Quem pode tomar a vacina contra a dengue do Instituto Butantan?
Butantan-DV estará disponível a partir do início de 2026
A proteção contra a dengue acaba de ganhar um reforço histórico no Brasil. A Anvisa assinou, nesta quarta-feira, 26, o Termo de Compromisso com o Instituto Butantan para a continuidade dos estudos e do monitoramento da Butantan-DV, a nova vacina tetravalente desenvolvida pelo instituto. A assinatura ocorre após a conclusão das avaliações técnicas da Agência, última etapa antes da concessão do registro oficial, um passo decisivo no combate a uma das doenças mais desafiadoras para a saúde pública brasileira.
Com tecnologia de vírus vivo atenuado, a mesma utilizada em diversas vacinas já consagradas no país, esse é o primeiro imunizante contra a dengue totalmente produzido por um laboratório nacional. Ele será aplicado em dose única e foi desenvolvido para oferecer proteção contra os quatro sorotipos do vírus.
Quem pode tomar a nova vacina?
A indicação aprovada pela Anvisa contempla pessoas de 12 a 59 anos. Esse intervalo poderá ser ampliado futuramente, caso novos estudos apresentados pelo Butantan confirmem a segurança e eficácia para outros grupos etários.
A autorização se baseia em uma análise que concluiu que o benefício-risco da Butantan-DV é favorável, especialmente diante do impacto da dengue no Brasil, que registra surtos recorrentes e dispõe de poucas opções terapêuticas.
O estudo que embasou a aprovação contou com mais de 16 mil participantes. As reações adversas identificadas foram, em sua maioria, leves a moderadas, como: dor de cabeça, erupções na pele (exantema) e fadiga.
Eventos graves foram raros e compatíveis com o que já é conhecido no uso de vacinas de vírus atenuado.
Como ocorre com todo novo medicamento, o imunizante passará por monitoramento contínuo nos próximos anos para confirmar a estabilidade dos dados de segurança e eficácia observados na pesquisa.
Qual é o nível de proteção?
A Butantan-DV apresentou eficácia global de 74,7% contra dengue sintomática entre pessoas de 12 a 59 anos. Em termos práticos, isso significa que a vacina evitou cerca de três em cada quatro casos da doença no grupo estudado.
O índice de proteção foi semelhante tanto em indivíduos que já tiveram dengue quanto naqueles que nunca foram infectados — um dado importante, já que outras vacinas no mundo apresentam restrições conforme a sorologia.
Os estudos também apontaram que as formas graves da dengue foram raras, com tendência de proteção que reduziu a necessidade de hospitalização.
O que acontece agora?
Com a assinatura do Termo de Compromisso, o Butantan deverá entregar dados adicionais e realizar monitoramento ativo à medida que a vacina comece a ser aplicada na população. O objetivo é acompanhar o desempenho do imunizante em larga escala e garantir que o perfil favorável observado nos estudos se mantenha.
O pedido de registro formal da Butantan-DV foi apresentado em fevereiro deste ano e recebeu análise prioritária desde o início, em razão da urgência sanitária. A Anvisa também reuniu especialistas externos em um painel técnico para ampliar a robustez da avaliação.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que a vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan, a Butantan-DV, estará disponível a partir do início de 2026.