Atacante se assustou com idioma na terra de CR7 e relembra momento mágico com Inter: 'Um dos dias mais felizes'

Murilo, de 30 anos, realizou o sonho de jogar pelo time do coração no futebol brasileiro

19 out 2025 - 04h59
Resumo
Murilo Costa, atacante brasileiro do Gil Vicente, destacou-se no Campeonato Português após superar desafios de adaptação, como o sotaque madeirense, e hoje sonha com vaga histórica na Champions League para sua equipe.
Murilo em ação pelo Gil Vicente, de Portugal
Murilo em ação pelo Gil Vicente, de Portugal
Foto: Divulgação/Gil Vicente

O estilo de jogo, a culinária e os costumes locais aparecem no radar de possíveis empecilhos na adaptação de qualquer jogador de futebol brasileiro que chegue a Portugal. Para Murilo Costa, porém, um detalhe curioso e inesperado o assustou: o idioma. 

Muito antes da versão de 30 anos que hoje é um dos destaques do Gil Vicente, sensação do Campeonato Português nesta temporada, o ainda jovem atleta nascido em São José do Norte, no Rio Grande do Sul, desembarcou no país pela primeira vez em 2017 para vestir as cores do Nacional, time da Ilha da Madeira, onde Cristiano Ronaldo deu os primeiros passos no futebol. 

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Diferentemente das grandes cidades portuguesas e até mesmo do filho mais famoso da região, o sotaque dos moradores locais fez com que Murilo duvidasse do idioma que estava ouvindo.

“Quando cheguei no Nacional, tinha tido contato só com o gerente do clube que foi nos buscar no aeroporto. No dia seguinte, a gente se apresentou ao grupo, os caras começaram a falar e eu não entendia o que estavam falando. Eu e os outros brasileiros começamos a nos olhar: ‘Eles estão falando português? Que língua eles estão falando?’ A gente vem para Portugal e vê os portugueses de Lisboa falando. Na Ilha da Madeira, eles têm um sotaque muito puxado. A gente ficou com dúvidas se realmente todo mundo falou português”, conta em entrevista ao Terra.

O estranhamento maior foi por pensar que todos os madeirenses falariam como Cristiano Ronaldo. O craque, porém, deixou a Ilha ainda criança para jogar pelo Sporting e, posteriormente, rodar o mundo.

“Conhecemos o Cristiano Ronaldo. O Cristiano Ronaldo não fala assim. Os caras falam que o Cristiano Ronaldo saiu com 11 anos do Nacional. Tem mais tempo de vida em Lisboa, em Manchester, do que na Ilha da Madeira. O português pegou um pouco a gente. Às vezes o auxiliar falava e eu não entendia muito o que era para fazer. Aquele nervosismo de estar a primeira vez fora do Brasil, cometia uns erros no posicionamento”, continua. 

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Quase 10 anos depois e acumulando passagens também por Espanha e Japão, a história contada em tom bem humorado virou apenas mais uma vivência que ajudou Murilo a amadurecer como atleta. A experiência conquistada ao longo da carreira hoje ajuda o atacante a ser um dos pilares do Gil Vicente.

Após oito rodadas, o time da cidade de Barcelos ocupa a quarta colocação do Campeonato Português, atrás apenas de Porto, Sporting e Benfica. A campanha faz com que o Gil Vicente seja o destaque da imprensa esportiva portuguesa nas últimas semanas.

“O pensamento é o jogo a jogo. Jogar de igual para igual com todos, como fizemos contra o Porto, Braga e Benfica. Todo mundo teve uma visão diferente, que realmente uma equipe pode ir em um estádio grande e jogar da maneira que a gente jogou. Isso tem chamado a atenção. Os jornais todos os dias falam da nossa equipe, e a TV, todo programa que eu ponho, está falando de nós, das nossas exibições”, comenta. 

Murilo, do Gil Vicente, contra o Benfica
Foto: Gualter Fatia/Getty Images

Murilo, por sinal, pode ser considerado um amuleto do Gil Vicente. O atacante também esteve no elenco de 2022, quando a equipe encerrou a temporada com a quinta colocação e garantiu vaga na Conference League.

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Agora, o sonho é ainda maior: “Eu sonho alto e gostaria que a gente pudesse pôr o Gil Vicente como um azarão num playoff de Champions League. Seria histórico até para o país, não só para o Gil Vicente. Mas, para já, a gente quer defender o nosso quarto lugar. Mas, segundo a fala do nosso treinador, a gente tem que olhar sempre para o time que está acima de nós e hoje só tem os três grandes que estão acima de nós”.

Início de carreira no Brasil

Antes de se aventurar no exterior, Murilo conheceu diferentes lados do futebol brasileiro. Logo no início da carreira, o destaque em uma Copa São Paulo o levou ao profissional do Internacional, onde realizou um sonho de infância. 

“Todo jogador de futebol merecia jogar, pelo menos, um jogo profissional pelo time do coração. Eu tive esse privilégio. Foi mágico no Inter. As coisas aconteceram muito rápido. Quando cheguei no profissional, lembro como se fosse hoje meu primeiro gol como profissional pelo meu time de coração, no Vermelhão da Serra contra o Passo Fundo. Foi um dos dias mais felizes da minha vida no futebol. No fim do jogo, o Abelão ligou pedindo para eu me apresentar com o profissional”, recorda. 

Murilo em foto quando atuava pelo Internacional
Foto: Divulgação

A ansiedade de um garoto para estar em campo aliada ao acompanhamento que hoje considera inadequado de empresário, contudo, atrapalharam o início de seu desenvolvimento dentro de campo.

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Com seis partidas e um gol pela equipe profissional do Inter, Murilo assinou contrato com um grupo de empresários, que o levou ao ainda conturbado Botafogo. Na equipe carioca, as chances não apareceram e o atacante continuou rodando pelo Brasil: Macaé, Lajeadense, Joinville e Juventude foram os destinos do atacante.

“Estava vivendo aquela relação de empresários criarem clubes e fidelizarem jogadores em contratos de um clube que não existe. Isso atrapalha muito o jogador, porque a gente assinava um ano e meio, dois, de contrato. Na época, eu fazia parte de um grupo de investidores em um clube fictício. Acho que, naquele momento, sofri muita influência para sair do Inter para o Botafogo para jogar logo. Comecei a rodar, onde eu consegui me reencontrar um pouco foi no Juventude”, analisa sobre o passado. 

Hoje firme na primeira divisão portuguesa, Murilo não descarta uma volta ao futebol brasileiro. O objetivo principal, porém, é jogar uma Liga dos Campeões, seja pelo Gil Vicente ou por outro clube.

Fonte: Portal Terra
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