O ex-delegado-geral de SP, Ruy Ferraz Fontes, foi assassinado em uma emboscada em Praia Grande; uma força-tarefa investiga o caso, considerado um possível "crime de máfia", com suspeitas de relação com ações contra o PCC e uma licitação municipal.
O ex-delegado-geral de São Paulo Ruy Ferraz Fontes, morto em uma emboscada nesta segunda-feira, 15, na Praia Grande (SP), ficou conhecido por sua atuação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC). Durante mais de 40 anos de carreira, ele comandou operações que atingiram diretamente alguns dos principais líderes da facção, como Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho.
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Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo e com especialização em Administração Pública, Ruy ocupou cargos estratégicos como diretor de diversas delegacias da Polícia Civil, até chegar ao cargo máximo da instituição, como delegado-geral. Foi considerado um dos principais inimigos do PCC e pioneiro no combate ao crime organizado em São Paulo.
Marcola, o líder máximo do PCC
Em 2006, Fontes foi responsável por indiciar toda a cúpula do PCC, incluindo Marcola, considerado até hoje o chefe máximo da organização criminosa. Na época, o governo paulista determinou a transferência das lideranças da facção para presídios de segurança máxima, o que culminou com uma série de ataques coordenados em São Paulo em resposta às autoridades.
Fuminho, o narcotraficante internacional
Outro alvo das investigações conduzidas por Fontes foi Fuminho, considerado braço logístico do PCC no tráfico internacional de drogas. Ele foi preso em 2020, em Moçambique, e posteriormente extraditado para o Brasil. Atualmente, cumpre pena na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR).
Fontes foi o responsável pela primeira grande investigação que traçou as ações de Fuminho.
Alvo do PCC
A atuação contra a facção provocou respostas dos criminosos. Em 2010, quando trabalhava no 69º DP, na Cohab Teotônio Vilela, zona leste da capital, a polícia interceptou um plano para assassiná-lo. Dois homens foram presos com um fuzil, antes de conseguirem completar a emboscada.
Assassinato em Praia Grande
Fontes, que atualmente era secretário de Administração de Praia Grande, foi atacado ao deixar a sede da prefeitura. Seguido por criminosos em uma Hilux, bateu em um ônibus durante a perseguição. Após o acidente, três homens desceram da picape e abriram fogo com fuzis. O ex-delegado reagiu, mas morreu no local.
O crime mobilizou uma força-tarefa integrada entre as Polícias Militar e Civil, com prioridade definida pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP), cercos policiais e operações integradas seguem em andamento no litoral e na capital para localizar os autores.
Ao Terra, a pasta informou que a operação integrada das polícias Civil e Militar também conta com equipes do Grupo Armado de Repressão a Roubos (Garra) e do Departamento de Operações Policiais Estratégica (Dope).
Tarcísio lamentou a morte: "O delegado aposentado Ruy Ferraz Fontes deixou um legado marcante na Segurança Pública de São Paulo. Pioneiro nas investigações contra o PCC, dedicou 40 anos à Polícia Civil".
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) divulgou nota nesta terça-feira, 16, lamentando a morte do ex-delegado-geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes, assassinado a tiros em uma emboscada na noite de segunda-feira, 15, em Praia Grande, no litoral paulista.
A entidade disse ter recebido a notícia com “indiscutível perplexidade e indignação” e destacou a trajetória de Fontes no combate ao crime organizado, especialmente ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O sindicato lembrou que, devido a essa atuação, o delegado já havia recebido ameaças da facção criminosa.
O corpo do ex-delegado foi encaminhado para o IML Central da capital e liberado para familiares.