis cenários de natureza eleitoral e política em troca de apoio internacional para consecução de seus fins ilícitos".

A folha avulsa encontrada não traz informações sobre quem seria o advogado que pediu aquelas informações a Bolsonaro. Mas a PF acredita que pode haver uma relação com o advogado da Rumble, Martin de Luca, com quem o ex-presidente trocou muitas mensagens por WhatsApp. 

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Conversas com Martin de Luca

No contexto das conversas, Bolsonaro pedia orientações sobre o que publicar com relação ao tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump sobre o Brasil. 

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“Martin, peço que você me oriente também, me desculpa aqui tá, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Tá certo? Com quatro pequenos parágrafos, boa, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade tá muito acima da questão econômica. A perseguição a meu nome também, coisa que me sinto muito... pô fiquei muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa fazer aqui, botar nas minhas mídias, pra chegar a vocês de volta aí. Obrigado aí. Valeu, Martin", disse o ex-presidente em um áudio a De Luca. 

A PF também mostrou que o advogado da Rumble criou um perfil no X em fevereiro deste ano, mesmo momento em que a plataforma ingressou com uma ação contra Moraes. As publicações feitas por De Luca se restringiam a atacar o ministro do STF. 

"A adesão subjetiva por interesses comuns entre os investigados se materializa nas ações de ataques ao Poder Judiciário brasileiro, evidenciado pelo desvio de finalidade da pretensão formulada em ação judicial no exterior, bem como no prévio ajuste de conteúdos a serem publicados em redes socias contra membros do STF", afirma o relatório. 

Transações atípicas de dinheiro

Jair Bolsonaro, enquanto ainda era presidente, acompanhado do filho, Eduardo
Foto: Marcos Correa/PR

O documento também menciona uma transação atípica de R$ 2 milhões feita por Bolsonaro para Eduardo, em maio, três meses após a saída do deputado do Brasil. A PF mostra que era comum que o ex-presidente fizesse transferências financeiras para o filho, mas em valores muito menores. Antes desta de R$ 2 milhões, Bolsonaro havia enviado a soma de R$ 111 mil ao longo de 2025 a Eduardo.

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Da mesma forma, o ex-presidente teria feito várias conversões de real para dólar em casas de câmbio, mesmo sabendo que não poderia deixar o País. Para os investigadores, isso é indício de que Bolsonaro estaria tentando se desfazer dos recursos financeiros que tinha em sua posse imediata, "bem como evitar possíveis medidas judiciais que limitassem e/ou impedissem de consumar o intento criminoso de apoiar financeiramente as ações do parlamentar licenciado no exterior".

Fonte: Redação Terra
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