Uma editora do tablóide alemão Die Aktuelle foi despedida após publicar uma entrevista falsa, gerada por inteligência artificial, com o campeão de Fórmula 1 Michael Schumacher, que sofreu uma lesão cerebral em um acidente de esqui em 2013.
Desde o incidente, o piloto não apareceu nem deu declarações públicas, por uma decisão familiar. A entrevista com Anne Hoffmann, que só deixava claro que se tratava de uma produção de IA no final do texto, seria a primeira aparição púbilca de Schumacher em anos.
Como foi feita?
A conversa publicada foi conduzida em formato de perguntas e respostas, como se Schumacher respondesse cada questão, dando inclusive detalhes sobre seu estado de saúde.
O aplicativo usado pela editora foi o Character.AI, que permite a criação de personagens e cria conversas com eles. No site oficial do programa, os desenvolvedores advertem que "tudo o que os personagens dizem é inventado. Não confie em tudo que eles dizem ou os leve muito a sério".
Na página inicial do Character.AI, modelos prontos para bate-papo com famosos como Elon Musk estão à disposição.
Mas feitos como esse podem ser alcançados até mesmo em programas populares e amplamente disseminados, como o ChatGPT.
O bot pode receber, com um único comando de poucas linhas, a instrução de se apresentar como qualquer famoso e reproduzir uma entrevista. Como exemplo, Byte pediu para o ChatGPT encenar Lewis Hamilton, outro renomado piloto de Fórmula 1, em uma entrevista.
Modelos de linguagem como esses usam as informações disponíveis sobre pessoas em enormes bancos de dados e, com isso, podem tentar "adivinhar" o que uma pessoa falaria em uma possível entrevista.
Família Schumacher processará revista
A família de Michael Schumacher confirmou na quinta-feira (20) por meio de uma porta-voz que está planejando uma ação legal contra a revista alemã.
No final de 2021 foi lançado um documentário sobre o piloto pela Netflix. "O que é privado é privado, como ele sempre disse", declarou sua esposa, Corinna Schumacher, no filme. "Michael sempre nos protegeu e agora protegemos Michael", acrescentou.
Seu filho, Mick, de 24 anos, também na Fórmula 1, é atualmente piloto reserva da Mercedes, equipe onde o pai encerrou a carreira em outubro de 2012.
