O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, teve várias interações muito construtivas sobre questões comerciais com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, nesta quarta-feira.
Greer disse em um evento organizado pelo Atlantic Council que os EUA gostariam de ter uma relação comercial melhor com o Brasil, mas seria necessário que ambos os lados fizessem concessões.
"Gostaríamos de ter, em curto prazo, algum tipo de acordo com o Brasil. Talvez não resolva todos os problemas, mas há coisas que eles podem fazer. Eles parecem ser parceiros bastante dispostos", disse ele. "É claro que é preciso que ambos os lados estejam dispostos a fazer concessões de fato."
Greer não deu mais detalhes sobre o cronograma ou o escopo de um possível acordo comercial entre os dois países.
As relações entre os dois países melhoraram nos últimos meses depois que Trump removeu, no mês passado, as tarifas de 40% sobre vários produtos alimentícios brasileiros, incluindo café, cacau e frutas, deixando em vigor uma tarifa básica de 10%. Trump anunciou as tarifas mais altas em agosto para punir o Brasil pelo processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, um aliado de Trump e rival de Lula.
Greer disse que o Brasil tem sido historicamente um parceiro comercial desafiador e importante, observando que os Estados Unidos estavam investigando as tarifas e políticas não tarifárias do Brasil como parte de uma investigação sobre as supostas práticas comerciais "injustas" do Brasil.
Essas práticas incluem a suspeita de desmatamento ilegal da Amazônia, o que, segundo Greer, prejudica a competitividade dos produtores de madeira dos EUA, e o que ele descreve como taxas tarifárias preferenciais do Brasil para concorrentes dos EUA.
Trump conversou com Lula sobre comércio, economia e combate ao crime organizado em uma ligação telefônica na semana passada, e Lula disse mais tarde que esperava mais reduções nas tarifas.
Além disso, Trump tinha preocupações não comerciais sobre o que ele vê como a instrumentalização das leis e do sistema judicial no Brasil, disse Greer.
Na terça-feira, Lula afirmou que disse a Trump que, se os EUA quiserem ajudar na luta contra o crime organizado no Brasil, o governo Trump deve prender um empresário brasileiro que vive em Miami, que Lula identificou apenas descrevendo-o como o maior devedor do país e como "um dos grandes chefes do crime organizado brasileiro".
No início de setembro, Lula, em um discurso contundente proferido na abertura da Assembleia Geral da ONU, também disse que a soberania brasileira não é negociável, criticando ataques externos ao Judiciário brasileiro e medidas unilaterais impostas ao país.