O Ministério do Comércio da China apelou ao México que corrija "práticas unilaterais e protecionistas" o mais rápido possível. O governo da superpotência afirmou que aumentos tarifários anunciados na quarta-feira, 10, pelo país latino-americano prejudicam os interesses chineses.
A manifestação do país asiático foi publicada no site do ministério, nesta quinta-feira, 11, depois de o Congresso mexicano ter aprovado um aumento de pelo menos 35% nas tarifas de importação de 1,4 mil produtos de 12 países, entre eles o Brasil e a China, o principal afetado. A expectativa é de que as novas tarifas entrem em vigor em 1º de janeiro.
Embora as tarifas aprovadas pelo Congresso mexicano tenham sido reduzidas em relação ao anúncio inicial, ainda ferem os interesses nacionais da China, disse o ministério.
A China prosseguirá com a investigação sobre barreiras comerciais e de investimento do México, aberta em setembro, após o governo mexicano anunciar planos de elevar tarifas sobre importações de bens de países sem acordo de livre-comércio com o México.
A proposta inicial, voltada a fortalecer indústrias locais e substituir importações da Ásia, afetava cerca de US$ 52 bilhões em compras, informou à época o Ministério da Economia mexicano.
"Esses produtos já tinham tarifa...o que faremos é elevá-la até o teto permitido pela Organização Mundial do Comércio", disse o ministro da Economia, Marcelo Ebrard.
Os investimentos chineses no México cresceram nos últimos anos e ampliaram o comércio bilateral. Mas a enxurrada de exportações chinesas também ameaça a virada do México para a manufatura de alto valor agregado, e aumenta a pressão da administração de Donald Trump por uma postura comercial mais dura em relação ao principal rival americano no comércio internacional.
Pequim já havia advertido o México a reconsiderar os aumentos e feito ameaça de retaliação.
Segundo o ministério chinês, os reajustes podem até atender à próxima revisão do acordo EUA-México-Canadá (USMCA), mas nenhum pacto deve vir às custas do comércio global ou lesar interesses legítimos da China.
Nesta semana, o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, afirmou que o USMCA poderá ganhar nova configuração após ser renegociado em 2026.
O ministério chinês disse valorizar os laços com o México e esperar que o país trabalhe com Pequim para resolver diferenças e aprofundar a cooperação. "Esperamos que o México leve essas preocupações a sério e proceda com cautela", acrescentou.
O México tem acordos de livre-comércio com mais de 50 países, incluindo o Japão. Entre aqueles com os quais não tem acordo, a China desponta como um dos maiores exportadores. Outros destaques são Coreia do Sul e Índia.
Coreia do Sul, Índia, Indonésia, Rússia, Tailândia, Turquia e Taiwan estão entre os parceiros comerciais taxados.