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Fallout | Quais seriam os efeitos da radiação na vida real?

Os efeitos da radiação nos seres vivos geralmente são negativos, mas podem ser neutros e até mesmo benéficos em alguns casos — saiba o que pode acontecer

4 mai 2024 - 11h21
(atualizado em 5/5/2024 às 11h18)

Desde o primeiro uso das bombas atômicas pela humanidade, em 1945, no Japão, e do acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em 1985, os efeitos da radiação têm permeado o imaginário popular e se infiltrado na cultura pop através de diversas obras, de Godzilla ao mais recente Fallout, série da Amazon Prime baseada em videogames da década de 1990. Mas como seriam os reais efeitos da radiação? Nada como os necróticos do programa de TV.

Foto: Divulgação/Prime Video / Canaltech

Ao Science Focus, da BBC, o biólogo Timothy Mousseau contou mais sobre os efeitos da radioatividade nos seres vivos — ele passou 25 anos estudando ecossistemas de sítios afetados por desastres nucleares, como Chernobyl, Fukushima e locais de teste de bombas, como o estado americano do Novo México.

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Efeitos negativos da radiação

Há cães e javalis na Zona de Exclusão de Chernobyl, mas como? Simples: as mutações não foram maléficas o suficiente para lhes causar mal (Imagem: Jorge Franganillo/CC-BY-3.0)
Foto: Canaltech

Em geral, Mousseau afirma que ao menos uma coisa a cultura pop acerta: os efeitos radioativos geralmente são ruins, mesmo que a maioria seja invenção das obras de ficção. Em desastres nucleares e explosões, radiação ionizante é liberada, quebrando cadeias de DNA ou as alterando. Esses "erros de escrita" no código genético podem levar a mutações.

A maioria das mutações, de acordo com o biólogo, é inofensiva, já que afeta partes do genoma onde reescrever o DNA não produz efeito algum. Quando as mutações são grandes, no entanto, o organismo é afetado de forma tão severa que acaba morrendo rapidamente. Efeitos comuns vão de catarata precoce a câncer, por exemplo.

Uma dose média, no entanto, pode acabar não matando um organismo, mas ainda assim gera efeitos como dedos extras, protuberâncias anormais na pele ou assimetrias — onde um braço, uma pata ou uma asa crescem mais do que a outra.

Em sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945, houve vários casos de microcefalia, onde o embrião danificado nasce com uma cabeça menor do que o normal. Em 2011, havia ao menos 22 pacientes de "Microcefalia da Bomba A", segundo o Ministério da Saúde japonês.

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As bombas de Hiroshima e Nagasaki causaram microcefalia em muitos bebês da geração seguinte por conta dos efeitos da radiação (Imagem: Departamento de Energia dos Estados Unidos)
Foto: Canaltech

Nos animais, geralmente as mutações mudam sua coloração, deixando os pássaros mais cinzentos e menos coloridos, por exemplo — nada de criaturas brilhantes, como na ficção. As plantas também são afetadas, já que o solo recebe a maior parte da radiação.

Na zona de exclusão de Chernobyl, as árvores ficaram avermelhadas, ganhando o apelido de "Floresta Vermelha". Ela foi cortada pelo governo para evitar a liberação de radiação por eventuais incêndios florestais.

Há efeitos positivos da radiação?

Mousseau descarta a possibilidade de superpoderes pela exposição à radiação, como vida longa ou superforça, mas nem todos os efeitos são necessariamente ruins. Em experimentos, cientistas já bombardearam flores com radiação para induzir mutações — uma a cada 10.000 plantas acabava tendo uma vantagem, como uma produção maior ou resistência acentuada a insetos.

As rãs de Chernobyl ficaram mais escuras, pois apenas as resistentes à radiação por conta da melanina sobreviveram: é um efeito "positivo" (Imagem: Burraco et al., 2022/Evolutionary Applications)
Foto: Canaltech

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, órgão das Nações Unidas, cerca de 3.200 variedades de plantas mutadas já foram desenvolvidas, como trigo, bananas, feijões, pimentas, alho e sorgo. Um projeto da agência pretende desenvolver pés de café resistentes a fungos para melhorar o rendimento de plantações, por exemplo.

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Na natureza, isso também pode ocorrer: um estudo de 2022 descobriu que as rãs de Chernobyl são 44% mais escuras, em média, por conta da melanina. Esse pigmento natural protege da radiação ao produzir radicais livres que reduzem o estresse oxidativo da radiação ionizante.

Rãs mais claras morreram ao não suportar o desastre, deixando apenas as mais escuras, que evoluíram e sobreviveram nas décadas seguintes. Isso, no entanto, é a exceção — Mousseau lembra que a maioria das mutações benéficas já foram selecionadas pela natureza, então, quando a radiação surge, mutações novas geralmente serão negativas. A chance delas surgirem é muito baixa.

Fonte: Science Focus, Evolutionary Applications

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