O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou dois PMs do Bope pela morte de um jovem durante uma operação na comunidade do Santo Amaro, no Catete, na Zona Sul da capital fluminense, em 7 de junho. A fatalidade ocorreu quando a incursão das forças de segurança passou por uma festa junina, onde a vítima e mais centenas de pessoas estavam reunidas.
Os agentes investigados são o primeiro-sargento Daniel Sousa da Silva e o primeiro-tenente Felippe Carlos de Souza, por homicídio qualificado por motivo fútil e mediante recurso que dificultou defesa da vítima, conforme confirmado pelo Terra e divulgado pela entidade. O homem era o office-boy Herus Mendes, de 23 anos, que foi atingido por dois tiros no quadril quando tentava sair da linha de frente dos policiais.
A ação do Bope, de acordo com a Secretaria de Estado da Polícia Militar (SEPM), foi uma "ação emergencial para checar informações sobre a presença de criminosos fortemente armados" que estariam "se preparando para uma investida de criminosos rivais visando disputa territorial na região". Em imagens que circularam nas redes, é possível ver jovens dançando quadrilha e, em seguida, correndo, com tiros ao fundo.
O tiroteio, ainda segundo a SEPM, começou porque criminosos teriam atirado contra policiais. "Não houve revide por parte das equipes", apontou a pasta. "Em outro ponto da comunidade, os criminosos atacaram as equipes novamente, gerando confronto", complementou.
De acordo com o MP-RJ, as câmeras corporais mostram que Herus não esboçou atitudes agressivas e que tentou se afastar para se proteger, estando de costas no momento em que foi atingido pelos disparos de Daniel. No caso de Felippe, a denúncia foi motivada por "omissão penalmente relevante", já que ele decidiu manter a operação mesmo após receber informações de que havia a festa junina em andamento, com grande número de moradores.
O inquérito da Polícia Militar apontou que o primeiro-sargento teria agido em legítima defesa, mas o ministério do Rio contesta e diz que essa interpretação "não encontra respaldo em nenhuma prova técnica produzida". A análise de imagens, os laudos periciais e os próprios depoimentos colhidos demonstrariam que não houve gestos ou ameaças do jovem.
Além da denúncia, o MP-RJ requereu a suspensão integral de Daniel e Felippe de suas funções no Bope e a restrição de contato com testemunhas, proibição do acesso a unidades militares e limitação de deslocamento. As medidas cautelares são motivadas para prevenir qualquer intervenção nas investigações e cita que um dos agentes tentou manipular as imagens das câmeras corporais.