Como o primeiro Tomb Raider mudou a história dos games em 1996

O nascimento de um ícone que reinventou a aventura em 3D

14 nov 2025 - 15h11
Como o primeiro Tomb Raider mudou a história dos games em 1996
Como o primeiro Tomb Raider mudou a história dos games em 1996
Foto: Reprodução

Em 1996, a indústria dos videogames estava em plena transformação. O 3D engatinhava, os estúdios ainda descobriam como contar histórias em mundos poligonais e ninguém sabia ao certo qual seria o futuro daquele novo território tecnológico. 

Foi nesse cenário de experimentação — quase selvagem — que Tomb Raider surgiu. Não apenas como um dos primeiros grandes títulos em 3D, mas como um marco cultural que redefiniu o que significava explorar, aventurar-se e habitar um mundo digital.

Publicidade

Mais do que um jogo, Tomb Raider foi um rito de passagem. Um daqueles momentos raros em que a tecnologia, a criatividade e a ambição de uma equipe se alinham e criam algo maior do que a soma das partes.

A transição para o 3D

Quando Tomb Raider chegou ao Sega Saturn, e pouco depois ao PlayStation e PC, ele apresentou algo que poucos jogos de ação-aventura tinham conseguido: a sensação real de estar explorando um espaço tridimensional coeso.

Nada de cenários pré-renderizados ou truques de profundidade — o game te jogava dentro de ruínas, templos, cavernas e cidades perdidas onde cada salto, cada plataforma e cada corredor contavam uma história.

Publicidade

A Core Design foi ousada. Criou um jogo inteiro ao redor da ideia de navegação espacial em 3D, apoiado por uma câmera ainda rudimentar, mas revolucionária para a época.

A movimentação em “blocos” pode parecer engessada hoje, mas em 1996 ela era uma bússola: permitia precisão e transformava cada salto em um mini quebra-cabeça — quase uma dança milimetricamente ensaiada.

Lara Croft: o surgimento de um ícone cultural

Foto: Reprodução

Falar de Tomb Raider sem falar de Lara Croft seria ignorar metade de sua importância. Lara não foi apenas uma protagonista; ela se tornou um símbolo — e, para muitos, o primeiro contato com uma heroína que liderava um blockbuster nos videogames.

Sua personalidade — britânica, aristocrática, sarcástica, destemida — combinada com seu visual estilizado marcaria presença em revistas, comerciais, eventos e até campanhas de moda. 

Publicidade

Antes de Aloy, de Samus ser plenamente reconhecida ou Jill Valentine assumir o palco principal dos survivals, Lara já estava lá: abrindo caminho, quebrando paradigmas e colocando mulheres no centro do protagonismo dos games.

Sim, seu design inicial tinha claras intenções de marketing, mas a personagem foi além disso. Ela se tornou uma das figuras mais reconhecidas da cultura pop dos anos 90, quase como um mascote da era 3D.

Foto: Reprodução

Tomb Raider também redefiniu como os jogos equilibram ação e raciocínio. Em vez de confrontos constantes, o game priorizava a exploração e os quebra-cabeças ambientais. Era um ritmo diferente do que dominava o mercado — nada de ação desenfreada o tempo todo. Havia silêncio, tensão, solidão.

Entrar em uma tumba significava ouvir apenas o eco dos passos de Lara, o som distante da água pingando, ou o ranger de mecanismos antigos.

Era um jogo que tinha coragem de fazer o jogador parar, observar, testar caminhos e aprender com o ambiente. Essa mistura moldaria o DNA de diversas franquias posteriores — de Prince of Persia: Sands of Time a Uncharted e Assassin's Creed.

Publicidade

O legado que ainda ecoa

Voltar ao primeiro Tomb Raider hoje é como abrir uma cápsula do tempo dos videogames. Não é só sobre gráficos rudimentares ou controles da época — é sobre revisitar um momento em que a tecnologia avançava à força de pura imaginação. Cada ambiente poligonal parecia maior do que realmente era, cada salto deixava o coração na boca, e cada enigma dava a sensação de estar desbravando territórios que ninguém havia explorado antes.

Em 1996, Lara Croft não apenas ganhou o mundo: ela redesenhou o mapa. Tornou-se um ícone pop, elevou o gênero de aventura a um novo patamar e mostrou como uma protagonista podia carregar uma franquia inteira nas costas.

Quase trinta anos depois, o rastro deixado por aquele jogo inaugural segue vivo — nas remasterizações que recuperam seu espírito, nos títulos modernos que repetem sua fórmula de exploração e até na memória afetiva de quem cresceu descobrindo tumbas, segredos e caminhos impossíveis.

Fonte: Game On
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se