Peixe-leão é encontrado no mar da Bahia; espécie é venenosa e invasora

Especialistas receiam que peixe pode desequilibrar a cadeia alimentar e a vida marinha na região

22 jul 2025 - 14h49
(atualizado às 18h05)
Resumo
Peixe-leão, espécie venenosa e invasora encontrada no mar da Bahia, preocupa especialistas devido ao rápido crescimento populacional e ao risco de desequilíbrio nos ecossistemas marinhos locais.
Peixe-leão é visto em Maraú, na Bahia
Peixe-leão é visto em Maraú, na Bahia
Foto: Instagram/@barragrande24h / Reprodução

Um peixe-leão foi registrado pelo pescador Clayton Menezes neste sábado, 19, no atracadouro do Taipu de Dentro, um estuário — encontro entre rio e mar — da Baía de Camumu, na cidade de Maraú, na Bahia, segundo a organização Mergulho Consciente, que trabalha na região.

O peixe venenoso é considerado um invasor naquele ambiente, já que é uma espécie nativa da região do Indo-Pacífico. Os especialistas da organização alertam que, por estar tão longe de casa, não possuem predadores nos mares brasileiros - ou seja, apresentam um risco para a vida marinha daqui.

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"É uma ameaça silenciosa aos nossos ecossistemas marinhos e a todos nós que vivemos do mar", diz a organização em uma publicação.

A Bióloga Marinha idealizadora do Mergulho Consciente, Stella Furlan, conversou com o Terra e afirmou que a existência dele na vida marinha baiana é de um risco incalculável.

"Se ele se instalar, todos nós iremos perder. Animais, pescadores, mergulhadores, moradores e todos que dependem do mar de alguma forma", contou.

O peixe-leão possui 18 espinhos venenosos que, em contato com o corpo humano, podem causar náuseas, dores intensas e até mesmo convulsões.

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De acordo com os especialistas, uma fêmea da espécie pode colocar até 30 mil ovos por gestação. Esses ovos, por sua vez, eclodem em apenas 26 dias. Ou seja, esse animal se reproduz de forma consideravelmente rápida e em grandes quantidades.

Em um dia normal, um peixe-leão come até 20 peixes a cada 30 minutos podendo ser, inclusive, presas de até 70% do seu tamanho — eles normalmente têm 50 centímetros.

Segundo Stella, que também é Supervisora de Meio Ambiente pela prefeitura de Maraú, está sendo realizada uma força-tarefa de contenção, com apoio de pesquisadores da Bahia, liderados pelo professor Cláudio Sampaio, do Laboratório de Ictiologia e Conservação (LIC) da Universidade Federal de Alagoas.

Ela explica que a principal hipótese que alimenta a chegada desses animais ao Brasil é o transporte por dentro do lastro de navios comerciais.

"Estudos relatam que a principal forma de dispersão deles é pelos lastros. Eles preenchem o compartimento do navio lá onde eles estão. Ao chegar aqui as embarcações esvaziam e depositam essas vidas animais no nosso mar", conta.

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A bióloga marinha destaca ainda a capacidade de adaptação do peixe-leão.

"Ele parece se adaptar muito bem em vários locais. Vimos na Bahia, já vimos ele em Fernando de Noronha, que tem um mar mais caribenho, e agora em um estuário", alerta Stella.

A Prefeitura da cidade de Maraú criou um guia de comportamento em caso de avistamentos ou de captura do animal.

Ao avistar um peixe-leão:

  • Capture e NÃO devolva ao mar
  • Use proteção ao manusear
  • Em caso de acidente, lave com água quente e procure atendimento médico
  • Se possível, informe ao INEMA: 0800 071 1400
Fonte: Redação Terra
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