Líderes de audiência, a Globo e a GloboNews devem ter um 2026 atípico: cobrir a campanha eleitoral à Presidência da República sem ser alvo de nenhum candidato, seja da direita ou da esquerda.
Bem diferente de 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro estava em guerra contra os dois canais por discordar da linha editorial.
Ele chegou a dizer que não assinaria a renovação da concessão da Globo, gerando preocupação na cúpula da emissora. Manteve o suspense até dez dias antes de terminar o mandato, quando finalmente editou o decreto dando mais 15 anos de autorização de transmissão à TV da família Marinho.
A hostilidade do líder da direita já existia em 2018. Naquela eleição, a Globo era demonizada também por Lula, que estava preso na PF de Curitiba e fazia recorrentes provocações ao canal e ao âncora William Bonner para conseguir uma entrevista — nunca realizada.
Agora, com Bolsonaro inelegível cumprindo pena em Brasília e Lula em versão ‘paz e amor’ com a imprensa, a Globo e a GloboNews poderão exercer o papel de observadoras do processo eleitoral sem o peso de ataques sistemáticos e campanhas de deslegitimação.
Mas sem ilusões: eventuais ofensivas acontecerão. A emissora continua a dividir opiniões, ora desagradando a conservadores, ora irritando os progressistas.
Bonner fora do jogo
Nas últimas duas eleições presidenciais, William Bonner foi alvo de críticas, xingamentos e ameaças. Tratado como ‘inimigo’ por esquerdistas e direitistas.
Centralizaram nele o ódio pelo colossal poder de influência da Globo e seu jornalismo incisivo, considerado tendencioso por numerosa parcela de telespectadores.
Em 2026, Bonner estará fora do tabuleiro. Seu sucessor no ‘Jornal Nacional’, César Tralli, será provavelmente o líder da cobertura da campanha, apresentador dos debates e principal âncora da apuração.
Visto como ‘isentão’, Tralli nunca enfrentou hostilidade de políticos nem onda de ódio na internet.
Resta conferir se chegará ileso ao final do pleito.