Alexandre de Moraes, ministro do STF, afirmou que bloqueios da PRF no 2º turno de 2022 evidenciam tentativa golpista liderada por Bolsonaro para dificultar votações, especialmente no Nordeste.
Durante seu voto na ação que julga ‘núcleo crucial’ da trama golpista, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, apontou que os bloqueios realizados por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia do 2º turno das eleições presidenciais mostram ‘absurdo e desespero’ dos envolvidos na tentativa de golpe.
No julgamento nesta terça-feira, 9, o relator do processo até menciona que a decana da Primeira Turma do STF, a ministra Cármen Lúcia, estava com ele no dia, no Tribunal Superior Eleitoral, quando vídeos foram veiculados sobre pessoas que estavam tendo dificuldade para chegar aos locais de votação. Segundo Moraes, há a comprovação de "ilicitude" da conduta liderada e que não houve "pudor" por parte dos envolvidos.
"A cronologia comprova a ilicitude dessa conduta liderada, porque, óbvio, a unidade de desígnios e beneficiário líder, Jair Messias Bolsonaro, com a participação de Anderson Torres, ministro da Justiça à quem a Polícia Federal está subordinada. Aqui a cronologia mostra o absurdo total e o desespero dessa organização criminosa", declarou.
De acordo com o ministro, para coordenar a ação em tais municípios, foram elaborados boletins, determinados por Torres com base nas votações do primeiro turno, em que cada candidato havia tido 75% dos votos. "Com base nisso, a PRF determinou ou alterou a sua programação e alterou o seu policiamento do segundo turno voltado aos municípios e às rodovias de acesso, principalmente no nordeste, onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva tinha obtido uma melhor votação no primeiro turno", afirmou.
Moraes relembra que, em 28 de outubro de 2022, quando era presidente do TSE, determinou que a PRF não estava autorizada a seguir esse plano, pois o órgão já havia recebido informações sobre isso. “Já demonstrava seu real viés ilícito. A PRF disfarçou, disse que não faria essa operação, mas no dia fez uma suposta operação para verificar a condição dos veículos, para que essa pessoas não pudessem chegar a esses locais de votação".
O julgamento deve ser finalizado até sexta-feira, 12. Após o voto de Moraes, devem dar prosseguimento os seguintes ministros da Primeira Turma, nesta ordem: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (presidente da Turma).