Carnaval de SP: depoimentos levam delegado a crer em ação orquestrada
23 fev2012 - 15h04
(atualizado às 23h02)
Marina Azaredo
Direto de São Paulo
A Polícia tem dez dias para concluir o inquérito sobre o tumulto ocorrido na terça-feira (21) durante a apuração de votos no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, mas, para o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, que ajuda na investigação, alguns pontos já podem ser considerados esclarecidos. Por meio da análise de imagens de televisão e de pontos coincidentes entre os depoimentos de Cauê Santos Pereira, 20, da Gaviões da Fiel, e Tiago Ciro Tadeu Faria, 29, da Império de Casa Verde, ele já vê como praticamente certa a possibilidade de que o acontecimento fez parte de uma ação orquestrada pelas escolas de samba.
"Parece que o próprio Tiago (homem que iniciou os tumultos ao invadir a banca de jurados e rasgar os papeis com as notas das escolas) já esperava ser preso, acreditando que viria a ser considerado um herói pela comunidade", disse à imprensa Gonçalves, do Deatur (Delegacia Especial de Atendimento ao Turista) na tarde desta quinta-feira (23). "Ele alegou que fez aquilo porque lhe disseram que ninguém seria rebaixado, segundo um acordo que haviam feito".
O que mais intrigou o delegado, no entanto, foi o fato de Cauê ter dito exatamente as mesmas coisas que Tiago no depoimento, algo visto por ele como inviável pela própria distância física entre os dois no sambódromo. "Não havia tempo para eles combinarem nada", analisou, comentando ainda sobre o estranho local em que Tiago estava no momento da apuração, normalmente usado apenas por integrantes da "velha guarda da escola". "Está há três meses no samba e já está na janelinha?", ironizou.
Representantes de todas as agremiações supostamente envolvidas no acordo serão ouvidos pela polícia e poderão responder por formação de quadrilha e dano ao patrimônio público. Nove pessoas já foram intimadas a depor.
O delegado afirmou que já tem elementos suficientes para punir as agremiações.
Incêndio
Se o acordo que gerou tumulto na apuração do Carnaval paulistano é fruto de investigação profunda, a origem das chamas que se alastraram por um carro alegórico da Pérola Negra já é considerada esclarecida pela polícia. Segundo Gonçalves, o incêndio foi claramente causado por membros da Gaviões da Fiel, que neste ano competiu pela primeira vez com duas torcidas organizadas rivais no Sambódromo do Anhembi: a Mancha Verde, do Palmeiras, e a Dragões da Real, do São Paulo.
O fogo, no entanto, teria sido causado por uma confusão, consequência da rivalidade entre as torcidas. "Está claro pela imagem que foram eles, mas acredito que, pelo fato de o carro ser verde, eles o incendiaram por acharem que era da Mancha Verde".
Entenda o caso
Uma confusão promovida por integrantes de escolas de samba interrompeu a apuração do Carnaval de São Paulo na terça-feira (21). Faltando apenas uma nota dez para assegurar o título à Mocidade Alegre, Tiago Ciro Tadeu Faria, 29, integrante da Império de Casa Verde, invadiu a área de apuração, tomou o último envelope das mãos do leitor e o rasgou.
O tumulto se espalhou pelo entorno do Sambódromo. Torcedores foram filmados chutando os portões próximos à área da dispersão. Pouco depois, um carro alegórico da Pérola Negra foi incendiado por um grupo de torcedores da Gaviões da Fiel. A alegoria tinha estrutura de palha, representando um índio gigante, e foi totalmente destruída pelo fogo.
O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, da Deatur, anunciou a detenção de Tiago, principal responsável pelo início do tumulto. Cauê Santos Pereira, 20, integrante da Gaviões da Fiel, também foi detido, por atirar objetos.
A polícia investiga ainda o envolvimento de integrantes de outras agremiações na confusão, entre elas a Vai-Vai, a Império de Casa Verde e a Camisa Verde e Branco, segundo o delegado.
Na própria terça, uma reunião extraordinária entre a Liga das Escolas de Samba e os diretores das agremiações foi montada para decidir o desfecho do Carnaval 2012, que deixou o título com a Mocidade Alegre.
A apuração do desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo acabou interrompido perto do fim, quando Tiago Ciro Tadeu Faria (em destaque no canto superior esquerdo), integrante da Império de Casa Verde invadiu a área dos jurados e rasgou os envelopes de votação. A ação culminou em uma enorme confusão, incêncio em um carro alegórico e cenas de vandalismo. Veja as fotos:
Foto: Mauro Bezerra/Paulo Fisher
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Um integrante da Império de Casa Verde (em destaque) invadiu a área dos jurados e rasgou os envelopes, iniciando a confusão
Foto: Paulo Fisher
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Torcedores enfurecidos depredaram o palco dos jurados no Sambódromo de SP
Foto: Elisa Rodrigues
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Fora do Sambódromo, a confusão continuou
Foto: Paulo Fischer
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Multidão de torcedores se aglomera nos arredores do Sambódromo
Foto: Paulo Fischer
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Torcedores da Gaviões foram escoltados pela PM até a quadra da escola
Foto: Paulo Fischer
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A PM escoltou os torcedores da Gaviões até a quadra da escola
Foto: Paulo Fischer
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Na confusão, o carro da Pérola Negra acabou incendiado
Foto: Mauro Horita
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Altamente inflamável, o carro ficou completamente destruído em poucos minutos
Foto: Mauro Horita
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Os Bombeiros foram chamado para conter as chamas
Foto: Mauro Horita
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Torcedores ficaram preocupados com a possibilidade do incêndio se espalhar
Foto: Mauro Horita
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A PM entrou em ação para evitar um possível confronto entre os membros da Mancha Verde e da Gaviões da Fiel, que participaram do tumulto no Anhembi
Foto: Paulo Fisher
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Os envelopes de votação acabaram rasgatos e atirados durante a confusão
Foto: Marcos Bezerra
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Membros da Mancha Verde tiveram que ser contidos pela polícia militar
Foto: Paulo Fisher
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A confusão interrompeu a apuração
Foto: Marcos Bezerra
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Apenas os responsáveis pela perícia permaneceram na zona do anúncio da apuração após instalada a calmaria no Anhembi
Foto: Marcos Bezerra
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A perícia começou a trabalhar pouco tempo depois de amenizada a confusão
Foto: Elisa Rodrigues
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A Polícia foi chamada para prevenir uma nova invasão
Foto: Mauro Horita
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Os policiais montaram um bloqueio em frente aos carros alegóricos
Foto: Mauro Horita
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O bloqueio foi preventivo
Foto: Mauro Horita
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Policiais bloqueiam a entrada de curiosos onde os carros alegóricos estão estacionados
Foto: Mauro Horita
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Torcedores erguem as camisas em sinal de protesto
Foto: Mauro Horita
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Estabelecimentos próximos ao sambódromo acabaram servindo de refúgio para quem não participou da confusão
Foto: Paduardo
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A polícia aumentou o contingente para evitar depredações pelas ruas
Foto: Paduardo
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Membros da Gaviões acabaram seguidos pelos policiais responsáveis por segurar
Foto: Paduardo
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Os policiais conseguiram conter a raiva dos torcedores e evitar uma nova confusão pelas ruas da capital
Foto: Paduardo
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Paulo Sérgio Ferreira, presidente da Liga das Escolas de Samba de São Paulo, concede entrevista logo após o início da confusão
Foto: Elisa Rodrigues
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Um troféu acabou amassado durante a enorme confusão desta tarde
Foto: Elisa Rodrigues
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Os seguranças tentaram conter os invasores
Foto: Elisa Rodrigues
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Os vândalos usaram cadeiras para atacar os jurados
Foto: Elisa Rodrigues
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Um carro da Pérola Negra acabou incendiado durante os atos de vandalismo
Foto: Marcos Bezerra
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Os policiais agiram para evitar um confronto nas ruas da cidade
Foto: Paduardo
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Os torcedores da Gaviões da Fiel foram retirados do sambódromo
Foto: Paduardo
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A confusão prosseguiu pela Marginal Tietê, em São Paulo
Foto: Paduardo
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Torcedores foram vistos chutando os portões do Sambódromo próximos à área da dispersão
Foto: Paduardo
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A Polícia Militar continuou com dificuldades para controlar o público na saída do sambódromo
Foto: Paduardo
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Após o incêndio dos carros alegóricos, alguns membros da Gaviões da Fiel aplaudiram as chamas, fato repreendido pela diretoria da agremiação
Foto: Paduardo
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Após o fogo, integrantes da Pérola Negra atravessaram a rua e foram em direção ao local onde estão os carros da Gaviões da Fiel
Foto: Paduardo
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A polícia foi chamada para evitar o tumulto entre os integrantes da Gaviões da Fiel e da Pérola Negra e eles foram retirados antes de qualquer incidente
Foto: Paduardo
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Torcedores da Gaviões da Fiel foram até o local, conversaram com os integrantes da escola adversária, pediram desculpas e disseram que, se for confirmado que a responsabilidade pelo incêndio foi de seus membros, eles serão repreendidos
Foto: Paduardo
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Polícia Militar tenta conter o tumulto
Foto: Elisa Rodrigues
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A Polícia Militar tentou impedir a invasão
Foto: Elisa Rodrigues
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O fogo assustou o público e acelerou a saída do sambódromo
Foto: Mauro Horita
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A polícia chegou rápido e conseguiu evitar um incêndio ainda maior
Foto: Mauro Horita
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Um carro alegórico pegava fogo enquanto os integrantes deixavam o Anhembi
Foto: Mauro Horita
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Alguns integrantes invadiram o estacionamento dos carros alegóricos e causou um incêndio
Foto: Mauro Horita
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Integrantes das escolas de samba falam com suas torcidas
Foto: Elisa Rodrigues
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Dirigentes fazem sinais para suas torcidas
Foto: Elisa Rodrigues
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Dirigentes e a PM
Foto: Elisa Rodrigues
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A confusão foi generalizada
Foto: Elisa Rodrigues
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A PM precisou conter os ânimos no Sambódromo de São Paulo
Foto: Elisa Rodrigues
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Mesmo com a presença da PM, a tensão continuou
Foto: Elisa Rodrigues
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O palco foi completamente tomado
Foto: Elisa Rodrigues
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As notas restantes na mesa dos jurados foram jogadas para o alto e ficaram espalhadas pelo chão
Foto: Elisa Rodrigues
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As grades foram derrubadas e cadeiras chegaram a ser arremessadas
Foto: Elisa Rodrigues
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Palco dos jurados foi totalmente depredado
Foto: Elisa Rodrigues
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A confusão foi generalizada
Foto: Elisa Rodrigues
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Os dirigentes das escolas de samba ficaram revoltados com as notas
Foto: Marcos Bezerra
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A confusão continuou
Foto: Marcos Bezerra
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Alguns integrantes tentaram acalmar os ânimos
Foto: Marcos Bezerra
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Um dos troféus foi danificado na confusão
Foto: Marcos Bezerra
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Durante a confusão, carros alegóricos acabaram incendiados
Foto: Marcos Bezerra
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Uma enorme confusão interrompeu a apuração do Carnaval de São Paulo
Foto: Marcos Bezerra
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Os policiais presentes não conseguiram conter a ira dos representantes das escolas
Foto: Marcos Bezerra
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Alguns integrantes tentaram conter a confusão
Foto: Marcos Bezerra
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Os policiais não conseguiram conter o tumulto entre os representantes de escola
Foto: Marcos Bezerra
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Um integrante da Império de Casa Verde invadiu a área dos jurados e rasgou as notas, dando início ao tumulto
Foto: Paulo Fisher
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Policiais tentam reergeuer as divisórias derrubadas durante a confusão
Foto: Marcos Bezerra
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A confusão envolveu integrantes da maioria das escolas de samba de São Paulo
Foto: Marcos Bezerra
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A polícia teve trabalho para conseguir interromper o caos causado por causa da confusão
Foto: Marcos Bezerra
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Membros da Gaviões da Fiel também invadiram o local e protagonizaram cenas hostis
Foto: Marcos Bezerra
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Integrante da Camisa Verde e Branco atira os envelopes de votação durante a confusão
Foto: Marcos Bezerra
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Um troféu acabou amassado durante a confusão
Foto: Marcos Bezerra
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Integrantes de diversas escolas entraram na confusão que interrompeu a apuração
Foto: Marcos Bezerra
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O diretor de marketing da Pérola Negra, Jairo Roizen, criticou a atitude e disse: "aqui não é futebol, nada justifica torcedores de uma agremiação que se diz co-irmã colocarem fogo no nosso carro"
Foto: Marcos Bezerra
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Por volta as 18h15, a equipe da brigada de incêndio do sambódromo já havia controlado o fogo no Anhembi
Foto: Marcos Bezerra
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Os bombeiros tiveram dificuldades para conter o fogo
Foto: Marcos Bezerra
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Para o diretor de marketing da Pérola Negra, Jairo Roizen, integrantes da escola Gaviões da Fiel são os responsáveis pelo incêndio. "Foi o pessoal da Gaviões. Sou corintiano, tenho amigos na torcida, mas eu acho que eles têm que sair do Carnaval", afirmou
Foto: Marcos Bezerra
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O primeiro carro da Pérola foi completamente queimado e o último teve parte destruída
Foto: Marcos Bezerra
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Alguns membros da Gaviões da Fiel se exaltaram na confusão
Foto: Elisa Rodrigues
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Um carro da Pérola Negra pegou fogo logo após o início da confusão no sambódromo
Foto: Marcos Bezerra
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O fogo consumiu rapidamente o carro alegórico da Pérola Negra. "Vieram e botaram fogo no nosso carro. Jogaram fora o nosso sonho, o trabalho de um ano", disse o diretor de marketing da escola Jairo Roizen
Foto: Marcos Bezerra
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Alguns integrantes das escolas de samba protestaram contra as notas divulgadas nesta terça-feira
Foto: Marcos Bezerra
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Policial militar tenta conter os integrantes das escolas de samba que estavam no sambódromo
Foto: Elisa Rodrigues
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A confusão ocorreu próximo do fim da apuração
Foto: Elisa Rodrigues
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Os integrantes das escolas derrubaram as grades que os separavam da comissão que divulgava as notas
Foto: Elisa Rodrigues
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As fichas foram jogadas no chão e rasgadas pelos integrantes das escolas
Foto: Elisa Rodrigues
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Os integrantes discordavam das notas dadas pelos juízes
Foto: Elisa Rodrigues
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Um integrante da Rosas de Ouro é contido pelos colegas após a confusão no sambódromo
Foto: Elisa Rodrigues
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A polícia teve trabalho para conter os manifestantes
Foto: Marcos Bezerra
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Os seguranças não conseguiram impedir os integrantes das escolas de invadir o local
Foto: Marcos Bezerra
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Tiago Ciro Tadeu Faria, 29 anos, integrante da Império de Casa Verde, pulou a divisória e invadiu a área de apuração
Foto: Marcos Bezerra
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Após invadir a área de apuração, Tiago tomou o último envelope das mãos do leitor e o rasgou
Foto: Marcos Bezerra
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Após rasgar os envelopes, o integrante da Império de Casa Verde tentou se misturar com os demais membros das escolas, mas foi detido logo em seguida
Foto: Marcos Bezerra
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Solange Bichara, presidente da Mocidade Alegre, orando durante a apuração
Foto: Marcos Bezerra
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Integrante da Mancha Verde em momento de expectativa
Foto: Marcos Bezerra
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Vista da mesa de jurados durante a apuração dos Desfiles das Escolas de Samba de 2012, em São Paulo
Foto: Marcos Bezerra
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Torcida da Gaviões da Fiel durante a apuração
Foto: Marcos Bezerra
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Representantes de escolas de samba de São Paulo aguardam o anúncio das notas do jurados
Foto: Marcos Bezerra
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Torcedores da Gaviões da Fiel fazem vibração positiva antes de escola receber nota de jurado
Foto: Elisa Rodrigues
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A musa do samba do Carnaval paulista distribui sorrisos no Anhembi
Foto: Marcos Bezerra
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Torcida da Vai-Vai leva faixa de incentivo para a escola no Anhembi
Foto: Elisa Rodrigues
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Representantes da Mocidade Alegre seguram talismãs enquanto aguardam o anúncio das notas
Foto: Elisa Rodrigues
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Torcedores e jurados já se preparam para o início da apuração do Carnaval paulista no sambódromo do Anhembi
Foto: Marcos Bezerra
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O policiamento foi reforçado no Anhembi para conter possíveis tumultos entre torcidas
Foto: Elisa Rodrigues
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Torcida corintiana presente nas arquibancadas do Anhembi para torcer por resultado positivo da Gaviões da Fiel
Foto: Elisa Rodrigues
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Troféus do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo
Foto: Marcos Bezerra
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Além de definir a grande campeã do Carnaval 2012, a apuração indica as duas escolas com os piores desempenhos, rebaixadas para o Grupo de Acesso