Após criticar operação no Rio, professora sofre ameaças e pede proteção a ministério

Antropóloga da UFF é alvo de ataques virtuais e acusa parlamentares de incitar hostilidade após críticas à Operação Contenção

3 nov 2025 - 22h57
(atualizado às 23h05)
Jacqueline Muniz foi uma voz ativa entre os comentários especializados da operação
Jacqueline Muniz foi uma voz ativa entre os comentários especializados da operação
Foto: Reprodução

A professora Jacqueline Muniz, do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), pediu ingresso no Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), após sofrer uma série de ameaças e ataques nas redes sociais. O pedido foi protocolado nesta segunda-feira, 3, segundo a coluna da Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

A antropóloga passou a ser alvo depois de criticar publicamente a Operação Contenção, realizada pela Polícia Militar nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes. Desde então, ela relata ter sido perseguida e exposta nas redes.

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Em uma das situações, Jacqueline contou que foi fotografada enquanto almoçava em um restaurante, e as imagens foram compartilhadas com ofensas e incitações à violência. "Dá uma pedrada nela", escreveu um usuário. A professora afirma que as ameaças têm sido incentivadas por parlamentares, citando os deputados Gustavo Gayer (PL-GO) e Nikolas Ferreira (PL-MG).

Muniz foi entrevistada por diversos jornais em meio à operação. Em artigo publicado no Brasil de Fato, a professora afirmou: "O uso politiqueiro, banalizado e desordenado das operações policiais -- um recurso caro e nobre que produz repressão qualificada e com foco -- gerou o próprio esgotamento da capacidade repressiva das polícias militar e civil, que passam a ser incapazes, a curto e médio prazos, de sustentar resultados da repressão que elas mesmas produziram."

O pedido de inclusão no programa federal foi formalizado pelo gabinete do vereador Leonel de Esquerda (PT), que coordena a Comissão de Favelas da Câmara Municipal do Rio, e pelo advogado Carlos Nicodemos, conselheiro do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), ainda segundo a coluna.

O Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH) oferece assistência e medidas de segurança a pessoas ameaçadas em razão de sua atuação. O processo de ingresso é sigiloso, e os casos são avaliados individualmente pelo Ministério dos Direitos Humanos.

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Terra busca contato da professora.

Fonte: Portal Terra
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