Hemoterapia no Brasil: avanços, investimentos e benefícios para a saúde
Em hospitais e serviços de saúde, a hemoterapia está presente em situações rotineiras e de emergência. Saiba como ela está no Brasil.
A hemoterapia é uma área da medicina que utiliza o sangue e seus componentes como forma de tratamento, prevenção e suporte a diversas doenças. Esse campo envolve desde a coleta de sangue de doadores saudáveis até o processamento, armazenamento e transfusão para pacientes que precisam de reposição sanguínea ou de componentes específicos, como plaquetas e plasma. No Brasil, a hemoterapia é regulada por normas rígidas, que buscam garantir segurança tanto para quem doa quanto para quem recebe o sangue.
Em hospitais e serviços de saúde, a hemoterapia está presente em situações rotineiras e de emergência. Assim, pacientes em cirurgias de grande porte, vítimas de acidentes, pessoas com câncer, anemias graves ou distúrbios de coagulação dependem, com frequência, de transfusões para manter a estabilidade clínica. Isso faz com que o tema esteja diretamente ligado a políticas públicas, campanhas de doação e investimentos do governo em infraestrutura e tecnologia.
O que é hemoterapia e como esse tratamento funciona na prática?
A palavra hemoterapia refere-se ao uso terapêutico do sangue total ou de seus componentes. Na prática, o processo começa com a seleção do doador, passa pelos testes sorológicos e imunológicos e segue até a administração do material ao paciente. Assim, cada etapa é controlada para reduzir riscos de transmissão de doenças e reações transfusionais. Ao longo dos anos, a hemoterapia deixou de ser apenas a transfusão de sangue total e passou a focar mais na transfusão de componentes específicos, o que torna o tratamento mais direcionado.
Entre os principais tipos de hemocomponentes usados na hemoterapia, destacam-se:
- Concentrado de hemácias: indicado para tratar anemias, grandes perdas de sangue e condições em que é necessária a melhora do transporte de oxigênio.
- Concentrado de plaquetas: aplicado em pacientes com plaquetopenia ou com risco de sangramentos, como em determinados tratamentos oncológicos.
- Plasma fresco congelado: utilizado em distúrbios de coagulação, doenças hepáticas e em algumas emergências com sangramento intenso.
- Crioprecipitado: rico em fatores de coagulação, é usado em casos específicos, como deficiência de fibrinogênio.
Além da transfusão convencional, a hemoterapia também envolve procedimentos como a aférese, em que apenas um componente do sangue é coletado (por exemplo, plaquetas ou plasma) e o restante é devolvido ao doador. Já no âmbito terapêutico, existe a aférese terapêutica, em que componentes do sangue do próprio paciente são removidos ou substituídos, auxiliando no tratamento de certas doenças autoimunes, neurológicas e hematológicas.
Quais são as principais indicações da hemoterapia na medicina moderna?
A terapia com sangue e derivados é indicada em diferentes cenários clínicos. Assim, em unidades de terapia intensiva, pronto-socorros e centros cirúrgicos, a hemoterapia é considerada um recurso fundamental para manter pacientes estáveis. Nas últimas décadas, o uso racional de sangue passou a ser prioridade, com protocolos mais criteriosos para definir quando uma transfusão é realmente necessária, reduzindo desperdícios e riscos.
Entre as situações mais comuns em que o tratamento hemoterápico é indicado, podem ser citadas:
- Cirurgias de médio e grande porte, especialmente as que envolvem risco alto de sangramento, como procedimentos cardíacos, ortopédicos complexos e transplantes.
- Doenças hematológicas, como leucemias, linfomas, anemias hemolíticas e aplasia de medula, que exigem reposição frequente de hemácias e plaquetas.
- Tratamentos oncológicos, em que quimioterapias e radioterapias podem reduzir a produção de células sanguíneas.
- Acidentes e traumas graves, com perda aguda de sangue e necessidade de reposição rápida para manter a pressão arterial e o transporte de oxigênio.
- Distúrbios da coagulação, congênitos ou adquiridos, que demandam fatores de coagulação presentes no plasma ou crioprecipitado.
A hemoterapia também está inserida em programas de atenção à saúde da mulher, em especial na obstetrícia. Afinal, complicações como hemorragia pós-parto podem exigir transfusão imediata. Por sua vez, em pediatria e neonatologia, transfusões podem ser essenciais para recém-nascidos prematuros ou com doenças específicas do sangue. Por isso, em todos esses cenários, a indicação é avaliada por equipes médicas com base em exames laboratoriais e no quadro clínico.
O governo brasileiro está investindo em hemoterapia atualmente?
A hemoterapia no Brasil é estruturada dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), que coordena a Política Nacional de Sangue e Hemoderivados. O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, define diretrizes, financia parte da rede de serviços e monitora a qualidade das coletas, processamentos e transfusões. Estados e municípios também participam do financiamento e da gestão dos hemocentros e unidades de coleta. Desde a década de 1990, o país adotou um modelo baseado em doação voluntária e não remunerada, mantido até 2025 como eixo central da política pública.
Nos últimos anos, o governo brasileiro tem direcionado recursos para:
- Modernização de hemocentros, com aquisição de equipamentos para testagem automatizada e armazenamento seguro de sangue e seus componentes.
- Ampliação da rede de coleta, por meio de unidades fixas e móveis, buscando alcançar regiões mais afastadas e populações com menor acesso a serviços de saúde.
- Treinamento de equipes em boas práticas de hemoterapia, segurança transfusional e vigilância de eventos adversos.
- Campanhas de doação de sangue, em parceria com estados, municípios e instituições privadas, para manter estoques regulares ao longo do ano.
Além disso, existe investimento em sistemas de informação para rastreabilidade do sangue, permitindo acompanhar desde a doação até a transfusão final. Em períodos de maior demanda, como grandes eventos, epidemias ou desastres, o governo costuma reforçar campanhas e ajustar a logística de distribuição entre os hemocentros. A prioridade é garantir que a hemoterapia esteja disponível em todo o território nacional, embora ainda haja desafios regionais relacionados à infraestrutura e à distribuição desigual de serviços.
Quais desafios e perspectivas envolvem a hemoterapia no Brasil?
Mesmo com avanços importantes, a hemoterapia no Brasil enfrenta alguns obstáculos, especialmente ligados à regularidade das doações e à manutenção de estoques estratégicos. Em determinadas épocas do ano, como férias e feriados prolongados, a queda na doação de sangue é frequente, enquanto a demanda hospitalar se mantém alta. Esse descompasso exige planejamento constante e campanhas de sensibilização contínuas.
Entre os principais desafios e perspectivas, podem ser destacados:
- Manutenção de doadores regulares: a fidelização de quem doa sangue é fundamental para manter estoques estáveis. A estratégia inclui campanhas educativas e melhoria na experiência do doador.
- Expansão de tecnologias: métodos mais avançados de testagem, como biologia molecular, vêm sendo incorporados gradualmente, elevando o custo, mas aumentando a segurança transfusional.
- Integração da rede pública e privada: a articulação entre hospitais públicos, filantrópicos e privados é essencial para otimizar o uso de hemocomponentes.
- Produção de hemoderivados industrializados: o país continua buscando fortalecer a capacidade interna de processamento de plasma para produção de medicamentos derivados, reduzindo a dependência de importações.
Nesse cenário, a hemoterapia segue como um componente central da assistência em saúde no Brasil. O investimento governamental, somado à participação constante de doadores e ao trabalho das equipes especializadas, é o que permite manter esse tipo de tratamento disponível para milhões de pacientes em 2025. A tendência é que, com o avanço de novas tecnologias e protocolos, o uso de sangue e derivados se torne cada vez mais seguro, racional e alinhado às necessidades reais da população.