Script = https://s1.trrsf.com/update-1744920311/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Enquanto prefeitura revoga práticas ancestrais, benzedeiras cariocas ganham site e ebook

Conhecimentos de matrizes africanas seriam tratamentos complementares do SUS. Em seis dias, foram aprovados e revogados

11 abr 2025 - 04h59
Compartilhar
Exibir comentários
Resumo
Embora tenham sido aceitos e, logo em seguida, suspensos no Rio de Janeiro, conhecimento das rezadeiras continuam sendo um dos pilares da memória e da cultura popular. Mobilizam plantas, cristais, pedras, além da força da palavra e do canto.
Mãe Edeulzuíta, 90 anos. Rezas, cantos e simpatias contra espinhela caída, quebranto, febre, erisipela e outros males.
Mãe Edeulzuíta, 90 anos. Rezas, cantos e simpatias contra espinhela caída, quebranto, febre, erisipela e outros males.
Foto: Mazé Mixo

Enquanto a prefeitura do Rio de Janeiro reconhecia e, seis dias depois, revogava práticas de matrizes africanas no SUS, benzedeiras ganhavam site, ebook e vídeos registrando a tradição religiosa dos subúrbios cariocas.

O Rio de Janeiro tinha sido a primeira cidade a reconhecer banho de ervas, defumação, chás, escaldas pés, entre outros rituais, como promotores de saúde e cura complementar no Sistema Único de Saúde (SUS), conforme autoriza resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Penha usa ervas e desafia o cientificismo, o preconceito religioso e as decisões oficiais com encantamentos, bençãos e curas.
Penha usa ervas e desafia o cientificismo, o preconceito religioso e as decisões oficiais com encantamentos, bençãos e curas.
Foto: Mazé Mixo

Mas a tradição de benzimentos nos subúrbios cariocas nunca precisou de reconhecimento oficial. Espinhela caída, cobreiro, quebranto, febre, erisipela, entre outros males, sempre foram assunto para benzedeiras. Agora, elas ganham site, ebook e vídeos através do projeto Imaginários Cariocas.

“Nossa pesquisa teve como objetivo apresentar essas mulheres e revelar como elas percebem a saúde, a morte, a vida e a comunidade”, diz Taty Maria, pesquisadora e produtora do projeto. 

As experiências de três rezadeiras

Para Pri Abebé, 38 anos, da Penha, zona norte, “certeza de que esse é um caminho de memória que a gente precisa manter para não se perder. Porque é uma tecnologia ancestral. Mas a reza em si, a coragem é a vovó que me traz”, diz, referindo-se ao espirito feminino que a auxilia.

Pri Abebé, rezadeira e filósofa. Site, ebook e vídeos mantêm a tradição ativa em bairros do subúrbio carioca.
Pri Abebé, rezadeira e filósofa. Site, ebook e vídeos mantêm a tradição ativa em bairros do subúrbio carioca.
Foto: Mazé Mixo

“Minha mãe era rezadeira, ela curava muitas pessoas, entendeu, ela rezava espinhela virada, quebrante, tudo. Era boa rezadeira minha mãe, só que eu não herdei isso dela, não. Trabalho com ervas”, conta Penha, 57 anos, moradora de Xerém, em Duque de Caxias.

“Quando eu cheguei aqui no Rio, rezava muito. Muito olhado, quebrante, erisipela, espinhela caída de criança. Ainda rezo, entendeu? Pessoas adultas também estão com a espinhela caída, eu tiro a medida. Aí, se a espinhela está caída, eu rezo”, explica a ialorixá Edelzuíta, da Vila Valqueire, zona oeste – ela tem 90 anos, 81 de candomblé.

Fonte: Visão do Corre
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade