Bruno Henrique, do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por suposta participação em esquema de fraude esportiva após supostamente forçar um cartão amarelo em um jogo contra o Santos, pelo Brasileirão de 2023, para beneficiar apostadores. Trocas de mensagens obtidas pela PF apontam que o jogador forneceu informações privilegiadas, repassadas por seu irmão a um grupo de apostadores. Os detalhes foram divulgados com exclusividade pelo Fantástico, da Rede Globo, neste domingo, 20. A defesa do jogador nega o envolvimento.
"No dia que você me deu a ideia do cartão, eu apostei R$ 3 mil pra ganhar R$ 12 mil. Só que até hoje ele não pagou. Está sob análise. O dinheiro tá todo preso lá", enviou Wander Junior, irmão de Bruno Henrique, ao jogador. Nessa conversa, que teria sido em referência ao jogo contra o Santos, Wander relatou passar por dificuldades financeiras e pediu um empréstimo ao jogador.
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Em outro momento, Wander perguntou ao irmão se ele estava com dois cartões amarelos, e se poderia ser avisado quando Bruno fosse forçar o terceiro. "Contra o Santos", respondeu o atacante do Flamengo. Wander agradeceu e disse que guardaria o dinheiro do investimento.
As mensagens foram extraídas de celulares e computadores apreendidos pela polícia. Nos materiais obtidos, há também o registro de Wander relatando à sua cunhada, Ludymilla Araújo Lima, dificuldade em fazer novas apostas em sua própria conta. Eles trocaram informações pessoais como CPFs, e-mails e datas de nascimento de terceiros, Wander a encaminhou diversos boletos de casas de apostas, e pediu para que ela efetuasse os pagamentos.
Os irmãos Wander e Bruno podem responder por fraude em competição esportiva, com pena prevista de 2 a 6 anos de prisão, além de estelionato, com pena de 1 a 5 anos. A polícia investiga se era Wander quem tinha acesso a contas abertas no nome de Ludymilla. Ao todo, além do atacante, dez pessoas foram indiciadas por estelionato.
Defesa nega
Ao Terra, a defesa de Bruno Henrique negou envolvimento no caso. "O atleta Bruno Henrique é conhecido e respeitado por sua simplicidade e comprometimento com o esporte. Nunca esteve envolvido em esquemas de apostas. Pelo contrário, acredita que o negócio de apostas deveria sofrer cada vez mais restrições pelas autoridades", pontuaram.
"As distorções que estão sendo causadas pela interpretação e divulgação indevida de mensagens privadas, fora de contexto, serão esclarecidas no curso do processo. O atleta confia que o Poder Judiciário oportunamente corrigirá a injustiça que está sendo cometida", finalizou sua defesa, assinada pelo advogado Ricardo Pieri Nunes, em nota.
O que significa ser indiciado
O indiciamento ocorre quando a polícia — nesse caso, a PF — convence-se de que existem indícios suficientes para imputar um crime a alguém. A partir desse momento, a pessoa é oficialmente tratada como suspeita.
O indiciamento é formalizado pelo delegado de polícia, com base em evidências colhidas em depoimentos, laudos periciais e escutas telefônicas, entre outros instrumentos de investigação.
Quando o inquérito é concluído, a autoridade policial encaminha o documento ao Ministério Público que passa a analisar as provas do indiciado. O órgão poderá fazer a denúncia (acusação), arquivar ou pedir mais investigações. Se considerar que há provas suficientes, é apresentada uma denúncia à Justiça.
Se for o caso, assim que o Judiciário aceita a denúncia formulada pelo Ministério Público, o denunciado passa à condição de réu e começa a responder a processo judicial. Só quando houver decisão definitiva ou não existir mais possibilidade de recurso, o denunciado é considerado culpado ou inocente. No momento, o MP ainda irá decidir se oferece a denúncia e transforma os indiciados em réus.