Ana Maria Gonçalves toma posse na ABL e se torna primeira mulher negra a ocupar cadeira na instituição

A autora de “Um Defeito de Cor” substituiu o gramático Evanildo Bechara

7 nov 2025 - 22h57
(atualizado às 23h00)
Resumo
Ana Maria Gonçalves tomou posse na cadeira 33 da ABL, tornando-se a primeira mulher negra na instituição, destacando em seu discurso a importância da diversidade e da promoção da literatura brasileira.
Ana Maria Gonçalves toma posse na ABL e se torna primeira mulher negra a ocupar cadeira na instituição
Ana Maria Gonçalves toma posse na ABL e se torna primeira mulher negra a ocupar cadeira na instituição
Foto: Reprodução/Instagram

A escritora mineira Ana Maria Gonçalves, de 54 anos, tomou posse nesta sexta-feira, 7, na cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ela é a primeira mulher negra a ocupar uma vaga na história da instituição, sucedendo o gramático Evanildo Bechara, que morreu em maio deste ano.

A cerimônia ocorreu no Petit Trianon, sede da ABL, no Centro do Rio de Janeiro. Ana Maria foi recepcionada pela historiadora Lilia Schwarcz, que destacou em seu discurso que a noite era “histórica”. Em seguida, recebeu o colar e o diploma de membro efetivo das mãos de Ana Maria Machado e Gilberto Gil.

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Em sua fala, a escritora fez um agradecimento aos pais, familiares e os imortais que ocuparam a cadeira antes dela. Citou seu livro “Um defeito de cor” e afirmou assumir como missão a promoção de mais diversidade na instituição. 

“Para ser portador da intelectualidade que o caracteriza, Machado de Assis teria, aos olhos de Joaquim Nabuco, que abrir mão de sua negritude, teria que abrir mão do seu defeito de cor. E cá estou eu, hoje, 128 anos depois de sua fundação, como a primeira escritora negra eleita para a Academia de Letras, falando pretoguês e escrevendo a partir de noções de oralitura e escrivivência. E assumo pra mim, como uma das missões, promover a diversidade nessa casa e fazer avançar as coisas nas quais nela eu sempre critiquei, como a fala de diversidade na composição de seus membros, uma abertura maior para o público, verdadeiro dono da língua que a aqui cultivamos, e um maior empenho na divulgação e na promoção da literatura brasileira, como fazem as outras instituições em diversos outros países. E isso, podendo ser quem eu sou”, afirmou. 

O fardão usado pro Ana para a ocasião é único, segundo a ABL. Ele foi confeccionado por profissionais da escola de samba Portela e tem como inspiração o modelo usado por Rachel de Queiroz, a primeira mulher a ocupar uma cadeira na instituição, durante a sua posse, em 1977.

Quem é Ana Maria Gonçalves?

Natural de Ibiá (MG), Ana Maria Gonçalves é roteirista, dramaturga e professora de escrita criativa, além de sócia-fundadora da Terreiro Produções. Começou a escrever contos e poemas ainda na adolescência, mas apenas mais tarde decidiu deixar a carreira de publicitária, na qual trabalhou por 15 anos, para se dedicar à literatura.

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Sua obra mais conhecida, “Um defeito de cor”, publicada em 2006, venceu o Prêmio Casa de las Américas (Cuba, 2007) e é eleito um dos principais livros para se entender o Brasil. O livro narra a trajetória de Kehinde, mulher negra sequestrada no Reino do Daomé e escravizada na Bahia, inspirada na história de Luiza Mahin, mãe do advogado abolicionista Luiz Gama.

Em 2024, o romance foi escolhido como enredo da Escola de Samba Portela. 

Fonte: Portal Terra
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