Susana Vieira é uma das maiores atrizes da TV brasileira e uma diva adorada nas redes sociais. Parte da popularidade vem da verborragia: ela não tem medo de desagradar, muito menos de ser cancelada.
Mas a insistência em criticar a Globo pode explicar a ausência das novelas. Ainda que as declarações sejam feitas sempre com bom humor e baseadas na realidade, geram uma repercussão ruidosa na imprensa.
Recentemente, a atriz se queixou dos novatos escalados pela emissora, da redução no salário, do convite para estrelar o ‘Falas da Vida’ sobre a terceira idade e até do corte do peru de Natal dos funcionários do canal. Manifestou ainda o inconformismo com a falta de papéis.
Antes, atacou a entrega de capítulos por celular, a oportunidade concedida a ex-BBBs nas novelas e as imitações dela, feitas por humoristas da casa.
A liberdade de expressão dá a Susana o direito de questionar publicamente a emissora onde trabalha desde 1970, porém, há o efeito colateral: a interpretação de que as reclamações recorrentes representam indelicadeza ou até ingratidão.
A mídia aproveita essa sinceridade cortante em manchetes chamativas que geram audiência. A atriz acaba superexposta e a Globo fica em situação desconfortável — sabiamente, prefere não rebater.
A franqueza que aproxima a atriz do público na internet é a mesma que, dentro da TV, pode fechar portas em decisões silenciosas de bastidor. A crítica constante transforma a ausência em narrativa: falta papel porque reclama, reclama porque não tem papel.
Em um ambiente cada vez mais orientado por planejamento, compliance e gestão de imagem, as emissoras priorizam artistas que somem valor sem gerar desgaste público.
Não se trata de censura ou veto formal, mas de uma lógica empresarial: escalar alguém que, fora de cena, alimenta polêmicas recorrentes pode implicar custo desnecessário de reputação.
Em relação ao distanciamento dos estúdios, ainda que continue contratada, Susana precisa assimilar os novos tempos: as novelas atuais contam com elencos mais enxutos e maior aposta em renovação — inclusive por razões orçamentárias.
Veteranos só retornam quando há papéis muito bem desenhados ou participações especiais impactantes. É uma maneira de valorizá-los. Não seria justo colocá-los em papéis coadjuvantes em relevância nas tramas.
Aos 83 anos e com seis décadas de sucessos na televisão, Susana Vieira pode não se sentir sentada no trono, mas continua rainha.
