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Como a conversa de Lula e Trump foi recebida por setores afetados pelo tarifaço no Brasil

Videochamada deixa indústrias têxtil e de máquinas esperançosas de acordo que elimine a sobretaxa a produtos brasileiros e até traga novas oportunidades; veja o que dizem entidades dos setores

6 out 2025 - 19h46
(atualizado às 19h51)

Os setores afetados pelo tarifaço imposto a exportações brasileiras pelos Estados Unidos reagiram com otimismo à notícia de que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump tiveram uma conversa de cerca de meia hora por videochamada nesta segunda-feira, 6. Para entidades dos setores têxtil e de máquinas industriais, o diálogo pode significar um avanço para abertura de mais exceções às tarifas ou para um acordo comercial.

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Para José Velloso, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a entidade da indústria de máquinas e equipamentos, a conversa telefônica entre os presidentes corresponde a um movimento no tabuleiro que estava previsto. O setor foi um dos mais atingidos pelo tarifaço.

Velloso diz crer numa ampliação da lista de exceções às tarifas mais altas da política comercial do governo americano, que, após negociar com as economias prioritárias, com quem os EUA têm os maiores déficits comerciais, passa a dar atenção agora ao Brasil. "Agora é a vez do Brasil", diz o executivo.

Presidente da Abimaq avalia que Brasil e EUA podem avançar no ano que vem para um acordo comercial mais amplo, abrindo a oportunidade para que as relações comerciais saiam do tarifaço melhor do que entraram
Presidente da Abimaq avalia que Brasil e EUA podem avançar no ano que vem para um acordo comercial mais amplo, abrindo a oportunidade para que as relações comerciais saiam do tarifaço melhor do que entraram
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

"Eu acredito que agora vão aparecer mais exceções, aquelas exceções de interesse de empresários norte-americanos. Acredito que alguns produtos vão sair dessa lista de 50%, devem ir para os 10%", prevê o presidente da Abimaq. Ele avalia que Brasil e EUA podem avançar no ano que vem para um acordo comercial mais amplo, abrindo a oportunidade para que as relações comerciais saiam do tarifaço melhor do que entraram.

"O Brasil é muito importante na estratégia norte-americana na América Latina", observa Velloso, acrescentando que o governo dos EUA sofreu pressão de doadores de campanha e de grandes empresas americanas com negócios no Brasil. Esses interesses, acrescenta, agora começam a prevalecer sobre as questões políticas que influenciaram Trump a elevar as tarifas contra o Brasil.

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Indústria têxtil

A reação da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) é semelhante.

"Vemos com muito bons olhos esse primeiro contato, e esperamos que o desdobramento seja positivo para que nós encontremos caminhos de preservar essa relação tão histórica e tão importante para o Brasil e para a nossa indústria em particular", comenta Fernando Valente Pimentel.diretor-superintendente da Abit.

Ele diz que vê o contato de maneira positiva porque o restabelecimento das boas relações entre Brasil e Estados Unidos depende não apenas da diplomacia empresarial, exercida por empresários que se movimentaram para convencer Trump a recuar nas tarifas contra os produtos brasileiros, mas também da diplomacia governamental.

"É o que tem de acontecer. São países que estão juntos há mais de 200 anos, os Estados Unidos são o maior investidor estrangeiro no País, o segundo maior parceiro comercial, compram produtos industrializados", acrescenta Pimentel.

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