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Trump diz que tarifa de 50% vale para países "sem boa relação" com os EUA

O presidente americano sinalizou um piso mínimo de 15% de tarifas externas e que sanção pode alcançar 50%

24 jul 2025 - 06h56
(atualizado às 08h19)
Resumo
Trump anunciou tarifas de até 50% sobre produtos de países "sem boa relação" com os EUA, incluindo o Brasil, que prepara respostas econômicas e busca negociações para reverter a medida.
Um dos argumentos de Trump sobre aumento da taxação a produtos brasileiros é devido a "ataques insidiosos do Brasil às eleições livres"
Um dos argumentos de Trump sobre aumento da taxação a produtos brasileiros é devido a "ataques insidiosos do Brasil às eleições livres"
Foto: DW / Deutsche Welle

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (23/07) que as tarifas de 50% impostas pelo seu governo têm como alvo países que, segundo ele, não mantêm uma "boa relação" com os EUA. Embora não tenha sido mencionado diretamente, o Brasil está entre os países atingidos por ameaças de tarifas de 50%.

O presidente também sinalizou que pretende fixar um piso mínimo de 15% para as tarifas externas. "Não é possível negociar acordos com todos [os países]. Então temos uma tarifa simples e direta, [que varia de] 15% a 50%. Em alguns casos, é de 50% porque a relação não tem sido boa com esses países. Apenas dissemos 'vão pagar 50'. É assim que as coisas são".

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Pelo menos 25 países, a exemplo de parceiros históricos dos EUA, como Canadá e Japão, além da União Europeia, constam na lista.

No último dia 9 de julho, o presidente americano divulgou uma carta endereçada ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anunciando que os EUA passarão a cobrar tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados a partir de 1º de agosto.

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Em abril, Trump já havia divulgado uma lista de nações que seriam tarifadas, segundo ele, de maneira recíproca. Em episódio que ficou conhecido como "tarifaço", o Brasil tinha sido inicialmente taxado em 10%.

Ao argumentar sobre o aumento da taxação a produtos brasileiros, o presidente dos EUA disse que a decisão foi tomada devido a "ataques insidiosos do Brasil às eleições livres", criticando, assim, o processo eleitoral presidencial de 2022 e o processo que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) contra oex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, conceituando isso como "caça às bruxas".

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Trump também criticou e classificou como "secretas e ilegais" as "ordens de censura" por parte do STF em relação a empresas de mídias sociais americanas que atuam no Brasil, dizendo que isso atinge "direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos".

Brasil trabalha plano de contingência

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve ter acesso nesta quinta-feira a um plano de contingência em resposta ao tarifaço de 50% imposto pelos EUA sobre produtos brasileiros. As medidas buscam socorrer setores atingidos pelas tarifas.

O plano deve ser apresentado a Lula na semana que vem. Haddad argumenta que o projeto precisa ser avaliado pelos ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Serviços [pasta chefiada por Geraldo Alckmin] e das Relações Exteriores [Rui Costa] antes de ser levado ao Executivo.

"As áreas técnicas dos três ministérios envolvidos [Fazenda, Indústria e Relações Exteriores] vão me apresentar amanhã os detalhes. Provavelmente, semana que vem nós devemos levar para o presidente [Lula]", afirmou Haddad nesta quarta-feira, sem adiantar detalhes sobre o plano.

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O ministro da Fazenda também disse que o Brasil está buscando negociações diretas com secretários americanos, mas que a Casa Branca estaria barrando as conversas. Alckmin, por exemplo, estaria em contato com alguns secretários americanos, mas não teria recebido respostas.

"O Brasil tem um ponto, o Brasil tem razão em querer sentar à mesa, mas que o tema está muito concentrado na assessoria da Casa Branca, daí a dificuldade de entender melhor qual vai ser o movimento [dos EUA]", argumentou Haddad.

Críticas e reciprocidade

Trump já havia afirmado que o relacionamento com o Brasil "tem estado longe de ser recíproco" e que a relação comercial entre os países é "injusta". Dados do Ministério do Desenvolvimento, no entanto, apontam que o Brasil tem registrado déficits comerciais desde 2009 com os EUA.

Após o anúncio de Trump, Lula afirmou que o tarifaço de 50% a todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos seria respondido com a Lei de Reciprocidade Econômica.

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Nas redes sociais, Lula defendeu a soberania do país e disse que é falsa a alegação do presidente americano de que a taxação seria aplicada em razão de déficit na balança comercial com o Brasil. E criticou Trump, dizendo que ele "não foi eleito para ser o imperador do mundo".

Em carta, o governo brasileiro manifestou indignação com o anúncio de 9 de julho. No documento, ministros argumentam que a imposição das tarifas terá impacto "muito negativo em setores importantes de ambas as economias", colocando em risco a parceria econômica histórica entre os dois países.

gb (ots)

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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