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Com conselhos estratégicos e ‘sala de guerra’, empresas que não foram isentas montam plano para sobreviver a tarifa de 50%

Tarifa de 50%, antes prevista para esta sexta-feira, 1º, entra em vigor em 6 de agosto com quase 700 exceções

31 jul 2025 - 04h59
(atualizado às 07h46)
Resumo
Empresas brasileiras afetadas pela tarifa de 50% dos EUA adotam conselhos estratégicos e "salas de guerra" para mitigar prejuízos, redesenhar operações e buscar liquidez, enquanto setores como carnes e café preveem perdas bilionárias.
Trump afirmou que havia dado um prazo de 50 dias, mas não viu progresso
Trump afirmou que havia dado um prazo de 50 dias, mas não viu progresso
Foto: Andrew Harnik/Getty Images

Empresas brasileiras que não foram isentas do tarifaço de 50% sobre os produtos feitos no Brasil e vendidos ao mercado norte-americano devem intensificar o uso de conselhos estratégicos para redesenhar operações e mitigar os prejuízos bilionários que virão com a guerra comercial desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

De acordo com Mary Elbe Queiroz, presidente do Centro Nacional para a Prevenção e Resolução de Conflitos Tributários (Cenapret), os conselhos são criados em momentos de instabilidade global e podem contribuir por meio de avaliações de riscos tributários e indicar caminhos para proteger a empresa de impactos cambiais e comerciais. São esses órgãos que oferecem visão técnica e integrada para avaliar riscos e redesenhar rotas de exportação.

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“Em cenários de instabilidade global como o provocado pelas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos, o papel dos conselhos de administração e consultivos torna-se ainda mais relevante. Esses órgãos funcionam como núcleos de inteligência estratégica, capazes de orientar a alta gestão na tomada de decisões rápidas e embasadas, inclusive em temas fiscais e regulatórios”, explica.

Julio Amorim, especialista em planejamento e CEO da Great Group, consultoria especializada em planejamento, gestão e estruturação de empresas, afirma que as empresas precisam agir com método e velocidade. Segundo ele, o primeiro passo é revisitar a matriz SWOT com profundidade, identificando vulnerabilidades reais. Em seguida, mapear riscos estratégicos e operacionais de câmbio a logística. 

“É hora de montar um plano emergencial, com ações claras e responsáveis por executá-las. E, principalmente, criar uma sala de guerra (war room): um comitê ágil, multidisciplinar, com autonomia para decidir e reagir rápido. Esse time deve revisar cenários diariamente, ajustar rotas. Redesenhar a operação é urgente com foco em liquidez, flexibilidade e inteligência de mercado”.

Prejuízo setorial

O decreto presidencial assinado por Donald Trump que estipula o tarifaço de 50% sobre os produtos feitos no Brasil tem 694 exceções. Entre elas, suco de laranja, derivados de petróleo, parte dos produtos de aço, celulose e aviação ficaram de fora da taxação. Ainda assim alguns produtos de importante peso na balança devem contabilizar perdas significativas. A lista não contempla, por exemplo, café, carnes, frutas ou pescados.

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Segundo estimativa preliminar da Leme Consultores, as exceções ao tarifaço atingem mais de 40% das exportações brasileiras para os EUA. De janeiro a junho deste ano, o Brasil exportou US$ 20 bilhões (cerca de R$ 111 bi) para os Estados Unidos. Desse total, US$ 8,2 bilhões --R$ 45,7 bi-- (41%) são de produtos que figuram na lista de exceções de Trump, enquanto US$ 11,81 bilhões (R$ 65,89 bi) são produtos que foram atingidos (59%).

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que representa empresas como a JBS e a Marfrig, estimou perdas de US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões) com a nova tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras. Os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações de carne bovina do Brasil, depois da China.

Stefânia Ladeira, especialista em comércio exterior e gerente de produtos da Saygo Comex, ressalta que as empresas vão ter que trabalhar com os dados para saber o real impacto para o seu negócio. Há empresas que o impacto vai ser grande, porque o material que trabalham, como carnee café, são exportados em sua maioria para os Estados Unidos. 

Julio Amorim enfatiza que, neste primeiro momento, é importante agir onde dói mais, que é no caixa. E isso passa por um posicionamento. “Sem reposicionamento rápido no mercado, a estratégia vai para a produção. Muitas já adotam férias coletivas, redução de turnos e ajustes logísticos para ganhar fôlego. Outras redirecionam esforços para mercados menos afetados. Quem esperar estabilidade, vai sufocar. O momento exige estratégia para oxigenar”.

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Fonte: Redação Terra
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