Mulher suspeita de envenenar enteados nega ter confessado crime a familiares, diz defesa

Um dos filhos disse que a mãe admitiu ter colocado chumbinho no prato de feijão, mas advogados apontam relação "conturbada" entre os dois

22 mai 2022 - 20h50
(atualizado às 21h01)
Cíntia Mariano Dias Cabral, suspeita de envenenar enteados
Cíntia Mariano Dias Cabral, suspeita de envenenar enteados
Foto: Reprodução/TV Globo

A defesa de Cíntia Mariano Dias Cabral, a madrasta presa por suspeita de envenenar dois enteados no Rio, informou que ela sustenta sua inocência. Segundo o advogado Carlos Augusto dos Santos, que atua no caso, a mulher de 49 anos nega ter confessado o crime entre familiares, conforme consta no depoimento de um de seus filhos biológicos à Polícia Civil. Os advogados planejam explorar o conflito de versões como estratégia de defesa.

Cíntia está presa temporariamente desde sexta-feira, 20, e foi mantida em cárcere pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), após audiência de custódia na tarde deste domingo, 22. Segundo Santos, o juiz da audiência de Custódia justificou que eventual revogação da prisão temporária deve acontecer no mesmo juízo que a decretou, a 3ª Vara Criminal do TJ-RJ. A defesa planeja pedir a revogação da prisão e, caso não tenha sucesso, impetrar habeas corpus na 2ª instância. Os advogados definem a prisão como "arbitrária e preciptada", e alegam que Cíntia tem colaborado com a investigação.

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Um dos filhos de Cíntia disse aos policiais que a mãe admitiu, em conversa, ter colocado chumbinho no prato de feijão servido ao enteado Bruno Cabral, de 16 anos. No depoimento registrado na 33ª Delegacia de Polícia (DP), em Realengo, zona oeste do Rio, o filho de Cíntia disse que a mãe também teria confessado o envenenamento da enteada, dois meses antes. Fernanda Cabral, de 22 anos, morreu no fim de março, dias após passar mal imediatamente depois de almoçar na casa da família. Segundo o rapaz, a mãe teria confessado que agiu por ciúmes da relação do companheiro com os filhos, Bruno e Fernanda.

Cíntia nega a versão, dizem os advogados. Santos e o sócio, Raphael Souza, que também advoga no caso, sustentam que a mulher compareceu três vezes para depor à Polícia Civil. Nas duas primeiras, sem a presença de advogados, Cíntia não confessou o suposto crime e, no terceiro depoimento, já acompanhada dos advogados, permaneceu em silêncio.

Santos diz suspeitar da motivação do filho biológico da mulher, com quem ela teria relação "conturbada". Ele sugeriu que vai usar o contexto familiar e o conflito de versões na estratégia da defesa.

"Ela prestou três depoimentos e, em nenhum momento, confessou. Ela afirma que não falou nada para o filho. Quero deixar bem claro: o filho que a acusa tem problemas com ela", diz o advogado. O Estadão não conseguiu contactar os demais integrantes da família.

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Ainda segundo Santos, a perícia realizada pela Polícia Civil em restos do feijão recolhido na casa de Cíntia, na segunda-feira, 16, não teria detectado nenhuma substância tóxica. Questionado sobre o resultado de exames aos quais o enteado de Cíntia, Bruno, foi submetido após passar mal, que acusaram níveis altos de chumbo no organismo, o advogado afirmou que não teve acesso a esses laudos, ainda não adicionados ao inquérito. Procurada, a Polícia Civil do Rio informou que o resultado das perícias realizadas pela Polícia serão divulgados nos próximos dias.

A Polícia Civil também informou que as investigações continuam na 33ª DP, de Realengo, e que os agentes "pretendem pedir à Justiça a exumação do corpo da enteada Fernanda Cabral para análise no Instituto Médico Legal (IML)". A Polícia ainda confirmou que a delegacia apura possível envolvimento de Cíntia em outras duas mortes, a do ex-marido e de uma vizinha. Santos rechaçou essa possibilidade, ao dizer que o ex-marido de Cíntia morreu devido a um acidente vascular cerebral hemorrágico "devidamente comprovado". O advogado afirmou desconhecer o caso da vizinha.

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