Cabral é alvo de novo protesto após comissão de atos de vandalismo

Manifestantes querem a ilegalidade do decreto que institui a Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo no Rio

31 jul 2013 - 17h06
(atualizado às 19h47)
O protesto era acompanhado por cerca de 50 policiais, por advogados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e por advogados dos manifestantes
O protesto era acompanhado por cerca de 50 policiais, por advogados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e por advogados dos manifestantes
Foto: Ale Silva / Futura Press

Cerca de 100 manifestantes se concentraram na tarde desta quarta-feira na Cinelândia, região central do Rio de Janeiro, para protestar novamente contra o governador do Estado, Sérgio Cabral. Eles pretendiam ir ao Ministério Público (MP) para pedir a ilegalidade do decreto de Cabral, que institui a Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo. Pouco antes das 19h, a PM já estimava qua havia 700 participantes em marcha.

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Além disso, eles querem pedir Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) da Copa, da Delta e dos helicópteros, além de solicitar que o MP se posicione claramente sobre os movimentos. Eles carregavam faixas contra o Estatuto do Nascituro, a chamada bolsa-estupro, que defende a alteração do Código Penal brasileiro para considerar o aborto como crime hediondo, proibir em todos os casos, além de proibir o congelamento, descarte e comércio de embriões humanos, com a única finalidade de serem suas células transplantadas em adultos doentes. 

"A pretensão é ser recebido pelo procurador-geral do MP, Marfran Vieira, e entregar nossas reivindicações. Lo que o pessoal do Anonymous disse que nós nos escolhemos, o que é mentira, não sou líder de nada. Participo quando acho que vale à pena. Se alguém vem mascarado, tem todo o direito, pois quem vem mascarado pode não fazer nada e quem vem sem máscara pode vir disposto a tudo", disse o biólogo marinho Pedro Mattos, 25 anos, de Niterói (RJ).

A estudante de Ciências Sociais Mariana Rio, 24 anos, espera que o MP concorde com as exigências. "Sou do Fórum de Lutas e todos podem participar, até partidos políticos, tanto que temos um representante do PSTU escolhido. Esperamos que o MP concorde com nossas exigências, mas vamos seguir nas ruas,  apoiando outros movimentos. Cabral está com medo e perdendo apoios".O protesto era acompanhado por cerca de 50 policiais, por advogados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e por advogados dos manifestantes. Além disso, defensores estarão de plantão na porta da 5ª Delegacia, no centro do Rio, para o caso de algum manifestante ser preso. Depois de passar pelo Ministério Público, o protesto vai marchar em direção à Assembleia Legislativa do Rio, que está de recesso e volta ao trabalho a partir de amanhã.

Pouco antes das 18h, começou a marcha em diração ao MP e policiais passaram a revistar mochilas de mascarados. Os manifestantes gritavam: "Cabral é ditador, revista o P2", se referindo aos agentes inflitrados nos protestos. Outros gritos ouvidos eram "Não aguento mais, Sérgio Cabral e Eduardo Paes" e "Ei, PM, cadê o Amarildo". O grupo Anonymous toma a frente da manifestação, que caminha pela avenida Rio Branco, escoltada pela polícia. 

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Mais cedo o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse que a polícia está aprendendo pouco a pouco a lidar com as manifestações. "Os protestos eram algo novo há até bem pouco tempo e a polícia está aprendendo. Ela já está se comportando de uma maneira melhor, ainda tentando encontrar o limite, uma linha que é bem tênue e complicada”, disse ele.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado.

Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

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A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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