Sem Bolsonaro e em paz com Lula, Globo deverá fazer cobertura eleitoral sob menos pressão

Emissora vive momento tranquilo com o Poder Executivo após anos tensos em que até sofreu ameaça de ser tirada do ar

28 nov 2025 - 08h45
(atualizado às 08h45)

Líderes de audiência, a Globo e a GloboNews devem ter um 2026 atípico: cobrir a campanha eleitoral à Presidência da República sem ser alvo de nenhum candidato, seja da direita ou da esquerda.

Bem diferente de 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro estava em guerra contra os dois canais por discordar da linha editorial.

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Ele chegou a dizer que não assinaria a renovação da concessão da Globo, gerando preocupação na cúpula da emissora. Manteve o suspense até dez dias antes de terminar o mandato, quando finalmente editou o decreto dando mais 15 anos de autorização de transmissão à TV da família Marinho.

A hostilidade do líder da direita já existia em 2018. Naquela eleição, a Globo era demonizada também por Lula, que estava preso na PF de Curitiba e fazia recorrentes provocações ao canal e ao âncora William Bonner para conseguir uma entrevista — nunca realizada.

Agora, com Bolsonaro inelegível cumprindo pena em Brasília e Lula em versão ‘paz e amor’ com a imprensa, a Globo e a GloboNews poderão exercer o papel de observadoras do processo eleitoral sem o peso de ataques sistemáticos e campanhas de deslegitimação.

Mas sem ilusões: eventuais ofensivas acontecerão. A emissora continua a dividir opiniões, ora desagradando a conservadores, ora irritando os progressistas.

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Bolsonaro e Lula no debate final, na Globo, em outubro de 2022: a guerra contra a Globo acabou
Bolsonaro e Lula no debate final, na Globo, em outubro de 2022: a guerra contra a Globo acabou
Foto: Reprodução

Bonner fora do jogo

Nas últimas duas eleições presidenciais, William Bonner foi alvo de críticas, xingamentos e ameaças. Tratado como ‘inimigo’ por esquerdistas e direitistas.

Centralizaram nele o ódio pelo colossal poder de influência da Globo e seu jornalismo incisivo, considerado tendencioso por numerosa parcela de telespectadores. 

Em 2026, Bonner estará fora do tabuleiro. Seu sucessor no ‘Jornal Nacional’, César Tralli, será provavelmente o líder da cobertura da campanha, apresentador dos debates e principal âncora da apuração.

Visto como ‘isentão’, Tralli nunca enfrentou hostilidade de políticos nem onda de ódio na internet.

Resta conferir se chegará ileso ao final do pleito.

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César Tralli enfrentará a prova de fogo de ancorar a cobertura eleitoral no lugar de Bonner
Foto: Reprodução/Facebook
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