Eu já tinha ouvido falar muito bem do Renault Boreal, novíssimo SUV francês que está sendo produzido em São José dos Pinhais (PR). Mas ainda não o tinha dirigido. Bem, a primeira experiência ao volante foi curta, um percurso de 80 km do Guarujá (litoral paulista) a São Paulo (capital). Mas passei por trechos sinuosos ao nível do mar, subida de serra e autoestrada no planalto.
Renault Boreal entrega potência, conforto e prazer ao dirigir de alto nível
Talvez seja cedo para cravar que o Renault Boreal seja o melhor SUV médio do momento, por isso vou deixar na condicional, até porque o uso na cidade ainda tem pontos a melhorar. Mas a primeira impressão foi ótima. O Boreal teve um desempenho surpreendente na estrada, entregando potência, conforto e prazer ao dirigir de alto nível.
O Boreal tem três versões com o mesmo motor 1.3 turbo flex de 163 cv de potência (5.500 rpm) e 270 Nm de torque. O câmbio é de 6 marchas com dupla embreagem Já de saída os bancos acolhem o corpo do motorista de forma que nenhum Renault produzido no Brasil conseguiu algum dia.
Quem poderia imaginar que um Renault "nacional" teria bancos com massagem?
Há mimos inesperados: a versão Iconic, que dirigi até massagem nos bancos. Quem poderia esperar isso num Renault “nacional”. Até pouco tempo atrás isso exclusividade de Volvo, Mercedes e outras marcas de luxo.
Com os ajustes do volante de direção, a posição de dirigir é impecável. Atende quem gosta de dirigir “altinho” ou do modo trtadicional. O câmbio permite trocas manuais pela borboleta e – aleluia! – não existe mais aquele nefasto e tosco “comando por satélite atrás do volante.
O painel de instrumentos e a multimídia são grandes, primorosos, bem visíveis. A rapidez da conexão é incrível – e eu fiz o espelhamento do celular com o carro em movimento em baixa velocidade. Um costume de quem está sempre apressado.
Para ter uma ideia, tudo é tão intuitivo que não precisei de nenhuma explicação prévia para saber exatamente onde estavam os principais comandos do carro. E o acionamento do piloto automático adaptativo com auxílios de rodagem é facílimo.
Demorei um pouco somente para descobrir que os botões de volume ficam na parte superior da tela multimídia. Interessante – e nem é ruim. O display central fica bem posicionado e ligeiramente voltado para o motorista. Da mesma forma, o painel de instrumentos digital é ótimo e tem várias telas, embora eu prefira o formato mais tradicional.
Rodando a 120 km/h, Boreal faz 15 km/l de gasolina, graças ao câmbio e motor turbo
Há três modos de condução: Eco (telas em tom verde), Conforto (telas em tom azul) e Sport (telas em tom vermelho). Só o contagiros é mal desenhado. Pela escala, pensei estar a 3.000 rpm a 120 km/h, mas eram 2.500.
Aliás, motor, câmbio e turbocompressor estão muito bem ajustados. As acelerações não empolgariam Gasly e Colapinto (pilotos da Apine Renault F1), mas o consumo compensa. Rodando a 120 km/h o Boreal faz 15 km/l de gasolina tranquilamente. Na subida da serra fez 10 km/l.
Rodei muito pouco na cidade e praticamente só no congestionamento da Pauliceia, rumo ao Aeroporto de Congonhas. De qualquer forma, achei a resposta do Start Stop um pouco lenta, o que deu sensação de peso ao carro.
Mas, como disse, minha experiência com Renault Boreal foi apenas na estrada. Abrindo um pouco a visão e observando o que está acontecendo no mercado, podemos cobrar a Renault por não ter introduzido um nível mínimo de eletrificação no Boreal. Mas talvez não seja justo. Nesse segmento, com exceção da versão híbrida do Toyota Corolla Cross, não há nada de eletrificação.
O Renault Boreal, por si só, se basta, se defende e entrega muita coisa. Muito mais do que a Renault entregava com modelos mais recentes. A dupla Kardian-Boreal, ambos produzidos sob a nova plataforma RGMP, é um passo robusto rumo a uma Renault de maior qualidade e muito menos distante do que acontece em França. E isso é bom.