Seja por respeito às leis de emissões, para economia ou mesmo por gosto, os carros híbridos e elétricos têm atraído o consumidor. Mas, no Brasil, ainda há o fantasma do custo e, por isso (e por tantos outros motivos), nem todos os modelos disponíveis lá fora circulam por aqui. Este é o caso, por exemplo, dos BYD Sealion 7 e Seal híbrido, já velhos conhecidos em outros mercados, mas sem pretensão de chegar ao País.
De acordo com Pablo Toledo, diretor de comunicação e branding da BYD, "(os dois carros) Não serão lançados (no Brasil) por estratégia da marca. Não faz sentido para a fabricante", afirmou, durante evento para um pequeno grupo de jornalistas e criadores de conteúdo digital, nesta semana, em Brotas, interior de São Paulo. No entanto, em se tratando de BYD - que vem praticando estratégia extremamente agressiva - tudo pode acontecer.
É tanto que a fabricante não só abriu a garagem (que também tinha o ET3 com mais de 700 mil km) como também chamou o seleto grupo a experimentar os respectivos carros. A ideia era apenas senti-los. É tanto que, praticamente, nenhum dado foi informado pelo pessoal da BYD. Os executivos presentes limitaram-se apenas a dizer que o Sealion 7 tem potência equivalente a 523 hp (530 cv) e que vai de 0 a 100 km/h em apenas 4,5 segundos. Sobre o Seal híbrido, nada foi dito.
Mais sobre o Sealion 7
Para entender se, de fato, há todo esse vigor, decidimos começar os testes pelo Sealion 7. Mas, antes de darmos nossas duas voltas no circuito Raceville, observamos as linhas do carro. Impacta o visual bem resolvido. O SUV-cupê - já flagrado pelo Estradão em Campinas (SP), onde a BYD mantém sua garagem - foi lançado na China em 2023 e segue a cartilha do Seal, inclusive, no estilo dos faróis e das lanternas. Nas laterais, coluna C inclinada, caixas de rodas avantajadas e cobertas por plástico preto, além de maçanetas embutidas nas portas.
Atrás, tem o mesmo estilo de lanternas do irmão sedã, que se estendem de uma ponta a outra da carroceria. A iluminação é feita totalmente por LEDs. Do lado de dentro, há telas para quadro de instrumentos e central multimídia de 15,6?, mas o arranjo é distinto dos outros carros da BYD. O luxo é total, com acabamento de primeira e zero botões no painel.
Feito na plataforma e-Platform 3.0 EVO, da BYD, o modelo se vale da tecnologia de integração de baterias Cell to Body (CTB), onde o conjunto fica embutido sob o piso. A recarga do SUV cupê, por exemplo, é mais rápida e permite recuperar entre 10% e 80% da carga em cerca de 25 minutos.
A unidade testada pelo Jornal do Carro, que tem alcance total de 550 km, conforme o ciclo CLTC, extrai seus 530 cv de dois motores elétricos. Mesmo grande (4,83 metros de comprimento e amplos 2,93 m de entre-eixos), o modelo tem fôlego de sobra. A condução é extremamente linear e o silêncio é praticamente total. Porém, quanto mais fincamos o pé no acelerador, mais aumenta o leve ruído vindo dos motores elétricos - a partir dos 150 km/h, só falta decolar. Rolagem de carroceria, nem pensar.
Seal híbrido
A BYD não quis explicar o motivo de ter registrado o Seal híbrido (lançado na China em 2024) no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) mesmo sem a pretensão de comercializá-lo no Brasil. Pelo visto, seria algo além de evitar plágio, mas os executivos da fabricante preferiram desconversar apenas dizendo "(o carro) Não foi homologado".
O modelo faz parte da família Seal - o sedã elétrico e o SUV Song Plus (Seal U, lá fora) são vendidos no Brasil - e tem como destaque os faróis de LEDs, que têm uma espécie de "L" na parte de baixo, que atua como DRL. Aliás, até os filetes na grade dianteira estão presentes.
Como a BYD preferiu não comentar qual seria a motorização das unidades dos testes, restam duas opções. Afinal, na China, o Seal híbrido tem tanto a opção que combina o motor 1.5 de 108 cv a um propulsor elétrico de 194 cv, bem como uma segunda configuração, com o 1.5 turbo de 136 cv atrelado a um elétrico de 214 cv. O sistema também conta com bateria de lítio de grande capacidade, com autonomia prometida superior a 2.000 km. De série, tem revestimento de couro, bancos dianteiros com comandos elétricos, carregamento sem fio para celular, teto solar panorâmico e outros itens.
Ao volante
Neste primeiro contato, na pista, o carro não decepcionou. Mas não é dos melhores produtos da BYD. A suspensão poderia ser mais macia, o sedã não se mostra tão firme em curvas e, principalmente, o isolamento acústico deixa a desejar em se tratando de um modelo deste porte. Quando o motor a combustão entra em cena, o nível de ruído no habitáculo fica ainda pior.
Por outro lado, o carro é confortável e tem ótimo acabamento. Contudo, caso estreasse no Brasil por valores entre R$ 200 mil e R$ 250 mil, dificilmente o consumidor mais conservador deixaria de comprar os japoneses Honda Civic (R$ 265.900) e Toyota Corolla (R$ 199.990) para comprar o BYD Seal. Certamente, caso a marca chinesa mude de ideia e decida vender o modelo no Brasil, o time de engenharia vai precisar de mais um tempo para adaptação do carro, que está longe de ser ruim, mas ainda pode melhorar.
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