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O que é a síndrome de HELLP, complicação que causou parto prematuro de Lexa

Artista foi internada com pré-eclâmpsia, que provoca aumento de pressão arterial durante a gravidez; devido a complicações do quadro, ela passou por um parto prematuro e a bebê morreu três dias depois

11 fev 2025 - 11h33
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No dia 20 de janeiro, a cantora Lexa, de 29 anos, foi internada em São Paulo devido a um quadro de pré-eclâmpsia, condição em que há o aumento da pressão arterial em gestantes. A artista estava grávida de 6 meses de sua primeira filha. Nesta segunda-feira, 10, Lexa relatou que teve a síndrome de HELLP - uma complicação do quadro -, o que ocasionou um parto prematuro. A bebê, Sofia, morreu três dias após o nascimento.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os distúrbios hipertensivos da gravidez afetam cerca de 10% das gestantes globalmente. Entre eles, diz a entidade, a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia se destacam como principais causas de mortalidade materna e neonatal no mundo.

O que é pré-eclâmpsia e por que acontece?

A causa da pré-eclâmpsia ainda não é completamente compreendida, mas os pesquisadores sabem que há relação com alterações na formação dos vasos sanguíneos da placenta. A ginecologista e obstetra Lorenna Belladonna, do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), explica que os vasos ficam mais estreitos e isso diminui a capacidade do sangue fluir de maneira adequada, aumentando a pressão arterial.

"Quando o embrião está se fixando ao útero da mãe, as suas células formam a placenta. Mas, em alguns casos, isso não acontece corretamente e eles não conseguem se ajustar de forma profunda. Essa falta de adesão entre as células da placenta e o útero provoca reações inflamatórias", esclarece Eduardo Cordioli, diretor técnico de obstetrícia do Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista. A inflamação, por sua vez, pode afetar diversos órgãos, provocando lesões.

"A placenta libera substâncias no organismo da mãe, o que pode causar lesões no rim, fígado, cérebro e até mesmo no bebê, além de subir a pressão dela", completa Flavia Do Vale, coordenadora de obstetrícia perinatal da Rede D'Or.

Sintomas

Geralmente, a pré-eclâmpsia se instala a partir da 20ª semana de gestação e ocorre especialmente no 3° trimestre. A pressão superior a 140 mmHg por 90 mmHg é o principal indicador, mas não é só isso. Um aumento de 25% nos níveis de pressão pré-gravidez também é considerado um sinal.

Além disso, outros sinais importantes são:

  • Quantidade excessiva de proteína na urina (proteinúria) causada por disfunções renais
  • Inchaço nas mãos, rosto, pernas ou pés. Embora isso seja comum na gravidez, o inchaço repentino e significativo pode ser um sinal de pré-eclâmpsia
  • Disfunção cerebral, como dores de cabeça persistentes ou convulsões, em casos mais graves
  • Dor abdominal no lado direito superior, que pode indicar danos ao fígado
  • Alterações visuais como escotomas (perda temporária da visão)
  • Restrição de crescimento fetal
  • Náuseas intensas, especialmente se ocorrem após ter sido superado o período de enjoos do primeiro trimestre

Síndrome de HELLP e outras complicações

De acordo com Aline de Melo Feitosa, obstetra e coordenadora da Semi-Intensiva da Maternidade São Luiz Star, da Rede D'Or, a síndrome de HELLP é uma forma mais grave da pré-eclâmpsia. "Ela é caracterizada por um aumento pressórico que pode causar anemia microangiopática, consumo de plaquetas e alterações das enzimas hepáticas", descreve.

A médica informa que, na prática, a mãe corre um maior risco de sangramento no pós-parto, com chance de evoluir para histerectomia [a remoção parcial ou total do útero], além de insuficiência hepática e renal. Em alguns casos mais severos, há probabilidade de morte. "Para o bebê, os riscos estão associados ao descontrole pressórico, que pode ocasionar o descolamento prematuro da placenta e a necessidade de realizar o parto prematuro, aumentando, assim, o risco de síndrome do desconforto respiratório, enterocolite necrosante e sepse", comenta.

Soubhi Kahhale, coordenador científico de Obstetrícia da Maternidade São Luiz Star, e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), informa que, geralmente, a gestante com a síndrome de HELLP sente dores de cabeça, dor na boca do estômago e enxerga "estrelinhas". "Se sente esquisita e confusa", resume o médico. Aline cita ainda a possibilidade de a mulher ter sensação de náusea e episódios de vômito, sangramento nasal ou de mucosas e, em casos mais graves, disfunção hepática, que se manifesta como icterícia (ou seja, coloração amarelada da pele).

Se o quadro for identificado precocemente e os sintomas forem leves, Aline conta que há a possibilidade de um monitoramento cuidadoso e realização de intervenções para estabilizar a condição. "Mas, muitas vezes, a única solução definitiva é a realização do parto, especialmente em casos graves", esclarece.

Cabe destacar que a pré-eclâmpsia é capaz de afetar qualquer órgão. Assim, também podem acontecer complicações cardíacas, como o infarto, e edema pulmonar. A mãe ainda pode desenvolver eclâmpsia, um estágio mais grave e avançado da doença, que pode causar convulsão e acidente vascular cerebral (AVC).

Tratamento da pré-eclâmpsia

O tratamento depende da gravidade e da idade gestacional. Em casos leves, o acompanhamento rigoroso com controle da pressão e exames frequentes pode ser suficiente. Nos casos graves, pode ser necessário hospitalizar a paciente e administrar medicamentos anti-hipertensivos.

Eventualmente, segundo Fernanda Grossi, membro da Comissão de Gestação de Alto Risco da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), pode ser necessário induzir o parto, pois o único tratamento definitivo é o nascimento do bebê. Em casos em que o feto ainda é muito prematuro, a equipe médica deve tentar prolongar a gestação o máximo possível, o que geralmente exige internação e monitoramento contínuo.

Estadão
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