PUBLICIDADE

Veja medidas para evitar contaminação pelo novo coronavírus

Lavar as mãos e cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar evitam propagação do vírus; Ministério da Saúde confirmou primeiro caso no Brasil

26 fev 2020 - 14h04
(atualizado em 17/3/2020 às 12h46)
Compartilhar
Exibir comentários

SÃO PAULO - Lavar as mãos e cobrir nariz e boca ao tossir e espirrar são medidas que ajudam a evitar a propagação do novo coronavírus, o COVID-19, que teve seu primeiro caso confirmado no País nesta quarta-feira, 26. Infectologistas ouvidos pelo Estado recomendaram ainda que a população não entre em pânico e que, em caso de doenças respiratórias, só busque atendimento médico se sintomas como febre, tosse e coriza persistirem.

Pessoa lavando as mãos para evitar contaminação por coronavírus.
Pessoa lavando as mãos para evitar contaminação por coronavírus.
Foto: Claudio Schwarz/Unsplash / Reprodução

"Não tem evidência de que tenha transmissão no Brasil de uma pessoa para a outra. Neste momento, é importante reforçar a necessidade de higienização das mãos, porque o vírus é transmitido pelo contato. O indivíduo que está tossindo ou espirrando vai contaminar superfícies ao usar o teclado, mouse, torneira. Todas as superfícies ficam contaminadas. O álcool ou a lavagem das mãos eliminam o vírus. As pessoas devem higienizar as mãos não só para se proteger do coronavírus, mas de outras infecções virais", explica Francisco Ivanildo Oliveira Júnior, gerente do Controle de Infecção Hospitalar do Sabará Hospital Infantil, que também é supervisor do ambulatório do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

Oliveira Júnior diz que a avaliação dos casos confirmados e artigos científicos apontaram que, para a maioria dos pacientes, a doença não vai evoluir para quadros graves.

"Cerca de 80% dos casos têm formas leves. São pessoas que podem ser tratadas sem necessidade de internação, como aconteceu com esse caso do primeiro paciente brasileiro. Esse caso consegue mostrar para a população dessa faceta da doença. A grande maioria das pessoas se recupera e tem quadros leves, que podem ser tratados em casa com o afastamento social para reduzir a possibilidade de contato com pessoas do trabalho e em situações sociais."

O restante corresponde a ocorrências graves, das quais 6% se referem aos casos muito graves - quando o paciente precisa ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Ele diz que, embora esse seja um aspecto positivo da doença, tendo em vista que esses pacientes não evoluem para formas graves, essa característica facilita a propagação da doença.

"O lado ruim é que as pessoas que são pouco sintomáticas, normalmente, não ficam em casa, elas circulam e são as pessoas que têm o maior risco de transmitir a doença e causar surtos familiares, que têm sido muito descritos na China, ou vão para o trabalho, fazem compras. Além disso, tem uma porcentagem que ainda não sabemos quanto é, de pacientes que não manifestam nenhum sintoma, mas podem transmitir a doença."

O infectologista diz ainda que pessoas que viajaram para os países que estão na lista de vigilância do Ministério da Saúde, mesmo que não apresentem sintomas, poderiam tentar reduzir eventos sociais após retornar ao Brasil. A lista engloba Austrália, China, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Camboja, Filipinas, Itália, Japão, Malásia, Vietnã, Cingapura, Tailândia, Alemanha, França, Irã e Emirados Árabes.

"Se a pessoa chegou da Itália ou de outras regiões, é importante que ela faça uma auto quarentena, que diminua a possibilidade de contatos sociais. Quem tem de usar a máscara? Quando a gente vê a população usando a máscara, como ocorre na cultura asiática, a maioria é de pessoas com sintomas respiratórios e que utilizam para reduzir a possibilidade de contágio. Quem tem de usar a máscara é a pessoa que está com sintomas e elimina o vírus. As pessoas devem se manter afastadas pelo menos um metro de quem está tossindo ou espirrando, que é a distância que as gotículas podem atingir."

O paciente brasileiro que teve o resultado positivo para a doença, cuja identidade não foi revelada, tem histórico de viagem pela Itália, na região da Lombardia, onde esteve entre 9 e 21 de fevereiro. Nesta quarta, a Itália registrou a 12ª morte pelo coronavírus e ao menos 374 pessoas no país estão infectadas.

Busca por atendimento médico

Coordenador do centro de infectologia do Hospital Sírio-Libanês e reitor da Faculdade de Medicina do ABC, o infectologista David Uip diz que as pessoas que apresentam sintomas leves de doenças respiratórias devem evitar sobrecarregar os hospitais.

"Se todo mundo que tossir ou espirrar for ao hospital, a gente vai ter um problema que não é possível de dar conta nem no Brasil nem no mundo. Quem estiver com sintomas leves, deve ficar em casa. Ao tossir ou espirrar, deve cobrir a boca e o nariz, de preferência, com lenço descartável. E devem intensificar a lavagem das mãos. As pessoas têm de ter cuidado, mas sem exagero, porque esse tipo de situação já ocorreu muitas vezes."

Uip também explicou quando, com base nos sintomas, as pessoas devem buscar auxílio médico. "Se tiver uma febre que perdura, que não some em 24 ou 48 horas ou desaparece e reaparece, e desconforto respiratório."

A infectologista Nancy Bellei, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, destaca que é importante que as instituições tenham um diálogo franco com a população e reforça que os hospitais devem receber os casos graves.

"É preciso ter seriedade na comunicação com a população. Tem de explicar o que é a doença, quais são os sinais de alerta, quando se deve ficar em casa. É preciso ter planos de contingência para estabelecer quanto tempo uma pessoa contaminada não deve ir trabalhar ou ir para a escola. Tudo tem de ficar claro desde o início. Evitar que a epidemia tome um vulto grande ou que a situação fique caótica depende muito de as pessoas entenderem: se estou doente e não preciso do hospital, não vou a lugares públicos para mitigar a epidemia e vamos reservar os hospitais para quem precisa." Leia a entrevista completa aqui.

Como evitar o coronavírus

De acordo com o Ministério da Saúde, medidas podem ser incorporadas no dia a dia para reduzir o risco de contaminação e transmissão do vírus.

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por, pelo menos, 20 segundos. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes
  • Ficar em casa quando estiver doente
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência

Veja também:

Coronavírus: o que é uma pandemia e por que o atual surto ainda não é uma:
Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade