Na contramão do exterior, dólar recua para R$ 3,73

Em dia de volume fraco no mercado financeiro, o Ibovespa permaneceu no azul, mas não conseguiu sustentar-se nos 104 mil pontos até o fechamento

22 jul 2019 - 18h12
(atualizado às 18h18)

Com o calendário esvaziado nesta segunda-feira, 22, aqui e no exterior, mas com agenda de eventos importantes nos próximos dias, os investidores operaram em compasso de espera. Em novo dia de fraco volume de negócios, o dólar voltou a cair, encerrando em baixa de 0,20%, a R$ 3,7384.

No mercado de ações, o bom desempenho dos papéis do setor financeiro foi o responsável por uma alta tímida do Ibovespa. Sem novas informações concretas sobre a reforma da Previdência, restou ao investidor aguardar eventos como o início da safra de balanços, o anúncio de medidas de estímulo à economia e, mais para o final do mês, as decisões de política monetária aqui e nos Estados Unidos. Depois de ter subido até 0,80% pela manhã, o Ibovespa terminou o dia com ganho mais modesto, de 0,48%, aos 103.949,46 pontos.

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PIB americano

No exterior, as atenções estão voltadas para a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, na sexta-feira, dia 26, e a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) na quinta (25). Os economistas do Citibank esperam que o BCE passe a indicar que um corte de juros pode vir em breve na zona do euro, o que pode enfraquecer o euro.

No exterior, o dólar teve um dia de recuperação, após as quedas da semana passada, por conta das expectativas de cortes de juros nos Estados Unidos, e subiu ante países desenvolvidos e emergentes.

Saques no FGTS

O governo deve anunciar na quarta-feira detalhes de como vai funcionar os saques no FGTS. O secretário especial de Fazenda do ministério da Economia, Waldery Rodrigues, confirmou na tarde desta segunda-feira que as regras para serão divulgadas esta semana e prometeu que não serão um "repeteco" do que já ocorreu em governos anteriores.

Na semana passada, os estrangeiros ficaram com 71% das ações em oferta de papéis subsequente do ressegurador IRB Brasil Re. Esta semana, são três ofertas de ações - BR Distribuidora, Hapvida e Movida - e a expectativa é que as operações tenham participação importante de estrangeiros.

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"A mensagem importante é que a economia do Brasil está de volta aos trilhos", ressaltam os estrategistas da gestora Franklin Templeton, Gustavo Stenzel e Marcos Mundim, em relatório. "Enquanto o Brasil ainda enfrenta alguns desafios, no geral, temos uma visão muito construtiva do País daqui para frente."

Bancos

Os ganhos dos bancos acabaram por compensar quedas importantes de outros papéis de primeira linha na Bolsa, como Vale e siderúrgicas. Entre os analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, a alta dos bancos foi uma recuperação de perdas da semana passada, mas pode também revelar uma expectativa otimista para o início da divulgação dos resultados trimestrais.

"Ações de proteína também foram destaques positivos do dia, devido à melhora de recomendação dos papéis feitas por alguns bancos e pela expectativa de que as empresas apresentem resultados melhores. Também há expectativa positiva com bancos e o mercado de certa forma antecipa um pouco os balanços desses dois setores", diz Luís Sales, analista da Guide Investimentos.

Na análise do comportamento das ações pelos índices setoriais, a alta de 1,33% do Índice Financeiro (IFNC) deixa clara a vantagem dos bancos. Nesse grupo, destaque para B3 (+2,40%) e Itaú Unibanco PN (+1,70%). Já a perda de 1,2% do Índice de Materiais Básicos (IMAT) refletiu a queda das ações da Vale e siderúrgicas. Com a queda do dólar, papéis de empresas exportadoras, como Klabin (-1,45%), também se destacaram.

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Vale em queda

No caso de Vale e siderúrgicas, um dos fatores que pesaram negativamente foi a queda dos preços do minério de ferro (-2,48% no porto de Qingdao, na China). O outro foram os números na produção da Vale, influenciados pelo rompimento da barragem de Brumadinho. Vale ON fechou com baixa de 0,51%. Entre as siderúrgicas, destaque para Usiminas PNA (-2,03%).

Estrangeiros

No aguardo de eventos aqui e lá fora, os investidores evitaram fazer muitas apostas. "O mercado operou com volume bem aquém do normal, vazio de notícias", destaca o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. A expectativa é que estrangeiros voltem com mais força ao país, após ficarem praticamente ausentes na primeira metade do ano.

Na Bolsa, apesar do desempenho bem superior à média dos emergentes, o que ainda causa algum desconforto no mercado é a contínua saída de recursos externos em julho, mesmo com o avanço concreto da tramitação da reforma da Previdência. Na última quinta-feira, os estrangeiros retiraram R$ 557,7 milhões da B3, levando o acumulado do mês a um saldo negativo de R$ 2,446 bilhões.

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