Teatros de São Paulo viram atores consagrados e novas inaugurações em 2025

Cenário teatral da capital paulista foi movimentado neste ano, com nomes como Othon Bastos, Vera Fischer e Marco Nanini subindo aos palcos e sucesso do blockbuster 'Wicked'

29 dez 2025 - 15h27

O ano de 2025 mostrou que o teatro está mais vivo do que nunca. A cena teatral de São Paulo assistiu às inaugurações de novos espaços na capital paulista, com o retorno do teatro ao Teatro Cultura Artística, e viu a liberdade com que atores já consagrados subiram ao palco.

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Nomes como Othon Bastos, Vera Fischer, Marco Nanini, Claudia Raia e Andrea Beltrão apostaram em projetos próprios. O movimento vem após uma série de encerramentos de contratos de exclusividade com a Globo, a maior empregadora da cena artística, e demonstra o interesse deles em estar em contato com a arte milenar do teatro.

Othon Bastos apresentou o monólogo 'Não Me Entrego, Não!' em São Paulo.
Othon Bastos apresentou o monólogo 'Não Me Entrego, Não!' em São Paulo.
Foto: Pedro Kirilos/Estadão / Estadão

Em entrevista ao Estadão em agosto, Vera Fischer falou sobre a dificuldade de veteranos em conseguir papéis na TV. "Nos meus últimos trabalhos, recebi papéis bem sem graça que me fizeram sofrer. Hoje, os salários caíram tanto que, se não vale a pena nem sob o ponto de vista financeiro, é melhor não fazer", disse ela à época.

Uma onda de ingressos esgotados também fez parte de 2025. Alguns já eram esperados: o "blockbuster" Wicked permaneceu nove meses em cartaz e viu a busca por ingressos duplicar após o lançamento de Wicked: Parte 1, com Ariana Grande e Cynthia Erivo, no ano passado.

'Wicked' foi um dos grandes destaques no teatro em 2025.
Foto: Taba Benedicto/ Estadão / Estadão

Mas companhias consagradas da cena teatral também tiveram uma alta procura. Antes mesmo da estreia, (Um) Ensaio Sobre a Cegueira, do Grupo Galpão, já tinha todas as sessões esgotadas no Sesc 24 de Maio. A peça 7 Gatinhos, adaptação de Nelson Rodrigues encenada no Teatro Oficina durante a semana, também causou burburinho e esgotou as entradas rapidamente.

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O Estadão separou os principais destaques no teatro que movimentaram a cena teatral em 2025. Confira abaixo.

Inauguração de novos espaços e desafio para Teatro de Contêiner

O ano teve uma onda de inaugurações de espaços culturais em São Paulo, alguns repaginados e outros imaginados do zero. Desde agosto, o Centro Cultural iBT ocupa 12 andares de um prédio na Avenida Brigadeiro Luís Antônio que, antes, estava praticamente abandonado. O espaço é gerido pelo Instituto Brasileiro de Teatro (iBT) e tem uma programação rica.

Em maio, o teatro finalmente voltou ao Teatro Cultura Artística. O espaço já havia recebido peças históricas com nomes como Antônio Fagundes, Juca de Oliveira e Paulo Autran (1922-2007), mas era órfão de uma programação teatral desde a reinauguração, em agosto do ano passado.

O retorno foi gradual e com uma das companhias paulistas mais consagradas, o Grupo Tapa. O grupo fez uma temporada de Freud e o Visitante, peça escrita pelo belga Éric-Emmanuel Schmitt, sob direção de Eduardo Tolentino de Araujo.

Teatro voltou ao Teatro Cultura Artística com 'Freud e o Visitante'.
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

Na segunda metade do ano, São Paulo recebeu as inaugurações do BTG Pactual Hall, o antigo Teatro Alfa, e do Teatro YouTube, o antigo Eva Herz, no Conjunto Nacional. A abertura do BTG Pactual Hall contou com uma estreia do musical Hair e, a do Teatro YouTube veio com uma releitura de Hamlet, clássico de Shakespeare: Hip Hop Hamlet.

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Do outro lado, porém, alguns espaços enfrentaram desafios em 2025. Em maio, o Teatro de Contêiner, sede da Cia Mungunzá, recebeu uma ordem de despejo da Prefeitura de São Paulo sob a justificativa da construção de um conjunto habitacional no local. À época, a Prefeitura disse ter convocado reuniões com representantes da companhia, que não teriam comparecido. O despejo ainda não foi concretizado e o teatro segue se manifestando em defesa do espaço.

Grandes nomes nos palcos

Foram quase incontáveis os nomes consagrados que se apresentaram nos palcos da capital paulista. Maria Fernanda Cândido, Mateus Solano, Susana Vieira, Gabriela Duarte, Zezé Polessa, Reynaldo Gianecchini e Dan Stulbach estiveram entre eles.

Aos 91 anos, Othon Bastos marcou a cena teatral com seu monólogo autobiográfico Não me Entrego, Não!. Aos 77, Marco Nanini voltou ao teatro com O Traidor, escrita e dirigida por Gerald Thomas.

Marco Nanini voltou ao teatro com 'O Traidor'.
Foto: Alex Silva/Estadão / Estadão

Por falar em Gerald Thomas, o diretor encerrou o ano com a estreia de seu novo espetáculo, Sabius, Os Moleques. A peça, na definição dele, é "um atestado de loucura sobre o estado mental de um planeta que se protege há 80 anos para não explodir em uma nova guerra mundial".

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Em entrevista ao Estadão, Thomas refletiu sobre os desafios e as vitórias recentes do teatro. Três dias antes da estreia, ele havia criado uma cena em que a atriz Fabiana Gugli e o ator Jefferson Schroeder apareciam sentados à beira do palco, a menos de 10 metros da primeira fileira de poltronas, e ressaltou a importância do "contato humano" proporcionado pela arte teatral.

Gerald Thomas estreou 'Sabius, Os Moleques'.
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

"Nesta hora, eu me pergunto por que tanto cenário se basta colocar o ator cara a cara com a plateia para gerar uma identificação", declara. "Talvez assim, sem distância alguma, seja retomado o diálogo com o público que faz falta no teatro."

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