Não existe um cenário no mercado automotivo nacional tão aquecido quanto o de SUVs compactos, onde quase todas as montadoras querem o seu quinhão. E a Honda retorna ao páreo, ao (re)lançar o WR-V como aposta na briga. A convite da marca, o Jornal do Carro foi até Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, entender como anda o modelo.
Com produção em Itirapina (SP), o modelo é o mesmo apresentado na Tailândia em 2023 e vem disputar o páreo com Fiat Pulse, Renault Kardian e Volkswagen Nivus. Ele chega em duas versões, EX e EXL, com preço a partir de R$ 144.900. Ambas utilizam o 1.5 DI i-VTEC flex aspirado, de quatro cilindros e injeção direta, com 126 cv de potência e 15,8 mkgf de torque e transmissão automática tipo CVT. Vale lembrar que é o mesmo conjunto que embala o City, seja hatch ou sedã. Até os HR-V mais simples entram na dança.
Desempenho poderia ser melhor, mas não decepciona
Nos quase 300 km que fizemos, mesclando um trecho de cidade e a freeway gaúcha, o WR-V mostrou a que veio: ser um SUV capaz de fazer o que se exige de maneira competente, sem exageros ou firulas. Na cidade, a suspensão — dianteira MacPherson e traseira por eixo de torção — não desatina.
Em piso ruim, entretanto, o ruído passa para a cabine, e torna a condução um tanto ruidosa. Quando exigido, o motor e transmissão não demoram muito a responder, mas o coração 1.5 iVTEC poderia ser mais forte, sofrendo um pouco para carregar os 1.273 kg do modelo. Apesar do clássico CVT e seu giro constante, há aletas para trocas atrás do volante, e ainda uma opção 'S', que segura mais os giros, para uma condução mais ágil.
Economia e bons itens de série tornam convivência agradável
Mas, se por um lado, o desempenho não empolga, o consumo sim. Apesar de aspirado, o conjunto entrega fácil médias superiores aos 8,9 e 12,8 km/l com etanol e gasolina na estrada, e 8,2 e 12 km/l, também com etanol e gasolina, na cidade. Em nosso teste, conseguimos 14 km/l, com ar ligado, usando gasolina e trajeto majoritariamente rodoviário.
O ponto forte do WR-V, entretanto, está no que entrega pelo que custa. A configuração EX já sai de fábrica bem completa, incluindo ar-condicionado automático, faróis em LED, rodas de 17 polegadas, partida por botão com chave presencial, central multimídia de 10? e painel digital de 7?.
Já a EXL, versão avaliada e que ocupa o topo da gama, sai por R$ 149.900, acrescenta barras de teto, faróis de neblina em LED, revestimento de couro nos bancos e no volante, carregador sem fio para smartphones e apoio de braço central para os ocupantes do banco traseiro.
Ambas tem o pacote Honda Sensing, que adiciona frenagem autônoma de emergência, acionamento automático do farol alto, piloto automático adaptativo e assistente de permanência em faixa. Os dois últimos, por exemplo, são de fácil acesso, com botões físicos no volante.
O painel de instrumentos é o mesmo do City, com o conta-giros e demais informações em uma tela digital, e o velocímetro analógico. A central multimídia tem pequenos botões físicos, facilitando o uso.
O WR-V mede 4,32 metros de comprimento e conta com entre-eixos de 2,65 metros. Na prática, isso o deixa 6 cm mais longo que o VW Nivus e com 9 cm a mais de distância entre os eixos. Esse ganho se reflete na cabine: o espaço para quem vai atrás é generoso, e o vão para a cabeça é favorecido pelo desenho mais alto e "quadrado" da carroceria. Outro destaque é o porta-malas, que acomoda respeitáveis 458 litros.
Apesar de bem-acabado, a interna segue uma linha mais simples, com o uso de plástico rígido no painel, no console e nas portas, porém a qualidade de montagem é sólida e transmite sensação de boa durabilidade. Não é a mesma solidez de demais produtos Honda superiores, mas agrada.
Por fim, o modelo tem seis anos de garantia, oferecido nas seguintes cores:
- Branco Tafetá Sólido, Branco Topázio Perolizado, Azul Cósmico Metálico, Preto Cristal Perolizado, Prata Platinum Metálico, Cinza Basalto Metálico, Azul Aurora Perolizado.
Conclusão: WR-V é "almoço bem-feito" do segmento, e entrega bem o que promete
Não é preciso ser PhD em nada para entender a que veio o WR-V. Disposto a brigar com nomes fortes como Volkswagen Tera High e Renault Kardian Iconic (cujo comparativo técnico você pode ler aqui), o novo SUV Honda de entrada quer entregar as benesses da marca a um segmento mais simples, mas bem disputado.
Para a briga, traz bom espaço e mecânica robusta, querendo claramente conquistar um público mais tradicional, que pode dispensar um conjunto turbinado, por exemplo.
Claro, não é isento de problemas. A concorrência tem a seu favor o desempenho e o visual mais ousado, mas há valor no simples e bem-feito, algo que o WR-V tenta provar.
PRÓS:
Mecânica mais simples representa robustez, economia, facilidade de uso, bom espaço interno e pacote de assistências à direção são pontos fortes
CONTRAS:
Conjunto 1.5 aspirado não empolga, acabamento mais simples traz certa distância de modelos Honda mais caros, visual "quadradão" é mais conservador que concorrência, ruidoso em pisos ruins
Honda WR-V EXL 2026
- Motor: 1.5, 4 cil. aspirado, gasolina, dianteiro, tração dianteira
- Transmissão: Automática, tipo CVT, simula 7 marchas
- Potência: 126 cv a 6.200 rpm (Etanol e Gasolina)
- Torque: 15,8 mkgf (Etanol) / 15,5 mkgf (Gasolina) a 4.600 rpm
- Comprimento: 4,32 m
- Largura: 1,65 m
- Altura: 1,79 m
- Distância Entre-Eixos: 2,65 m
- Porta-malas: 458 litros
- Peso total: 1.278 kg
- Velocidade máxima: 171 km/h
- Consumo: Etanol (cidade/estrada): 8,2 km/l / 8,9 km/l - Gasolina (cidade/estrada): 12 km/l / 12,8 km/l
- Preço sugerido: R$ 149.990
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