Entre outubro e dezembro, milhões de caranguejos-vermelhos migram da floresta para desovar no Oceano Índico, na Ilha Christmas, em um fenômeno guiado pela Lua, com apoio de barreiras, guardas e voluntários para proteção.
Anualmente, entre outubro e dezembro, a Ilha Christmas, território australiano no Oceano Índico, é palco da maior migração de caranguejos do planeta. Entre 50 milhões e 100 milhões de caranguejos-vermelhos (Gecarcoidea natalis) deixam suas tocas nas florestas locais para desovar no mar.
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Segundo um porta-voz do Departamento de Parques Nacionais de Queensland, o fenômeno em questão está intimamente conectado com a fase lunar de Quarto Minguante. “Os caranguejos carregados de ovos saem das tocas deles e se aglomeram na costa,ocupando áreas sombreadas acima da linha d’água”, detalhou o representante, em entrevista ao Yahoo News Austrália.
“Quando a maré alta começa a baixar antes do amanhecer, os caranguejos entram no mar e liberam seus ovos, antes de retornarem à floresta.”
No entanto, a jornada é repleta de desafios para os crustáceos. Por isso, nos últimos anos, diversas medidas foram implementadas para garantir a segurança dos animais. “As interações com veículos são o fator de maior impacto na migração dos caranguejos, especialmente no início da manhã e no fim da tarde, quando ocorre a maior parte da movimentação”, explicou o porta-voz.
A operação conta com uma rede de guardas-florestais que atua em medidas de controle de tráfego, como barreiras contra os crustáceos, limpeza de passagens subterrâneas e fechamento de estradas — além de voluntários que “usam ancinhos de jardim para ajudar a mover os caranguejos para fora do caminho”, acrescentou.
A desova leva aproximadamente seis noites para ser concluída. Finalizada a etapa, os caranguejos-vermelhos encaram nova jornada de volta ao interior da ilha, uma viagem que costuma durar cerca de nove dias.
Quanto aos filhotes, o representante do parque informou que “na maioria dos anos, a taxa de sobrevivência dos filhotes é muito baixa. Mas, uma ou duas vezes por década, um grande número sobrevive o suficiente para manter a grande população”.