Influenciado pela China, ouro se consolida como ativo de refúgio e fecha 2025 com alta de quase 70%

O ano de 2025 foi brilhante para o ouro. O metal precioso tornou-se um dos ativos preferidos não apenas dos investidores, mas também de países que buscam segurança financeira diante da incerteza provocada pelo agitado cenário geopolítico atual.

31 dez 2025 - 17h15

Paola Ariza, da RFI em Paris

O ouro registrou uma valorização de cerca de 70% em 2025, dando lucro para os investidores que têm predileção pelos chamados valores de refúgio. A busca por segurança com o metal precioso também beneficiou alguns países, já que o ouro atua como ativo de reserva para bancos centrais. É também uma alternativa aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, que podem representar vulnerabilidade.

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"Como vimos com a Rússia em 2022, (os títulos) podem ser congelados. É aí que se entende perfeitamente a vulnerabilidade para um país que quer ser autônomo dos Estados Unidos", explica Philippe Ferreira, responsável por economia e estratégia de mercados da consultora financeira Kepler Cheuvreux. De acordo com o especialista, o metal traz liberdade, "porque as reservas em ouro de um país ninguém pode tocar".

Papel da China

Segundo o economista, a China foi decisiva para a alta do preço do ouro. "A partir de 2022, o Banco Central chinês começou a comprar muito ouro e entendemos então que era uma estratégia de longo prazo para diversificar suas reservas cambiais", afirmou, explicando que essas reservas estavam majoritariamente em títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

Nos últimos três anos, a China aumentou substancialmente suas compras de ouro e ocupa a sexta posição, atrás de Estados Unidos, Alemanha, Itália, França e Rússia — os países com as maiores reservas de ouro do mundo.

A dívida pública das grandes potências e a bolha no setor de inteligência artificial são outros fatores que impulsionam o preço do metal, cujo movimento de alta também contagiou a prata e o platina.

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Nem tudo é seguro

No entanto, analistas como Ferreira alertam que a ideia de que metais como o ouro são totalmente seguros é uma falsa crença que pode trazer riscos. "O ouro é um ativo arriscado que não distribui dividendos e que pode se mover de forma brutal", disse Ferreira, lembrando que houve períodos entre 2010 e 2020 nos quais o ouro não gerou ganhos. "Os investidores têm que ser um pouco cautelosos".

Especialistas de mercado estimam que o ouro pode continuar sua trajetória de alta em 2026, embora isso dependa de vários fatores, incluindo dinâmicas de crescimento e inflação.

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