Atacante que foi chamado de ‘novo Pato’ passou mal com comida apimentada e se surpreendeu na Indonésia

Bruno Gomes, de 29 anos, rodou pelo Brasil e Europa até chegar ao sudeste asiático

3 out 2025 - 18h51
(atualizado em 4/10/2025 às 04h59)
Resumo
Bruno Gomes, atacante brasileiro de 29 anos apelidado de "novo Pato", destacou-se no futebol indonésio ao salvar o Semen Padang do rebaixamento, enfrentando desafios como calor extremo e comida apimentada, enquanto relembra experiências no Brasil e Europa.
Bruno Gomes comemora gol pelo Semen Padang
Bruno Gomes comemora gol pelo Semen Padang
Foto: Divulgação/Semen Padang

Aos 29 anos, Bruno Gomes é um caso de jogador que se encontrou no futebol longe de casa. O atacante, que chegou a ser chamado de "novo Pato" nas categorias de base do Internacional, rodou pelo Brasil e Europa até conquistar o carinho dos torcedores do Semen Padang, na Indonésia.

O desembarque do centroavante na Ásia veio repleto de desafios. Após alguns meses sem clube desde sua passagem pela Albânia, ele iniciou a nova etapa da carreira em janeiro deste ano com um objetivo claro: salvar a equipe do rebaixamento.

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“Fiquei uns cinco, seis meses em casa, esperando a melhor opção. Quase fui para Malta uma época, mas resolvi não fechar,  financeiramente não me agradava tanto. Depois de um tempo, surgiu a oportunidade de vir para a Indonésia. Viemos para um projeto de salvar o clube para não cair para a segunda divisão. Conseguimos. Tive bons números. Fiz os meus gols, minhas assistências. Pude contribuir bastante”, conta o atacante em conversa com o Terra.

A missão foi cumprida com excelência: oito gols e quatro assistências em 16 jogos e a permanência do Semen Padang na elite. As atuações renderam a Bruno Gomes a camisa 10, mas ele rejeita o título de herói, preferindo dividir o mérito com os companheiros que, juntos, mudaram o clima do vestiário.

Mesmo com os bons números, o brasileiro não teve vida fácil a quase 16 mil quilômetros de casa. Dentro de campo, o calor exacerbado e o jogo mais de correria do que técnico foram desafiadores: “É um futebol que me surpreendeu. Eu esperava menos para o que é. É bem legal, é um campeonato bem competitivo. O nosso campeonato aqui na Indonésia não é um campeonato que é certo quem vai ser o campeão”.

Fora de campo, a mudança na alimentação foi um empecilho para a família, que chegou a passar mal na primeira semana.

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“Para mim, foi mais tranquilo. Mas a minha esposa e as crianças tiveram um pouco mais de dificuldade com a alimentação, é muito diferente. A comida é muito apimentada. É muito tempero, muita coisa na comida. A galera que chega aqui normalmente passa mal, dá diarreia, vai para o hospital, fica internado. Passei mal também, mas eu nunca tive frescura. Eu tive problema na primeira semana. Uns dois, três dias. Mas depois passou”, recorda sobre a adaptação ao futebol da Indonésia.

O calor e a comida temperada, porém, hoje não incomodam mais Bruno Gomes, que vive uma relação de proximidade com os torcedores na cidade de cerca de 900 mil habitantes

 “A torcida aqui é muito legal, porque é da cidade. Todo mundo te conhece. Você vai ao mercado, a galera quer tirar foto, a galera fica te olhando. Você se sente jogadorzão. Eles mandam mensagem no Instagram, às vezes falando bem,às vezes dando aquela cornetada normal. Mas é muito próximo, eu acho muito legal”, destaca sobre a vida no país.

Carreira antes da Indonésia

Se hoje vive um futebol longe dos holofotes brasileiros, Bruno Gomes cresceu repleto de expectativas em seu país. Ainda nas categorias de base do Internacional, suas características o levaram a ser comparado com Alexandre Pato.

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“A gente vem da base [do Internacional], cria aquela expectativa, como eu fazia muito gol. O meu estilo de jogo é mais ou menos o mesmo. Eu sou um centroavante, mas eu não sou aquele centroavante fixo, que gosta de ficar batendo cabeça com o zagueiro o tempo todo. Eu gosto mesmo de me movimentar, de fazer a infiltração, fazer o facão. O Pato era um centroavante, mas era um cara de mais mobilidade, de mais qualidade técnica. Acho que é mais por esse lado aí”, lembra sobre as comparações.

Apesar da expectativa e de ter levantado o troféu do Campeonato Gaúcho de 2015, o atacante nunca entrou em campo pela equipe profissional do Colorado e deixou o clube de maneira definitiva, por vias judiciais, em 2017, após empréstimos para Genoa, da Itália, e Estoril, de Portugal.

Bruno Gomes com troféu do Campeonato Gaúcho pelo Internacional
Foto: Arquivo pessoal

No futebol italiano, viveu um episódio importante da carreira ao ser treinado por Gian Piero Gasperini. No país, conheceu o lado amigo do rígido comandante italiano, que fez história na Atalanta e hoje lidera a Roma.

“Ele estava sempre perguntando para mim como é que era, como é que eu estava me sentindo, quando que eu ia poder jogar. Ele é um cara muito rigoroso, muito sério. Mas ele tinha essa abertura e essa facilidade também. Como eu era mais novo, eu tinha 18 para 19 anos, foi a primeira experiência, eu acho que ele teve essa paciência”, conta o atacante.

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Além do lado companheiro de Gasperini, Bruno Gomes sentiu na pele a intensidade do trabalho do italiano. O atacante, no entanto, não foi inscrito a tempo das competições profissionais e não teve a oportunidade de estrear em jogos oficiais pela equipe.

“O dia a dia era intenso. Era treino italiano, correria brava. Eu fiquei uns 10 dias, só correndo. O preparador físico falava que tinha que primeiro correr para depois jogar. Eu passava mal, porque eu não estava acostumado com isso no Brasil”, detalha sobre os treinamentos na Itália.

Com tamanha bagagem, Bruno Gomes quer manter o bom nível no futebol da Indonésia para no futuro, quem sabe, voltar a se testar nas primeiras ligas do futebol mundial.

Fonte: Portal Terra
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