CBF e Neymar têm uma afinidade que vai muito além das atuações e dos gols marcados pelo jogador quando a serviço da Seleção brasileira. A entidade desafiou o movimento olímpico ao determinar que os campeões do futebol masculino no Japão não vestissem o agasalho do evento, da fornecedora chinesa Peak, durante a entrega das medalhas no sábado (7). Quis privilegiar a camiseta da Nike utilizada pelo grupo na cerimônia.
A CBF e os jogadores desrespeitaram assim determinação do Comitê Olímpico Internacional sobre o uniforme que deveria ser vestido no pódio. Questões comerciais falaram mais alto, evidenciando um tom de arrogância da Seleção brasileira.
O que Neymar tem a ver com isso? Muito. O craque do PSG abriu precedente com atitude semelhante no período em que estava concentrado com a Seleção em Teresópolis, região serrana do Rio, para a disputa de dois jogos pelas eliminatórias da Copa do Mundo no Catar. Por causa de uma rixa com a Nike, após a empresa romper o contrato com ele, acusando-o de não colaborar em investigação sobre assédio sexual, usou o uniforme de treino da equipe, adulterado, para desafiar a patrocinadora mais antiga da CBF.
Na oportunidade, posou para foto, publicada em 30 de maio, numa de suas redes sociais, com emojis cobrindo os símbolos da Nike na camiseta e no calção. A atitude teve repercussão mundial e muita gente ficou esperando que a CBF se manifestasse publicamente para defender sua parceira comercial, impondo alguma sanção a Neymar. Nem uma coisa nem outra, nada ocorreu. O silêncio da confederação soou estranho.
O enigma, no entanto, foi desfeito há poucos dias. Na entidade máxima do futebol brasileiro, seus dirigentes pensam e agem exatamente como Neymar. Descumprem regras em nome de interesses particulares, sem o mínimo compromisso com a história da própria Seleção.