O que é trepanação, procedimento realizado às pressas no presidente Lula
Intervenção foi necessária devido a uma hemorragia intracraniana decorrente do acidente doméstico sofrido em outubro
Após sentir dores de cabeça e ser diagnosticado com hemorragia intracraniana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisou passar por uma trepanação na madrugada desta terça-feira, 10, no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. De acordo com a instituição, o chefe do Executivo está bem e segue internado na unidade de terapia intensiva (UTI).
A hemorragia intracraniana, conforme explica o neurologista Diogo Haddad, líder do Centro Especializado em Neurologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, refere-se a qualquer tipo de sangramento dentro do crânio. A condição ocorre porque, após lesões na cabeça, o sangue pode se acumular lentamente sob a membrana que cobre o cérebro, formando um coágulo. No caso de Lula, a hemorragia tem relação com o acidente doméstico sofrido pelo presidente em 19 de outubro.
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Como é a recuperação?
"A recuperação é muito rápida", diz Figueiredo. "Em geral, são anestesias breves. O procedimento dura muito pouco tempo e, dentre os procedimentos neurocirúrgicos que fazemos, é um dos mais simples", completa.
Depois do procedimento, o paciente é acompanhado por alguns dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Por volta do terceiro ou quarto dia de internação, ele pode receber alta hospitalar para continuar o acompanhamento de forma ambulatorial, explica Wuilker Knoner Campos, presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN).
A recuperação total, com reabilitação em casa, leva entre semanas e meses, com o paciente devendo retornar ao hospital uma vez por mês para realizar tomografia. O tempo depende do motivo da cirurgia e da saúde do paciente.
Fatores como idade, condições clínicas e uso de medicamentos podem afetar significativamente a recuperação, assim como problemas como hipertensão, diabetes e doenças que comprometem a coagulação, como hemofilia.
Pacientes que tomam anticoagulantes (como varfarina ou rivaroxabana) ou antiagregantes (como aspirina e clopidogrel) têm maior risco de retorno do sangramento e de precisar de uma nova intervenção. Pessoas com histórico de alcoolismo também apresentam maior risco de complicações e pior prognóstico.
Após o procedimento, os pacientes devem evitar atividades intensas e seguir as orientações médicas rigorosamente. Isso inclui tomar medicamentos prescritos, comparecer a consultas de acompanhamento e, com frequência, realizar sessões de fisioterapia ou terapia ocupacional.
Colaboraram Luciana Garbin e Victória Ribeiro