A novelista Glória Perez revelou detalhes sobre seu pedido de demissão da TV Globo. A autora, que criou novelas como "O Clone" e "Caminho das Índias", contou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que a decisão de sair da emissora ocorreu após a direção barrar uma de suas tramas.
A novela, que se chamaria "Rosa dos Ventos", abordaria o tema do aborto. Glória Perez disse que a emissora manifestou receio de "desagradar algumas áreas". A autora defendeu sua capacidade de lidar com temas delicados e afirmou que a liberdade de discutir temas sensíveis é sua "assinatura".
"Eu decidi pôr um ponto final porque meu contrato acabaria quando terminasse esta novela que foi barrada. Decidiram adiar a novela por causa do aborto. Aí eu falei 'gente, se tem uma pessoa que sabe tocar com delicadeza nesse tipo de tema, sou eu, a minha história toda mostra isso'. Mas aí veio o medo de desagradar algumas áreas", disse.
A autora afirmou que se sentiu "engessada" e incapaz de fazer as novelas que queria. Por isso, optou por rescindir o contrato. A emissora queria que ela assinasse um contrato de extensão, mas ela não aceitou.
"A minha assinatura é lidar com temas delicados e trazer o público para a discussão. Se eu não puder fazer isso, eu acabo. A emissora queria que eu assinasse um contrato de extensão para fazer a próxima novela, que viria depois de Três Graças, do Aguinaldo Silva. Eu falei que não me interessava e que queria rescindir o contrato.", revelou.
Em outro momento da entrevista, Glória Perez expressou sua oposição a regravações de novelas. A novelista, que escreveu o remake de "Pecado Capital" em 1998, disse que teve uma "péssima experiência" com o formato.
Sobre a nova versão de "Vale Tudo", a autora afirmou que não acompanha a trama: "Eu vi só o primeiro e o segundo capítulo. Tive uma péssima experiência com remake. Não gosto e não acredito neles".
Glória Perez defendeu que o remake de "Pantanal" foi uma exceção porque a novela original passou na TV Manchete, que tinha uma audiência menor. Ela disse que, na maioria dos casos, as versões originais são as que ficam na memória do público.