No dia seguinte ao Santos confirmar sua saída, o técnico Jorge Sampaoli escreveu uma carta de agradecimento ao clube da Vila Belmiro. Ele declarou amor ao time alvinegro, também fez elogios à cidade onde viveu em 2019 e evitou entrar em detalhes sobre o que o motivou a deixar a equipe.
"O Santos foi uma das minhas casas mais lindas. Um lugar que me permitiu voltar a crer nos sonhos, no jogo e na alegria dentro do futebol. Todas estas coisas sinto que são, para mim, uma enorme conquista porque a exigência e o imediatismo deste esporte nem sempre nos permite ser felizes. Em um mundo que nos trata como objetos, me senti humano e isso foi um privilégio maravilhoso. Sinto que é um momento na história no qual desfrutar o presente não é simples. Prefiro não arranhá-lo. O próximo ano será muito difícil para o Santos. Jogará o Paulista, o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Libertadores."
O Palmeiras tem Sampaoli como primeira opção e já iniciou negociações com o treinador. O treinador não quis entrar em detalhes sobre os motivos que o levaram a deixar o Santos. "Penso, com chance de me equivocar, que algumas circunstâncias estruturais não me permitiriam sentir com comodidade", afirmou.
A saída dele, no entanto, ainda não está completamente resolvida. Apesar de o clube ter publicado nota oficial com a informação de que o argentino pediu para deixar o cargo na segunda-feira, a versão é contestada por ele. O treinador garante não ser obrigado a pagar 2,5 milhões de euros (R$ 11,4 milhões) como multa por ter rescindido antes do prazo previsto em contrato.
Quando o Santos contratou Sampaoli, uma cláusula do acordo previa que o argentino teria de ressarcir o clube caso deixasse o cargo antes de 10 de dezembro deste ano. Segundo o Santos, o treinador pediu demissão na segunda-feira, dia 9. Porém, no entender do argentino, o desligamento ainda não foi realizado de forma oficial porque não houve a assinatura de documentos.
A carta deixou de lado essas questões. Sampaoli aproveitou também para elogiar a cidade de Santos. "É um lugar maravilhoso. Trataram-nos como se estivéssemos vivido toda a vida aqui. Ficará para sempre, também, que aqui nasceu meu terceiro filho, León. Talvez, isso seja simplesmente um até logo e a vida nos permita um reencontro. As despedidas são essas dores doces. Muito obrigado, de coração. Eu os levarei na alma, para sempre." comentou.
CONFIRA A ÍNTEGRA DA CARTA:
O Santos foi uma das minhas casas mais lindas.
Um lugar que me permitiu voltar a crer nos sonhos, no jogo e na alegria dentro do futebol. Todas estas coisas sinto que são, para mim, uma enorme conquista porque a exigência e o imediatismo deste esporte nem sempre nos permite ser felizes. Em um mundo que nos trata como objetos, me senti humano e isso foi um privilégio maravilhoso. Sinto que é um momento na história no qual desfrutar o presente não é simples.
Prefiro não arranhá-lo. O próximo ano será muito difícil para o Santos. Jogará o Paulista, o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Libertadores. Penso, com chance de me equivocar, que algumas circunstâncias estruturais não
me permitiriam sentir com comodidade.
Quero agradecer aos jogadores. Em um torneio com um calendário esgotante, mostraram uma fidelidade à ideia impressionante. Nunca renunciaram às convicções pelo jogo e foram a qualquer estádio do Brasil para mostrar quem
somos e quanto amor sentimos pela bola.
Quero agradecer aos trabalhadores e às trabalhadoras do CT Rei Pelé. São a alma do clube. Aqueles que em silêncio constroem e defendem uma instituição gloriosa.
Quero agradecer aos meninos do CT. Foram meus amigos mais legais e os levarei na minha memória para sempre.
Porém, sobretudo, quero agradecer à cidade. Santos é um lugar maravilhoso. Trataram-nos como se estivéssemos vivido toda a vida aqui. Ficará para sempre, também, que aqui nasceu meu terceiro filho, León.
Talvez, isso seja simplesmente um até logo e a vida nos permita um reencontro. As despedidas são essas dores doces.
Muito obrigado, de coração. Eu os levarei na alma, para sempre,
Jorge Sampaoli