As cenas de Lilia Cabral na clínica psiquiátrica onde foi internada contra sua vontade são aulas de atuação em ‘Fuzuê’. Há força dramática em cada olhar, cada lágrima, cada expressão natural da atriz de 66 anos.
O drama é convincente. Desperta a vontade de entrar na tela da TV para resgatar aquela mãe maltratada pela filha, a insensível e gananciosa Preciosa (Marina Ruy Barbosa). A sofrida Bebel suscita nosso senso de empatia e justiça.
Demorou para que os autores da novela das 19h da Globo dessem no roteiro a merecida relevância para a personagem e a atriz. Causava estranhamento ver uma potência como Lilia Cabral em papel mal desenvolvido.
As mudanças para tentar elevar a audiência da novela acertaram ao investir nas dores emocionais de Bebel, corajosa a ponto de enfrentar o mau-caratismo da filha e defender a heroína prejudicada Luna (Giovanna Cordeiro).
Lilia Cabral sempre imprime humanidade às personagens, ou seja, são mulheres críveis por não serem caricatas. A artista trabalha sutilezas e contradições. O público acredita nela e passa a torcer a favor ou contra. Esse estímulo ao posicionamento do telespectador é algo cada vez mais difícil de conseguir.
Os autores de ‘Fuzuê’ precisam investir mais nessa rivalidade entre mãe e filha, e também na relação entre Bebel e outra mãe-coragem da história, Maria Navalha (Olívia Araújo). Seria interessante vê-las como aliadas ou rivais.
Como Lilia Cabral é fantástica. #Fuzue pic.twitter.com/XlCAa0sHDk
— Sérgio Santos (@ZAMENZA) November 1, 2023
