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Postos de saúde da rede pública do País registram falta de vacina em algumas cidades

Ministério avisa que alguns municípios estão vacinando 'para além do público prioritário'

25 mar 2020 - 18h44
(atualizado em 6/4/2020 às 16h22)
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BELO HORIZONTE - Dois dias depois do início da campanha de imunização contra a gripe no Brasil, postos de saúde da rede pública do País registram falta de vacina nesta quarta-feira, 25. O Ministério da Saúde afirma que alguns municípios estão vacinando "para além do público prioritário". A primeira fase da campanha é voltada para idosos e trabalhadores do setor de saúde. A vacinação estava prevista para abril, mas, por causa da pandemia do coronavírus, foi antecipada e iniciada na última segunda-feira, 23. O objetivo é imunizar a população para a gripe comum e facilitar a triagem na rede de saúde de possíveis pacientes com coronavírus.

Postos de saúde das cidades de Belo Horizonte e Recife relataram falta de vacina nesta quarta-feira. Em Curitiba, o estoque acabou na terça-feira, e a campanha foi suspensa. A prefeitura de Manaus informou ter recebido "quantitativo reduzido" para atendimento à população nesta fase da campanha. O Rio de Janeiro registrou reclamações sobre falta de vacina pela cidade.

Na capital mineira, idosos deixaram de ser vacinados em um posto de saúde do bairro Serra, na região Centro-Sul da cidade. No local, por volta das 10h ainda não havia chegado o material para a imunização. O posto voltou a aplicar as doses por volta das 11h e, ao meio-dia, deixou novamente de atender à população.

"Não consegui ser vacinado. Moro aqui perto, mas, por causa do coronavírus, não posso ficar saindo a toda hora de casa para saber se estão vacinando. Vou passar a ligar e ver o que acontece", disse o taxista Antonio Eustáquio dos Santos, de 68 anos. A aposentada Sônia Ramos, de 67 anos, também não foi vacinada. "Tem que saber o que está acontecendo", afirmou.

A Prefeitura de Belo Horizonte informou que "com o aumento da procura da vacina, em algumas unidades de saúde e postos extras podem ocorrer faltas pontuais. Quando isso ocorre, a secretaria trabalha para fazer o reabastecimento da vacina o mais rápido possível". Ainda segundo o município "é importante esclarecer que, com a antecipação da campanha, o Ministério da Saúde está repassando doses de forma escalonada". No posto da Serra, funcionários comentavam depois do fim do estoque de doses. "Adianta ter campanha, se não te vacina?"

A Prefeitura do Rio de Janeiro, também por meio de nota, disse que ontem houve queixas pela manhã de falta de vacina na cidade, mas que a situação já foi normalizada. Um posto no Engenho de Dentro, no início da tarde de hoje, informou funcionamento normal para aplicação das doses. No Recife, no fim da manhã, a informação em um posto no bairro Casa Amarela era de que a vacina havia acabado e que não havia previsão para volta do atendimento.

A Secretaria de Estado de Saúde de Pernambuco afirmou que o governo federal enviou para a fase inicial da campanha 577 mil doses da vacina, o que equivale a 19% do necessário para todos os grupos prioritários. "Como nesta primeira etapa a vacinação é exclusiva para trabalhadores de saúde e idosos, o quantitativo representa 50% das doses para este grupo. Todo este quantitativo já foi distribuído para os municípios pernambucanos. Na última segunda (23), outros 5% (176 mil) foram entregues pelo MS e já estão sendo disponibilizados às cidades".

A secretaria frisou que este ano a campanha será feita em três fases e que as doses serão enviadas gradualmente pelo Ministério da Saúde. A pasta realçou ser importante que os municípios obedeçam "os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde sobre a população a ser imunizada em cada fase, para evitar desabastecimento".

Campanha paralisada

A vacinação da gripe em Curitiba foi suspensa a partir de hoje por falta de doses para a imunização, segundo informações da prefeitura da cidade. Nos dois dias de campanha, segundo o município, foram vacinados cerca de 130 mil pessoas, entre idosos e profissionais de saúde. O prefeito da cidade, Rafael Grega, conversou com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e solicitou reposição do estoque. A prefeitura diz que o ministro considerou a vacinação na cidade "um êxito".

A coordenadora do centro de vacinas da Secretaria Municipal de Saúde, Léia Regina da Silva, afirmou que a procura pela imunização foi atípica nesses primeiros dias, por causa da pandemia do coronavírus. "Tudo o que recebemos foi aplicado", disse. As informações são do site da prefeitura. No primeiro dia de campanha em Curitiba, 43 mil idosos foram vacinados. No ano passado, nos quatro primeiros dias da vacinação, o número de doses aplicadas, também na população idosa da cidade, foi de 4,2 mil.

Em Manaus, a vacinação contra a gripe, ao menos nesta primeira fase, está sendo realizada na residência dos idosos. "A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) de Manaus recebeu quantitativo reduzido, de acordo com o que já foi nacionalmente divulgado pelo Ministério da Saúde. Em razão disso, priorizou a vacinação de idosos por serem do grupo de maior vulnerabilidade. Até o momento, a vacinação segue sem intercorrências, obedecendo o sistema casa a casa determinado pelo prefeito Arthur Virgílio Neto", diz nota da prefeitura.

O Ministério da Saúde afirma que todos os estados estão abastecidos para iniciar a campanha contra a gripe. A meta, conforme a pasta, é vacinar, pelo menos, 90% de cada um dos grupos prioritários até o dia 22 de maio. O ministério diz ter comprado 75 milhões de doses da vacina e que, desse total, 16,5 milhões já foram despachadas aos estados. Até o final dessa primeira fase, afirma a pasta, outras 33 milhões de doses serão enviadas aos governos das unidades da federação.

Segundo a pasta "alguns municípios estão vacinando para além do público prioritário. Por isso, o Ministério da Saúde alerta sobre a importância de que estados e municípios sigam a dinâmica de vacinação, dividida por fases e públicos prioritários, estabelecida pelo Ministério da Saúde, para evitar o desabastecimento da vacina". A distribuição das vacinas aos municípios, conforme o ministério, fica a cargo dos estados.

Estadão
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