O que muda no Brasileirão 2026: fair play financeiro, VAR e 'mini-férias'

Uma das principais mudanças é em relação ao calendário, que é constantemente alvo de crítica por parte de jogadores e dirigentes

8 dez 2025 - 05h41
(atualizado às 05h41)

O Brasileirão 2025 acabou. Poucos clubes ainda têm compromissos esse ano, mas a maioria deles já pensa em 2026. A principal competição do País, entretanto, terá uma série de mudanças, dentre elas o fair play financeiro, o VAR e um recesso para a Copa do Mundo.

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A tarde deste domingo (7) foi de definições. Foram conhecidos os dois clubes que vão jogar a Série B em 2026 além de Sport e Juventude, que entraram em campo já rebaixados. Em razão a uma série de combinações, os outros dois times que fecharam o Z-4 foram o Fortaleza (18º) e o Ceará (17º). Sobem para a elite via Série B o Coritiba, Athletico-PR, Chapecoense e Remo, respectivamente.

Calendário diferente e 'mini férias'

Uma das principais características do Brasileirão 2026 é seu calendário 'diferente'. Em 2025, a competição teve seu início na primeira semana de abril, em razão do fim da maioria dos torneios estaduais pelo Brasil. No ano que vem, contudo, a bola rola bem mais cedo do que o habitual.

O Brasileirão 2026 terá seu início em 28 de janeiro, com previsão de término para 2 de dezembro. A mudança implementada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) leva em consideração, entre outras coisas, o recesso para a Copa do Mundo, que acontece entre 11 de junho e 19 de julho deste ano.

Uma das principais reclamações dos jogadores e dirigente é o alto número de compromissos no ano. Essa iniciativa tem como objetivo dar mais folga aos jogadores no decorrer do calendário. A primeira parte, porém, ainda ficará bastante congestionada. Os estaduais pelo País devem acontecer entre 11 de janeiro e 15 de março. Sendo assim, haverá situações em que clubes terão dois compromissos na mesma semana: um pelo Brasileirão e um pelo respectivo Estadual.

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Por fim, os 20 clubes da Série A também estão confirmados na Copa do Brasil, que terá um considerável aumento no número de participantes: de 96 para 126 equipes. Estas alterações foram anunciadas pela CBF em outubro deste ano e estão sendo discutidas há algumas temporadas.

Impedimento semiautomático

Protagonista incontestável em boa parte das rodadas do Brasileirão 2025, o VAR sofrerá mudanças a partir do próximo ano. A arbitragem de vídeo ainda estará sujeita a erros em lances como expulsões e outros lances. Mas, a expectativa é que os impedimentos tenham uma confirmação mais precisa e rápida.

Isso porque a CBF vai começar a utilizar no Brasileirão 2026 o impedimento semiautomático. Essa tecnologia já é utilizada na Europa e em torneios grandes como a Copa do Mundo. A previsão é de trazer mais precisão e velocidade para os lances em que um atacante estiver em situação irregular.

A tecnologia combina tanto um chip inserido dentro das bolas como um esquema de câmeras posicionadas estrategicamente ao redor dos gramados. Estes equipamentos trabalham com imagens em alta velocidade e os sensores irão comparar com maior precisão a posição da bola em relação à dos jogadores.

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Uma geração de uma imagem em 3D é feita com suporte de Inteligência Artificial. Será possível então determinar se certas partes do corpo, como o ombro e a ponta da chuteira, invalidam o lance ou não. Hoje em dia a tecnologia usada pela CBF é do traçado de linhas, o que demora alguns minutos a ser feito e tem margem maior de erros.

Com base na imagem em 3D gerada pelo computador o responsável pelo árbitro de vídeo tomará um norte para embasar sua decisão. Por isso a nomenclatura de 'semiautomático', pois a tecnologia fará boa parte do trabalho, de forma mais rápida e precisa.

Fair play financeiro

A mais recente das propostas implementada pela CBF acontece fora das quatro linhas. Mais precisamente nos cofres dos clubes. Há duas semanas, a entidade apresentou oficialmente seu modelo de fair play financeiro. O projeto foi detalhado durante a segunda edição do Summit Academy, evento organizado pela entidade em São Paulo, e era um dos momentos mais aguardados da programação. O sistema entra em vigor já a partir da temporada 2026.

O modelo foi definido após cinco reuniões do Grupo de Trabalho da CBF formado por 34 clubes das Série A e B do Campeonato Brasileiro, federações estaduais e especialistas. Os gastos serão controlados por meio de uma plataforma unificada de fiscalização intitulada Domestic Transfer Matching System (DTMS, sistema de fiscalização de transferências domésticas, em tradução livre) na qual serão concentradas informações sobre os custos de cada time, valores de transferências, contratos de atletas e dívidas.

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A publicação no DTMS é pré-requisito para o registro de atletas no Boletim Informativo da CBF. Os clubes e atletas poderão acionar, a qualquer momento, o órgão responsável pela gestão do sistema de fair play para indicar a ausência de pagamento de obrigações acordadas

O fair play financeiro da CBF, definido como Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), é baseado em quatro pilares:

  • Controle de dívidas em atraso: determinar que clubes não possuam pagamentos em atraso com credores relevantes, como outros clubes, funcionários e autoridades;
  • Equilíbrio operacional de clubes;
  • Controle de custos com elenco: gastos com o elenco principal proporcionais à capacidade financeira;
  • Controle de endividamento de curto prazo: clubes mantenham uma estrutura de capital sólida e níveis sustentáveis.

O fair play financeiro estabelece limites específicos para clubes da primeira e da segunda divisão em diferentes quesitos. No custo de elenco, que engloba salários, encargos, direitos de imagem e amortizações, a Série A tem um limite de 70% das receitas, enquanto a Série B pode comprometer até 80%. Caso esses valores sejam ultrapassados, o clube passa a entrar em situação de "monitoramento".

Em relação ao endividamento de curto prazo, tanto na Série A quanto na Série B a dívida não pode ultrapassar 45% do faturamento anual. Se o clube descumprir essa regra, há um prazo de transição até 2030 (referente ao ano contábil de 2029) para que se adeque.

Por fim, o déficit máximo, calculado pela soma dos três últimos exercícios, também possui limites diferentes: na Série A, o teto é de R$ 30 milhões ou 2,5% das receitas (o que for maior), enquanto na Série B o limite é de R$ 10 milhões ou 2,5% das receitas. Se a avaliação anual indicar déficit acima do permitido, o clube entra automaticamente em "monitoramento".

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