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Investidor estrangeiro diz “até logo” para a Bolsa do Brasil

1 jun 2016 - 18h32
(atualizado às 18h32)
Estrangeiros levaram de volta para casa R$ 1,5 bilhão da bolsa brasileira em maio
Estrangeiros levaram de volta para casa R$ 1,5 bilhão da bolsa brasileira em maio
Foto: Flickr/mymojo / O Financista

Os investidores estrangeiros parecem ter levado a sério o ditado do mercado financeiro “sell in May and go away” (venda em maio e vá embora) quando o assunto são ações brasileiras. E não é para menos: a transição de governo aconteceu, mas a crise política ainda assombra o país.

Os estrangeiros retiraram de forma líquida (saques menos compras) R$ 1,455 bilhão em maio até o dia 30, último dado disponível da BM&FBovespa. Nos meses anteriores o movimento foi de entrada de recursos, tanto que no acumulado do ano o saldo é positivo em R$ 11,8 bilhões. 

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“Os estrangeiros ainda estão esperando a implementação das medidas econômicas”, diz o chefe de investimentos da gestora de recursos AZ Quest Investimentos, Alexandre Silvério. Segundo ele, houve um choque de realidade sobre a situação da economia do país e da quantidade de ajustes que precisam ser feitos.

O cenário externo também contribui para essa aversão ao risco. De fevereiro para cá o ambiente era de apetite a risco no mundo, o que beneficiou os emergentes, com a perspectiva de que o Fed (banco central norte-americano) demoraria a subir os juros e de que os riscos da desaceleração da economia da China estavam controlados, além da recuperação dos preços das commodities.

Nas últimas semanas, porém, cresceu no mercado a aposta de que a alta das taxas de juros nos EUA está próxima, o que foi referendado pela própria presidente do Fed, Janet Yellen, em discurso na semana passada.

Virada

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Os gestores de recursos locais acreditavam que a saída da presidente Dilma Rousseff e a entrada de Michel Temer seria o gatilho inicial para uma entrada mais maciça de recursos estrangeiros na Bolsa e para a valorização do Ibovespa. Em maio o principal índice da bolsa brasileira marcou queda de 10%, mas no ano ainda acumula ganhos de 12%.

O BTG Pactual estimava, em abril, que se os fundos de ações estrangeiros voltassem as ter as alocações que tinham em Brasil em outubro de 2014 isso representaria uma entrada de R$ 140 bilhões na bolsa de valores brasileira.

Na época das últimas eleições presidenciais, os fundos globais tinham 1,4% do seu portfólio alocado em ações no Brasil, os fundos focados em emergentes 11,7%, os direcionados aos Brics 26,3% e os focados em América Latina 57,1%. Hoje, os globais têm 0,5%, os emergentes 5,9%, os Bric 13,2% e os latino-americanos 42,2%. Os dados são da consultoria EPFR.

As primeiras semanas do governo de Temer foram marcadas pela apresentação de uma equipe econômica aplaudida pelo mercado, assim como as medidas econômicas anunciadas, mas também por quedas de ministros.

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Ceticismo

O temor dos investidores é de que a Operação Lava Jato e o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara minem a base aliada do PMDB, comprometendo a aprovação das medidas necessárias para arrumar as contas do governo e trazer de volta o crescimento econômico.

O chefe de investimentos da Quest, porém, avalia que o mercado está cético demais. “Existem dificuldades políticas e desafios econômicos, mas estão subestimando a capacidade da equipe do novo governo, as propostas apresentadas e a reação ao primeiro escândalo”, avalia Silvério, que se diz otimista.  

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