O Sindicato dos Delegados de Polícia de São Paulo lamentou o assassinato de Ruy Ferraz Fontes, destacou sua atuação contra o crime organizado e criticou o descaso do governo estadual com a Polícia Civil, pedindo investigação rigorosa e maior valorização da instituição.
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) divulgou nota nesta terça-feira, 16, lamentando a morte do ex-delegado-geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz, assassinado a tiros em uma emboscada na noite de segunda-feira, 15, em Praia Grande, no litoral paulista.
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A entidade disse ter recebido a notícia com “indiscutível perplexidade e indignação” e destacou a trajetória de Ferraz no combate ao crime organizado, especialmente ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O sindicato lembrou que, devido a essa atuação, o delegado já havia recebido ameaças da facção criminosa.
O Sindpesp criticou ainda o que classificou como descaso do governo estadual em relação à Polícia Civil, apontando falta de investimentos, estrutura e valorização dos profissionais da instituição. Para a entidade, a morte de Fontes “escancara a forma como o Governo do Estado de São Paulo cuida de seus policiais mais dedicados” e representa “uma grande afronta às forças de segurança, à máquina pública e ao Estado de São Paulo”.
A nota também ressalta a importância da investigação rigorosa do crime para evitar que o sistema de segurança pública “caia em descrédito”. Fontes, de 63 anos, ingressou na Polícia Civil em 1988 e foi delegado-geral entre 2019 e 2022. Atualmente, atuava como secretário municipal de Administração da Prefeitura de Praia Grande.
Leia a íntegra do comunicado do Sindpesp:
"O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) recebeu com pesar, indiscutível perplexidade e indignação a notícia do bárbaro homicídio praticado contra o ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes, na noite desta segunda-feira (15/9), em Praia Grande-SP, município da Baixada Santista.
Ruy Ferraz Fontes destacou-se na carreira de delegado de Polícia como um dos principais expoentes no combate ao crime organizado, com reconhecida atuação contra a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) - o que, por outro lado, lhe rendeu histórico de ameaças de morte por parte da organização.
A ação que resultou na execução de Ruy Ferraz Fontes, o qual, há poucos anos, ocupou o cargo de comando máximo da Polícia Civil bandeirante, escancara a forma como o Governo do Estado de São Paulo cuida de seus policiais mais dedicados, ao mesmo tempo em que torna gritante a necessidade de a Polícia Civil ser melhor tratada, com efetiva valorização de seus profissionais, mais contratações e aumento nos investimentos em estrutura física e de materiais.
É, afinal, a Polícia Civil a responsável pela investigação das organizações criminosas. Por consequência, se o Governo do Estado permite que a instituição se enfraqueça, como São Paulo tem feito nas últimas décadas, o crime organizado, inevitavelmente, ganhará espaço.
Para o Sindpesp, o homicídio do ex-delegado-geral, da forma como ocorreu, revela-se uma grande afronta às Forças de Segurança, à máquina pública e ao Estado de São Paulo, não podendo ficar de maneira alguma impune, sob pena de que todo o sistema de Segurança Pública caia em descrédito.
Por fim, importante reforçar que a Polícia Civil sofreu, nesta segunda-feira, perda irreparável. Tendo iniciado a carreira na Polícia Civil em 1988, Ruy Ferraz Fontes atuou em diversos setores da instituição até ser alçado a delegado-geral, cargo que exerceu de 2019 a 2022. Com bagagem de 11 anos também na área docente, foi professor de Investigação Policial na Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
Aos 63 anos, atualmente aposentado, atuava como secretário municipal de Administração da Prefeitura de Praia Grande."