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Inteligência Artificial: o que é, como funciona e exemplos

Entenda o conceito de Inteligência Artificial e suas aplicações em diferentes áreas. Veja também impactos positivos e negativos no futuro

13 mar 2023 - 11h18
(atualizado às 11h19)
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Inteligência artificial pressupõe uma "inteligência" protagonizada por máquinas
Inteligência artificial pressupõe uma "inteligência" protagonizada por máquinas
Foto: rawpixel.com / Freepink

A Inteligência Artificial (IA) é um conceito da tecnologia moderna que pressupõe uma "inteligência" protagonizada por máquinas — aqui, podemos incluir computadores, celulares, tablets, plataformas de internet, sistemas industriais e até pequenos objetos eletrônicos.

Na prática, a Inteligência Artificial é um conjunto complexo de programações que permite à máquina receber o mínimo de informações e instruções de humanos. Assim, a tendência é que ela opere "sozinha" o máximo possível.

Ela vem sendo importante para a tecnologia porque está transformando a sociedade em diversos campos. No uso pessoal, assistentes de voz dos celulares e alto-falantes inteligentes são um tipo já consolidado de Inteligência Artificial. Mas o conceito está cada vez mais espalhado: na geração automática de textos e imagens, nos carros autônomos já lançados e em desenvolvimento, nas redes sociais, na internet das coisas e nos games.

Apesar da excitação mundial, ainda há muita discussão sobre os impactos negativos da IA se aplicada por pessoas, empresas e governos com objetivos escusos.

O que é Inteligência Artificial?

A Inteligência Artificial é um termo amplo para vários outros conceitos da computação que, operando sozinhos ou em conjunto, transmita a noção de que está "pensando" de forma próxima à de uma inteligência humana. 

O cérebro humano é capaz de raciocinar, aprender, armazenar dados e interpretá-los de acordo com o contexto e a linguagem usada. Da mesma forma, a IA tenta fazer o mesmo, de acordo com sua programação e propósitos.

Uma IA pode ter alguns ou todos esses atributos:

  • Raciocínio e capacidade de resolver problemas;
  • Representação do conhecimento;
  • Aprendizagem;
  • Processamento de linguagem natural;
  • Percepção para deduzir o mundo ao redor;
  • Inteligência social.

História da Inteligência Artificial

A Inteligência Artificial surgiu primeiro na imaginação de artistas. Autores como Mary Shelley no clássico livro de terror "Frankenstein" (1818) ou o checho Karel Čapek na peça "R.U.R" (1920) exploravam o conceito de seres artificiais com algum grau de inteligência ou automação. Ou seja, o conceito de IA já na época flertava um pouco com o de robôs.

Alguns dos primeiros cientistas que levantaram a ideia para o mundo real foram Alan Turing, matemático britânico considerado por muitos o pai da computação; e o colega de área estadunidense Alonzo Church.

A tese de Church–Turing sugeria que uma máquina, ao lidar com versões elétricas dos símbolos "0" e "1" poderia simular qualquer processo de raciocínio formal. Tais símbolos seriam os bits que usamos em computadores hoje, que significam um impulso elétrico e a ausência dele, respectivamente. Em resumo, toda função efetivamente calculável é uma função computável; logo, passível de ser realizado por máquinas.

Mas Turing foi além nesse pensamento em 1950, quando publicou seu clássico ensaio "Computing Machinery and Intelligence" (Computing Machinery and Intelligence), considerado por muitos o marco zero da inteligência artificial.

O texto do matemático sugere um "Jogo da Imitação". Na teoria, seria assim:

  • Envolve três jogadores. O jogador A é um homem, o B é uma mulher e o C, que desempenha o papel de interrogador) pode ser de ambos os sexos;
  • O jogador C é incapaz de ver A ou B e pode se comunicar com eles apenas por meio de mensagens escritas ou qualquer outra forma que não forneça detalhes sobre seu gênero;
  • O jogador C faz perguntas para A e B, para saber qual dos dois é o homem e qual é a mulher. O papel de A é enganar o interrogador para que tome a decisão errada, e o de B, ajudá-lo a tomar a decisão certa.

Ok, mas o que isso tem a ver com inteligência artificial? No mesmo artigo, Turing propõe que este jogo seja jogado por uma máquina hipotética. Assim, os três participantes seriam um computador em teste, um humano e um juiz também humano, que por sua vez tem que conversar com os dois digitando a mensagem em um terminal.

Desta vez, tanto o computador quanto o humano tentam convencer o juiz de que eles são o humano. Se ele não conseguir descobrir quem é quem, então o computador ganhou o jogo. Nascia aí a fagulha para que cientistas das gerações seguintes corressem atrás deste aparelho e fossem submetidos ao "teste de Turing", como ficou conhecida essa habilidade de simular o comportamento de um humano com perfeição.

Este modelo, segundo Turing, trazia até mesmo questões filosóficas sobre o que é uma máquina pensante. Dizia ele no texto: "Proponho-me a considerar a questão 'As máquinas podem pensar?"  em vez disso, ele substitui a pergunta por uma nova: "As máquinas podem fazer o que nós (como entidades pensantes) podemos fazer?" Ele argumentava que a nova pergunta traçava "uma linha bastante nítida entre as capacidades físicas e intelectuais de um homem". 

Poucos anos depois, em 1956, os cientistas da computação John McCarthy e Nathaniel Rochester, além do cientista cognitivo Marvin Minksy e o matemático Claude Shannon, propuseram à faculdade de Darmouth (EUA) um projeto pioneiro.

Veja o que diziam: "Propomos que um estudo de dois meses, composto por dez homens, sobre Inteligência Artificial seja desenvolvido durante o verão de 1956 na Faculdade de Dartmouth, em Hannover, Nova Hampshire." Foi aí que o termo provavelmente foi cunhado.

Aliás, McCarthy concordava com Turing e não achava correto dizer que as IAs poderiam "pensar" como humanos, e sim "agir" como eles. "A inteligência artificial não é, por definição, simulação da inteligência humana", definiu.

Pouco tempo depois, duas linguagens de programação foram criadas para trabalhar especificamente com isso: a LISP, criada por McCarthy; e a Prolog, da autoria dos cientistas da computação Alain Colmerauer e Phillippe Roussel.

Outro avanço da época foi o Perceptron, um tipo de rede neural artificial testado em 1958 pelo psicólogo Frank Rosenblatt. O teste foi realizado no Laboratório Aeronáutico de Cornell e, para alguns, marca o início do "aprendizado profundo" (deep learning, em inglês), uma das subdivisões da Inteligência Artificial.

Outros trabalhos do tipo e que são considerados como as primeiras IAs foram Eliza, lancada em 1966 como o primeiro chatbot a imitar a linguagem natural dos humanos; e o Deep Blue da IBM, o primeiro computador que derrotou uma pessoa de carne e osso, o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov.

Ah, e claro qua a ficção científica continuou fascinada por isso nesse meio tempo. Nas décadas seguintes, a Maria do filme "Metropolis", os droids C-3PO e R2-D2 da saga "Star Wars" e os replicantes de "Blade Runner" são bons exemplos de inteligências artificiais tão perfeitas que agem como humanos.

Inteligência Artificial é aplicada em diferentes áreas hoje, como saúde, trânsito, educação, comunicações e artes
Inteligência Artificial é aplicada em diferentes áreas hoje, como saúde, trânsito, educação, comunicações e artes
Foto: Tara Winstead / Pexels

Como a Inteligência Artificial funciona?

A Inteligência Artificial é aplicada em diferentes áreas hoje, como saúde, trânsito, educação, comunicações, artes e muitas outras. Normalmente ela é programada com muitos algoritmos que conseguem realizar tarefas em série, em função dos dados que recebe e envia para humanos.

Algumas das principais técnicas das IAs atuais são:

Aprendizado de máquina: ocorre quando uma máquina precisa de informações constantes para aprender com isso, na base da tentativa e erro. Na prática, pode ficar tão "inteligente" que pode superar os humanos nas mesmas tarefas a longo prazo.

Aprendizado profundo: é um aprimoramento do meio anterior. Ocorre quando uma máquina aprende as tarefas desejadas sem muita intervenção humana, por meio de suas próprias experiências.

Processamento de linguagem natural: permite que as máquinas leiam e compreendam a linguagem humana, como uma criança que gradativamente aprende todas as nuances da nossa comunicação.

Visão computacional: capacidade de analisar a entrada de dados visuais, como fotos e diagramas, de preferência em grandes volumes.

Aplicações da Inteligência Artificial

As IAs modernas têm aprendido e executado tarefas complexas, como por exemplo ouvir nossa voz, interepretar o que queremos e nos trazer uma informação ou conteúdo.

Ou vasculhar um enorme banco de dados de raios-X para saber sinais de que o exame do paciente em questão demonstre que ele tem ou terá alguma doença. Ou treinar carros para que eles se dirijam sozinhos.

Há ainda as plataforma de geração de textos e imagens, que foram alimentados com um gigantesco banco de dados de conteúdos humanos para que possam criar sozinhas com base nesses modelos.

Inteligências Artificiais mais conhecidas

Aplicativo Lensa cria selfie a partir da inteligência artificial
Aplicativo Lensa cria selfie a partir da inteligência artificial
Foto: Divulgação

Já falamos aqui das assistentes de voz, que conseguem "conversar" conosco trazendo dúvidas de conhecimentos gerais, previsão de trânsito e tempo, tocar músicas específicas e outras atribuições. É o que ocorre com os assistentes de voz como Google Assistente, Alexa ou Siri.

Também citamos os carros autônomos, que em tese podem dirigir sozinhos ou com o mínimo de intervenção humana. Um exemplo disso são os da Waymo, subsidiária da Alphabet, dona do Google. Empresas como Uber e Didi também já testam seus próprios auotmóveis.

No ambiente corporativo, uma das mais Inteligências Artificiais usadas é a Watson, da IBM. A plataforma lançada em 2011 como um teste contra um especialista humano no game show Jeopardy é especializada em linguagem natural e tem sido usada em uma série de finalidades, como atendimento a clientes, análise de imagens, soluções de saúde e muitas outras.

Mas poucas IAs se tornaram tão festejadas nos últimos tempos quanto o ChatGPT. É uma plataforma de geração de texto capaz de muita coisa: escrever códigos de programação, ensaios complexos, decorar sua casa e até apresentar ideias inovadoras de marketing. Ele também consegue resolver questões de matemática e criar poemas. Há ainda IAs que fazem o mesmo com imagens, como Midjourney e Stable Diffusion.

Pontos positivos do uso da Inteligência Artificial

Deu para notar, a essa altura do texto, que IAs poderão nos levar a caminhos interessantes no futuro ou já no presente. O reconhecimento facial, que por trás tem algoritmos, já está nos ajudando a desbloquear celulares mais rápido ou agilizar a vistoria de imigração em aeroportos. Na saúde, podem detectar doenças e encontrar novos remédios.

No marketing, uma IA de texto ajuda o redator a ter novas ideias e evitar palavras repetidas, por exemplo. Também traz traduções mais precisas e ajudam bancos e lojas a prevenirem golpes.

Pontos negativos da Inteligência Artificial (IA)

Para se ter uma ideia, o ChatGPT conseguiu ser "aprovado" na prova da primeira fase da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o que mais uma vez provocou temores sobre as capacidades das IAs de superarem os humanos e provocarem desemprego em massa.

No mundo jurídico, por exemplo, a inteligência artificial consegue criar petições, redigir contratos e minutas, levando advogados e estudantes a se questionarem sobre como será o futuro do direito.

Outra polêmica constante é o debate sobre a atribuição da palavra “arte” àquilo que é feito por IAs de imagem.

A obra “Théâtre d'Opéra Spatial” (“Teatro de Ópera Espacial”) foi eleita em 2022 a primeira colocada no concurso artístico da Feira Estadual do Colorado (EUA), na categoria “artistas digitais emergentes”. Quem fez a inscrição na competição foi Jason M. Allen, mas o autor da obra não era humano, e sim a IA Midjourney.

Ele é um sistema que cria imagens a partir de frases. O algoritmo é treinado com um banco de dados de milhões de obras feitas por artistas reais, que acusam as IAs tanto de plágio quanto de competição injusta.

Essa discussão já é antiga e se trata, basicamente, do conceito de arte: o que ela é, afinal? Ela depende necessariamente da habilidade e da sensibilidade humanas? E humanos também não se inspiram em outras obras, como estão fazendo as máquinas?

No estagio atual, a IA também pode errar. A própria OpenAI, criadora do ChatGPT, diz que ele pode dar respostas incorretas, pois todo o seu conhecimento vem da internet como um todo. E, ao contrário do Google, ele não informa suas fontes.

Pessoas também podem usar IAs para o mal. A solução de inteligência artificial Beta, da ElevenLabs, permite a criação de áudios personalizados a partir de amostras de voz de uma pessoa. Mas com isso, o uso da tecnologia foi desde vozes clonadas com comentários impróprios, com tons machistas ou homofóbicos, até tentativas de enganar pessoas se passando por celebridades.

Por fim, outra polêmica é o quanto devemos confiar às IAs decisões importantes de nossas vidas. A IA é programada para evoluir e aprender a partir das interações reais. Então se for alimentada com informações enviesdas, a ferramenta invariavelmente será “contaminada” e tomará decisões ruins, como acusar pessoas negras de crimes.

Fonte: Redação Byte
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