Milhares de meteoritos estão ameaçados pelas mudanças climáticas. Estes pedacinhos de rochas espaciais estão mergulhados no gelo da Antártida, mas um novo estudo de pesquisadores da Suíça e da Bélgica alerta que, a cada 0,1 ºC de aumento na temperatura do ar em todo o mundo, cerca de nove mil meteoritos afundam no gelo. Aliás, eles suspeitam que 5 mil meteoritos já estão afundando todos os anos.
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Com uma inteligência artificial, dados de satélites e modelos climáticos, os pesquisadores calculam que até 2050, o derretimento do gelo na Antártida deve levar ao desaparecimento de cerca de 25% dos 300 mil a 800 mil meteoritos ali. No fim do século, o número deve subir para 75%.
O que acontece é que, como os meteoritos são escuros, eles se aquecem junto do gelo que os cerca. Conforme o calor é transferido do meteorito para o gelo, este é aquecido e acaba derretendo no local, fazendo com que as rochas espaciais ali afundem. É aí que está o problema: quando os meteoritos afundam a ponto de chegar aos lençóis congelados, não podem mais ser detectados. Portanto, é como se estivessem perdidos para a ciência.
O mais preocupante é que a Antártida foi bombardeada por meteoritos durante milhões de anos. Aproximadamente 1% do continente é coberto pelas chamadas áreas de gelo azul, que são consideradas os melhores lugares para procurar meteoritos: ali, existem rochas espaciais que podem ter passado milhares de anos no gelo, mas podem sair dele com a ação do vento e da luz solar.
No vídeo abaixo, você confere a descoberta de um grande meteorito em uma área de gelo azul:
Quase 50 mil meteoritos de tamanhos diversos já foram encontrados na Antártida — um deles, inclusive, contém partículas que indicam uma explosão cósmica incomum. Analisar estes objetos pode ajudar os pesquisadores a descobrir novas pistas sobre a origem e evolução do Sistema Solar, principalmente porque o gelo ajuda a conservá-los.
"Precisamos acelerar e intensificar os esforços para recuperar os meteoritos da Antártida. A perda de meteoritos da Antártida é muito parecida com a perda de dados que os cientistas obtêm de núcleos de gelo coletados de geleiras que desaparecem — uma vez que eles desaparecem, o mesmo acontece com alguns dos segredos do universo", alertou Harry Zekollari. coautor do estudo.
O artigo que descreve as descobertas foi publicado na revista Nature Climate Change.
Fonte: Nature Climate Change; Via: ETZ
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