Favela vizinha à USP quer reabrir Circo Escola em SP: “Fui aluna, mãe e professora”
Comunidade se mobiliza pela votação via internet que pode garantir a reabertura do equipamento na zona oeste da capital
O Circo Escola São Remo fechou em 2020 atendendo quase 500 crianças e jovens em contraturno escolar. Tinha atividades de educação e cultura de manhã, tarde e noite, incluindo aulas para jovens e adultos.
A relação de Fúvia Mesquita com o Circo Escola da comunidade São Remo, fechado na pandemia, é representativa da importância do equipamento: quando criança, ela foi aluna no contraturno escolar; depois vieram suas duas filhas; então ela retornou para fazer cursos, como mãe; anos depois, atuou como professora.
A reabertura do Circo Escola depende da aprovação no Orçamento Cidadão, que está sendo votado até 5 de setembro, via internet. Moradores escolhem propostas com orçamento garantido.
Na São Remo, a comunidade organizou um dia de atividades mobilizadoras, em 30 de agosto. Querem que a favela vote em peso e garanta a aprovação da proposta que destina verba para reabertura do Circo Escola.
Ele fechou atendendo 500 pessoas. Funcionou por 30 ano para a população da favela São Remo e arreadores. A importância do equipamento pode ser medida pelo relato de Fúvia Mesquita, 36 anos, que passou cinco vezes pelo Circo Escola.
Quando foi sua primeira relação com o Circo Escola?
Na década de 1990, quando eu comecei a ir para a escola. No contraturno, eu frequentava os cursos do Circo. Fiz teatro, trapézio, cama elástica, bola, corda bamba, esporte e música. Sei brincar um pouquinho na flauta e no teclado, aprendi lá.
Podia fazer vários cursos?
Cada semestre a gente escolhia novas atividades, fazia uma, tomava lanche e fazia outra. E tinha o dia de apresentação no circo, tudo montado, com a lona linda, arquibancadas lotadas, toda a comunidade ia.
Qual foi o segundo momento de relação com o Circo Escola?
Em 2010, minha primeira filha começou a ficar no contraturno escolar. Ela vinha da escola e a perua deixava na porta do Circo Escola. Ela almoçava, fazia recreação e atividade de reforço. Enquanto isso, eu e o pai trabalhávamos.
Teve um terceiro momento de relação com o Circo Escola?
Sim, quando eu volto com 19 anos, grávida da minha segunda filha. Fui fazer curso de bordado, de pintura em tecidos. Tinha uma pegada de empreendedorismo para mulheres. A gente produzia e vendia. Eu estava grávida, desempregada, e fiquei durante a gestação.
Então veio o quarto momento.
Sim, no ano seguinte eu voltei para o cursinho pré-vestibular que era oferecido no Circo Escola. Era à noite, e também tinha educação de jovens e adultos.
E o que te fez voltar pela quinta vez?
Eu voltei como professora do cursinho, quando eu quero devolver o que eles me deram. Dei aula de Química, Biologia e de educação de jovens e adultos.
Serviço:
Votação Orçamento Cidadão até 5 de setembro AQUI
Evento grátis: O Circo é Nosso, com oficinas, apresentações, gastronomia
30 de agosto, sábado, das 10h às 17h
Endereço: Rua Aquianés, 13, em frente ao Circo Escola