Ibovespa cai mais de 2% e fecha abaixo de 159 mil pontos

16 dez 2025 - 18h41

O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, abaixo dos 159 mil pontos, com o Banco Central não dando pistas sobre o começo dos cortes da Selic, enquanto dados sobre a economia norte-americana também pouco ajudaram na definição de apostas sobre as próximas decisões do Federal Reserve.

Nova pesquisa eleitoral também repercutiu na sessão, conforme a disputa presidencial no Brasil em 2026 entra cada vez mais no radar de investidores na bolsa paulista.

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Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,4%, a 158.577,88 pontos, fechando na mínima do dia, após marcar 162.481,74 na máxima. A queda ocorre após quatro altas seguidas. No ano, o Ibovespa ainda sobe mais de 30%. O volume financeiro no pregão somou R$31,6 bilhões.

Antes da abertura da B3, o BC divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual afirmou que a condução cautelosa da política monetária tem contribuído para ganhos desinflacionários, mas reafirmou o firme compromisso com o mandato da instituição de levar a inflação à meta de 3%.

O documento é referente à decisão da semana passada, quando a Selic foi mantida em 15% ao ano, maior nível em quase 20 anos.

Economistas não chegaram a um consenso sobre a sinalização da autoridade monetária, com vários mantendo a previsão de corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros em janeiro e outros avaliando que o BC "elevou a barra" para uma redução em janeiro ou mantendo o prognóstico de corte apenas em março.

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Para sócio e advisor da Blue3 Investimentos Willian Queiroz, parte do movimento negativo na bolsa está relacionada a uma correção daqueles que apostavam em um corte da Selic em janeiro e podem ter mudado de posição após a ata. Após a ata, ele avalia que a probabilidade de 2026 começar sem corte de juros é grande.

Nos EUA, por sua vez, o Departamento do Trabalho divulgou que a economia norte-americana abriu 64 mil postos de trabalho fora do setor agrícola em novembro, ante previsão de criação de 50 mil vagas, enquanto a taxa de desemprego ficou em 4,6%, acima da estimativa de 4,4% em pesquisa da Reuters.

"Em meio a um nível elevado de ruído, o sinal geral do mercado de trabalho permanece misto", afirmaram os economistas do BTG Pactual, acrescentando que a criação de empregos no setor privado continua a mostrar certa resiliência, mas o aumento da taxa de desemprego merece monitoramento atento.

"Se a alta recente do desemprego se mostrar temporária, impulsionada pela normalização das demissões temporárias, os dados continuam compatíveis com a manutenção da taxa de juros", escreveram Luiza Paparounios e Francisco Lopes em relatório enviado a clientes nesta terça-feira.

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"No entanto, se o desemprego se estabilizar em torno de 4,6% juntamente com um aumento das demissões permanentes, podem surgir discussões sobre a retomada do ciclo de afrouxamento monetário do Fed já no primeiro semestre de 2026", ponderaram, referindo-se ao Federal Reserve, banco central norte-americano.

O segundo pregão da semana ainda teve como pano de fundo pesquisa Genial/Quaest que mostrou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com 41% das intenções de voto em um cenário de primeiro turno, seguido do senador e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PL), com 23%, e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 10%.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 2,58%, com o setor como um todo em baixa, sucumbindo à correção negativa no mercado acionário brasileiro. No ano, porém, Itaú ainda sobe quase 60%. BRADESCO PN recuou 2,75%, mas a performance do ano ainda mostra alta de cerca de 75%. Ainda no setor, BANCO DO BRASIL ON perdeu 1,36% e SANTANDER BRASIL UNIT mostrava declínio de 3,58% no dia.

- BTG PACTUAL UNIT recuou 5,22%, após quatro altas seguidas, com noticiário também incluindo aprovação de aumento de capital e juros sobre capital próprio. O BC também aprovou a incorporação do Banco Pan pelo BTG. No ano, as units ainda somam uma valorização em torno de 100%.

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- PETROBRAS PN fechou em baixa de 3,03% e PETROBRAS ON registrou queda de 2,74%, seguindo o recuo dos preços do petróleo no exterior. Investidores seguem monitorando a greve de trabalhadores da estatal, que já atingiu 24 plataformas de petróleo e oito refinarias, entre outras unidades. A Petrobras afirma que não há impacto na produção de petróleo e derivados.

- BRAVA ENERGIA ON avançou 2,47%. Reportagem publicada pelo blog Pipeline, do Valor Econômico, afirmou que a companhia está negociando a venda de três poços de gás para a Eneva, em transação que pode movimentar US$450 milhões. Ainda de acordo com o blog, sem citar fontes, a colombiana Ecopetrol também estuda uma oferta não vinculante por um bloco de ações da Brava, de 15%.

- VALE ON subiu 0,38%, resistindo ao viés negativo, apoiada no avanço dos futuros do minério de ferro na China. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou a sessão do dia com alta de 1,06%.

- RUMO ON recuou 6,94%, um dia após a sua controladora Cosan vender ações da transportadora ferroviária, equivalentes a cerca de 4,98% do capital social da companhia, e, em paralelo, firmar instrumentos derivativos que representam exposição econômica correspondente. A operação, segundo a Cosan, faz parte da estratégia de gestão de liquidez e de caixa e não reduz os direitos políticos e econômicos em relação à Rumo.

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